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Em 13 de agosto de 1977 era produzido o primeiro barril de petróleo
no campo de Enchova, Bacia de Campos. Passados 25 anos e 3,7 bilhões
de barris de petróleo produzidos, a província é responsável por mais
de 80% do petróleo produzido no país.
Hoje a dependência externa do país caiu de 80% para 20% de volume
importado. Graças à Bacia de Campos, o Brasil economiza diariamente
US$ 30 milhões – valor que teria que desembolsar caso importasse diariamente
1,2 milhão de barris.
Esses volumes de produção colocam a Bacia de Campos em patamares superiores
a vários países membros da Opep, como Qatar, Síria, Yemen ou Gabão.
“A Bacia de Campos foi o coroamento da estratégia de tornar a Petrobras
uma grande companhia de petróleo. A Petrobras seria outra companhia
se não fosse a Bacia de Campos”, avalia Armando Guedes Coelho, engenheiro
responsável pela área comercial da companhia na época.
36 campos produzem 1,26 milhão de barris de óleo e 18,4 milhões de
m³ de gás natural por dia. Os números impressionam: são 14 plataformas
fixas, 14 sistemas flutuantes de produção e nove FPSO’s, ligadas a
1.781 poços perfurados, 426 árvores de natal e 56 manifolds – sem
contar 32 sondas de perfuração e completação.
Desde o final da década de 1950, com a perfuração de um poço em Cabo
de São Tomé, a Petrobras vinha realizando atividades exploratórias
de reconhecimento na Bacia. A ida para a plataforma continental baseava-se
nos critérios de continuidade das bacias terrestres costeiras. Com
o resultado de levantamentos geofísicos – especialmente sísmica de
reflexão – foram iniciadas algumas perfurações. |
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Em 1974 a companhia descobriu óleo em quantidades comerciais no
campo de Garoupa. “O País devia chegar à auto-suficiência, mas a Petrobras
precisava tomar atitudes para aumentar as atividades em exploração
e produção. Com a criação da Braspetro e dos contratos de risco, a
companhia adquiria experiência internacional: os engenheiros que foram
deslocados para outros países, voltavam com outras alternativas em
mente. E a Bacia de Campos é uma demonstração desse fato”, observa
Armando Guedes Coelho.
Para marcar as bodas de prata, o presidente da Petrobras, Francisco
Gros inaugurou o monumento “Dos 25 ao Infinito”, instalado na Unidade
de Exploração e Produção em Macaé / RJ e lançou um carimbo comemorativo
dos Correios, que será usado nas correspondências postadas em Macaé,
Campos e Cabo Frio.
Desenvolvimento tecnológico
Nos anos seguintes, sucessivas descobertas deslocaram as atenções
– e os investimentos – para a Bacia de Campos. Mas a importância da
Bacia ultrapassa os números de produção: foi lá que a Petrobras começou
a desenvolver as tecnologias de produção de petróleo em águas profundas
que a levou à liderança mundial. “Mais do que a descoberta da Bacia
de Campos, nascia a tecnologia desenvolvida pela Petrobras, e conhecida
no mundo inteiro”, conta José Brito de Oliveira, engenheiro que trabalhou
na Bacia de Campos, à época do desenvolvimento da produção.
Com os dois choques do petróleo ocorridos na década de 1970, e o barril
custando US$ 30, o Brasil buscava alternativas de suprimento. Assim,
a Petrobras instalou pela primeira vez, um sistema de produção antecipada,
adaptando uma plataforma de perfuração semi-submersível e quadros
de bóias utilizados em terminais para a produção. Outro marco importante
foi a construção das primeiras plataformas fixas de produção, mobilizando
recursos de engenharia e tecnologias até então inéditas no país.
No final da década, a Bacia de Campos viu o início da produção nos
campos de Garoupa e Namorado, utilizando manifolds e árvores de natal
secas, encapsuladas em câmaras submarinas mantidas à pressão atmosférica.
O sistema Lockheed – como era conhecido – foi considerado superado
e definitivamente abandonado em 1985. “Era uma concepção tão futurística,
que até hoje não há um sistema como aquele”, conta Brito.
À mesma época, ocorreu a primeira completação submarina, em lâmina
d’água de 189 metros – recorde mundial em 1979. Também apareceram
os conceitos de monobóias e semi-submersíveis. |
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Em 1982 foi registrado outro recorde de completação submarina, desta
vez em lâmina d’água de 209 metros. No mesmo ano a Petrobras iniciou
a produção do campo de Bonito, com o primeiro manifold submarino molhado
conectado a uma plataforma flutuante. No ano seguinte, teve início
a compressão de gás no campo.
Em 1986, com a primeira versão do Programa de Capacitação Tecnológica
em Águas Profundas – Procap a Petrobras ultrapassou a barreira dos
1.000 metros de lâmina d’água na perfuração e testes de produção.
A década de 1990 é marcada pela entrada em operação das plataformas
semi-submersíveis para produção de petróleo em águas profundas. “A
Petrobras implantava sistemas semi-submersíveis como algo provisório,
que seria substituídas por plataformas fixas. Mas a idéia de plataformas
semi-submersíveis foi ideal para águas profundas, onde não poderiam
ser instaladas plataformas fixas”, explica Brito.
Como conseqüência do pioneirismo na implementação de inovações tecnológicas,
em 1992 a Petrobras recebeu o Distinguished Achievement Award, concedido
pela Offshore Conference Technology – prêmio que viria a receber,
pela segunda vez, no ano passado, também com o desenvolvimento tecnológico
para exploração e produção em águas profundas.
Mas nem toda história é bela: a Bacia de Campos foi protagonista dos
maiores acidentes ocorridos no país. Em 1984, 37 trabalhadores morreram
e outros 17 ficaram feridos na explosão de uma plataforma da Petrobras.
Em 1988 um incêndio destruiu a plataforma de Enchova. No ano passado,
a explosão que destruiu a P-36 deixou 11 mortos.
Hoje, a Petrobras obtém retorno em 42% dos 628 poços exploratórios
e 92% em 537 poços de desenvolvimento. Além da companhia, outras 14
empresas atuam na Bacia.
Planos para o futuro
Nos próximos quatro anos, a Petrobras espera aumentar o volume de
óleo produzido na Bacia de Campos, passando dos atuais 1,2 milhões
de barris diários para 1,6 milhões em 2006. O presidente da companhia
prometeu investir US$ 17,6 bilhões até 2005 na Bacia de Campos. Deste
total, cerca de US$ 8,3 bilhões serão gastos somente com a entrada
em operação de mais dez unidades de produção nos campos de Marlim,
Albacora, Roncador, Caratinga e Barracuda.
“A aventura da Petrobras na região petrolífera está longe de terminar.
A Bacia de Campos continua sendo a grande esperança brasileira e é,
antes de tudo, uma vitória da inteligência nacional”, Francisco Gros.
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