Edição 240 – Agosto de 2002 – Revista Petro & Química
Abertura estimula setor
Flávio Bosco
Plataforma de petróleo da Bacia de Campos: o Brasil é o 15º maior produtor de petróleo do mundo
Com a regulamentação da Lei do Petróleo – 9478/97 – o Brasil iniciou uma profunda reformulação no segmento. O dado mais expressivo é o número de empresas que tem investido para descobrir petróleo nas bacias brasileiras: 28 estrangeiras e oito brasileiras. Só com os resultados obtidos na última rodada do Leilão de Blocos para Exploração, realizado em junho, a Agência Nacional do Petróleo espera um investimento de US$ 1 bilhão com a perfuração de 83 poços e 18 mil km de sísmica proprietária.

A entrada das primeiras empresas no setor teve início em 1998, quando a Petrobras assinou algumas parcerias para explorar e produzir petróleo em blocos concedidos pela Agência. Desde 1999, além da Petrobras outras 35 empresas acabaram arrematando 88 blocos nas quatro rodadas do leilão realizado pela ANP – com uma arrecadação total de R$ 1.477.237.700.

Até agora, os campos leiloados pela ANP ainda não produzem nenhuma gota de petróleo ou gás – algumas formações já foram detectadas, e ainda passam por testes para verificar sua viabilidade econômica. Mas a participação do setor no Produto Interno Bruto do país serve como termômetro: até 1997, a indústria do petróleo era responsável por 2,7% do PIB. Em 2000, essa participação chegou a 5,4% do PIB.

Pelos dados da Organização Nacional da Indústria do Petróleo – Onip, até 2010 deverão ser investidos US$ 70 bilhões no setor de petróleo no país. Segundo o estudo “Impacto Econômico da Expansão da Indústria do Petróleo”, encomendado pela entidade à Universidade Federal do Rio de Janeiro, para cada US$ 1 , outro US$ 1,18 é gerado na economia. “Algumas companhias já perfuraram poços exploratórios, e parte dos serviços foram prestados por empresas nacionais. A demanda maior por produtos e serviços acontecerá no desenvolvimento da produção, dentro de três a quatro anos”, conta o superintendente da Onip, Alberto Machado.
Planta de Gás na região Nordeste do País: desenvolvimento do mercado ainda é lento
Brasil é o décimo quinto produtor mundial de petróleo

Com uma produção de 1,589 milhão de barris diários, o Brasil terminou o ano 2001 na 15ª posição no ranking dos maiores produtores de petróleo do mundo. Os dados estão no estudo “Panorama do Petróleo e Gás 2002”, realizado pela italiana ENI.

A Arábia Saudita alcançou o primeiro lugar entre os produtores, com uma produção de 8,5 milhões – 11,3% da produção mundial. Em segundo lugar está os EUA, com 8,1 milhões de barris (10,8%).

Entre os países americanos, o Brasil ocupa a quinta posição, atrás dos EUA, México (3,5 milhões), Venezuela (3,1 milhões) e Canadá (2,75 milhões). Em sexto lugar está a Argentina, com uma produção de 825 mil barris.

Pelos dados do relatório, o Brasil possui 8,4 bilhões de barris, em reservas conhecidas – 16º lugar no ranking. Na relação entre reservas e produção, a expectativa para o país chega aos 14 anos. A Arábia Saudita possui 25,4% das reservas conhecidas – um total de 261,7 bilhões de barris, seguida pelo Iraque – com 10,9% do total mundial, e Emirados Árabes Unidos – com 9,5% das reservas.

O estudo ainda aponta o Brasil como o sétimo maior consumidor de petróleo, com um total de 2,1 milhões de barris diários. O consumo per capita do país foi de 4,5 barris de petróleo – próximos à média mundial, que girou em torno de 4,64 barris per capita. Os EUA são os maiores consumidores, com 19,9 milhões de barris, seguido pelo Japão, com 5,4 milhões.

Para o gás natural, a produção nacional, no ano passado, ficou em 8,56 bilhões de m³. As reservas brasileiras conhecidas são de 230 bilhões de m³. Em 2000, o consumo no Brasil foi de 9,4 bilhões de m³ – 55 m³ per capita.

Deslanche no mercado de gás ainda é lento A fatia de 3% de participação do gás natural na matriz energética brasileira ainda é modesta se comparada com o petróleo – 36% – e hidreletricidade – 39%. Mas a expectativa do governo é que o gás seja responsável por 10% da matriz em 2005. O número é pequeno, sobretudo se comparado a países como Argentina – onde o gás natural é responsável por 47% da matriz – ou EUA – com 24,1%. Mas é por ter reservas modestas, que o Brasil ainda não tem um mercado amadurecido.

Talvez por esse motivo uma série de ajustes estão em andamento para que vários projetos possam ser viabilizados. O grande salto setor só aconteceu com a construção do Gasoduto Bolívia-Brasil, que viabilizou a criação de um mercado para o gás natural no Brasil.

O desenvolvimento do setor é lento. Os altos preços ainda inibem o consumo, principalmente para a geração de energia termelétrica. Em maio, a Petrobras importou 8 milhões de m³ de gás natural da Bolívia, devido a baixa atividade das usinas térmicas e a concorrência com a BG. Pelo contrato assinado com o Governo Boliviano, a Petrobras deveria estar importando hoje cerca de 18 milhões de m³ por dia. Mas o mercado não se desenvolveu como se esperava.

A BG estava impossibilitada de trazer gás da Bolívia devido a divergências com as operadoras do Gasoduto – TBG e GTB. Resolvido o problema, a inglesa concorre com a Petrobras no fornecimento do combustível à distribuidora Comgás, na qual detém o controle acionário.

No Brasil, o mercado ainda aguarda definições no segmento de geração de energia termelétrica. As expectativas levam em conta que metade do gás natural produzido no país e importado da Bolívia seja destinado às usinas termelétricas. Um dos entraves é o próprio preço do insumo, de cerca de US$ 3 por milhão de BTU.

A saída seria a criação de um mercado secundário, para sustentar a sazonalidade da geração termelétrica em relação à geração hidrelétrica. Mas nem isso está sendo alcançado, devido à falta de competitividade do gás natural em relação ao GLP e aos óleos combustíveis.
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