Plataforma de petróleo da Bacia de Campos: o Brasil
é o 15º maior produtor de petróleo do mundo |
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Com a regulamentação da Lei do Petróleo – 9478/97 – o Brasil iniciou
uma profunda reformulação no segmento. O dado mais expressivo é o
número de empresas que tem investido para descobrir petróleo nas bacias
brasileiras: 28 estrangeiras e oito brasileiras. Só com os resultados
obtidos na última rodada do Leilão de Blocos para Exploração, realizado
em junho, a Agência Nacional do Petróleo espera um investimento de
US$ 1 bilhão com a perfuração de 83 poços e 18 mil km de sísmica proprietária.
A entrada das primeiras empresas no setor teve início em 1998, quando
a Petrobras assinou algumas parcerias para explorar e produzir petróleo
em blocos concedidos pela Agência. Desde 1999, além da Petrobras outras
35 empresas acabaram arrematando 88 blocos nas quatro rodadas do leilão
realizado pela ANP – com uma arrecadação total de R$ 1.477.237.700.
Até agora, os campos leiloados pela ANP ainda não produzem nenhuma
gota de petróleo ou gás – algumas formações já foram detectadas, e
ainda passam por testes para verificar sua viabilidade econômica.
Mas a participação do setor no Produto Interno Bruto do país serve
como termômetro: até 1997, a indústria do petróleo era responsável
por 2,7% do PIB. Em 2000, essa participação chegou a 5,4% do PIB.
Pelos dados da Organização Nacional da Indústria do Petróleo – Onip,
até 2010 deverão ser investidos US$ 70 bilhões no setor de petróleo
no país. Segundo o estudo “Impacto Econômico da Expansão da Indústria
do Petróleo”, encomendado pela entidade à Universidade Federal do
Rio de Janeiro, para cada US$ 1 , outro US$ 1,18 é gerado na economia.
“Algumas companhias já perfuraram poços exploratórios, e parte dos
serviços foram prestados por empresas nacionais. A demanda maior por
produtos e serviços acontecerá no desenvolvimento da produção, dentro
de três a quatro anos”, conta o superintendente da Onip, Alberto Machado.
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Planta de Gás na região Nordeste do País: desenvolvimento
do mercado ainda é lento |
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Brasil é o décimo quinto produtor mundial
de petróleo
Com uma produção de 1,589 milhão de barris diários, o Brasil terminou
o ano 2001 na 15ª posição no ranking dos maiores produtores de petróleo
do mundo. Os dados estão no estudo “Panorama do Petróleo e Gás 2002”,
realizado pela italiana ENI.
A Arábia Saudita alcançou o primeiro lugar entre os produtores, com
uma produção de 8,5 milhões – 11,3% da produção mundial. Em segundo
lugar está os EUA, com 8,1 milhões de barris (10,8%).
Entre os países americanos, o Brasil ocupa a quinta posição, atrás
dos EUA, México (3,5 milhões), Venezuela (3,1 milhões) e Canadá (2,75
milhões). Em sexto lugar está a Argentina, com uma produção de 825
mil barris.
Pelos dados do relatório, o Brasil possui 8,4 bilhões de barris, em
reservas conhecidas – 16º lugar no ranking. Na relação entre reservas
e produção, a expectativa para o país chega aos 14 anos. A Arábia
Saudita possui 25,4% das reservas conhecidas – um total de 261,7 bilhões
de barris, seguida pelo Iraque – com 10,9% do total mundial, e Emirados
Árabes Unidos – com 9,5% das reservas.
O estudo ainda aponta o Brasil como o sétimo maior consumidor de petróleo,
com um total de 2,1 milhões de barris diários. O consumo per capita
do país foi de 4,5 barris de petróleo – próximos à média mundial,
que girou em torno de 4,64 barris per capita. Os EUA são os maiores
consumidores, com 19,9 milhões de barris, seguido pelo Japão, com
5,4 milhões.
Para o gás natural, a produção nacional, no ano passado, ficou em
8,56 bilhões de m³. As reservas brasileiras conhecidas são de 230
bilhões de m³. Em 2000, o consumo no Brasil foi de 9,4 bilhões de
m³ – 55 m³ per capita.
Deslanche no mercado de gás ainda é lento A fatia de 3% de participação
do gás natural na matriz energética brasileira ainda é modesta se
comparada com o petróleo – 36% – e hidreletricidade – 39%. Mas a expectativa
do governo é que o gás seja responsável por 10% da matriz em 2005.
O número é pequeno, sobretudo se comparado a países como Argentina
– onde o gás natural é responsável por 47% da matriz – ou EUA – com
24,1%. Mas é por ter reservas modestas, que o Brasil ainda não tem
um mercado amadurecido.
Talvez por esse motivo uma série de ajustes estão em andamento para
que vários projetos possam ser viabilizados. O grande salto setor
só aconteceu com a construção do Gasoduto Bolívia-Brasil, que viabilizou
a criação de um mercado para o gás natural no Brasil.
O desenvolvimento do setor é lento. Os altos preços ainda inibem o
consumo, principalmente para a geração de energia termelétrica. Em
maio, a Petrobras importou 8 milhões de m³ de gás natural da Bolívia,
devido a baixa atividade das usinas térmicas e a concorrência com
a BG. Pelo contrato assinado com o Governo Boliviano, a Petrobras
deveria estar importando hoje cerca de 18 milhões de m³ por dia. Mas
o mercado não se desenvolveu como se esperava.
A BG estava impossibilitada de trazer gás da Bolívia devido a divergências
com as operadoras do Gasoduto – TBG e GTB. Resolvido o problema, a
inglesa concorre com a Petrobras no fornecimento do combustível à
distribuidora Comgás, na qual detém o controle acionário.
No Brasil, o mercado ainda aguarda definições no segmento de geração
de energia termelétrica. As expectativas levam em conta que metade
do gás natural produzido no país e importado da Bolívia seja destinado
às usinas termelétricas. Um dos entraves é o próprio preço do insumo,
de cerca de US$ 3 por milhão de BTU.
A saída seria a criação de um mercado secundário, para sustentar a
sazonalidade da geração termelétrica em relação à geração hidrelétrica.
Mas nem isso está sendo alcançado, devido à falta de competitividade
do gás natural em relação ao GLP e aos óleos combustíveis. |
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