Desde que o petróleo foi apontado como fonte
de energia e combustível para transporte,
entre o final do século XIX e os primeiros
anos do século XX, gerações têm se fascinado com
sua capacidade de transformar economias. A história
está recheada de exemplos de empresas e nações que
se consolidaram impulsionadas pelo petróleo, e tudo o
que orbita ao seu redor é ditado no superlativo – das
cifras envolvidas para extraí-lo das entranhas da terra
aos montantes envoltos nas histórias de corrupção.
Curiosamente, não faltou quem prenunciasse seu ocaso
– o mais célebre de todos foi o geólogo Marion
King Hubbert, que previu o peak oil (quando a produção
de petróleo atingiria o auge e entraria em declínio)
entre 1965 e 1970. De todas as teorias, restou apenas a
certeza que o petróleo é um recurso finito.
Controvérsias à parte, o petróleo continua incentivando
o desenvolvimento econômico e tecnológico
mundo afora. No Brasil, sua força pode ser avistada
por todos os cantos: junto com o gás, responde por
quase metade da oferta de energia. Um levantamento
da Confederação Nacional da Indústria estima que o petróleo represente 11% do PIB industrial. Outro estudo,
do Instituto de Economia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, aponta que cada US$ 1 bilhão que
é investido em petróleo no país tem força para gerar
mais de 35 mil empregos. Os royalties e participações
especiais cobrados sobre a extração de um recurso mineral
reforçam em aproximadamente R$ 18 bilhões
por ano o caixa de governos federais, estaduais e municipais
– sendo que R$ 862 milhões patrocinam universidades
e institutos de pesquisa. “Os derivados de
petróleo estão presentes nos automóveis, nas casas e, inclusive, em alimentos. Desse modo, o setor possui
uma enorme influência em nossas vidas”, afirma a engenheira
química Patrícia Carneiro dos Santos.
A despeito de todas as incertezas acerca do seu futuro,
a indústria do petróleo mantém-se instigante para
um grupo de jovens como Patrícia, que acredita em
um longo horizonte para essa fonte de energia. “É natural
que a transição para uma nova matriz energética
aconteça, porém a atividade da indústria não vai deixar
de existir. O petróleo deixará de ser a fonte primária
de energia mundial e isso vai começar a acontecer
um tempo depois do início da produção em massa dos
carros elétricos”, reforça o tecnólogo em petróleo e
gás, Victor Couto Alves.
Patrícia e Victor representam uma geração que chegou
à idade adulta no auge da indústria do petróleo e
que teve a primeira oportunidade da carreira quando
ainda estava na sala de aula. Essa geração, que agora
está ocupando posições chaves nas empresas, entende
que as mudanças na mobilidade e a economia de baixo
carbono trarão mudanças profundas às indústrias. E
que isso pode representar oportunidades – afi nal, todo o
conhecimento necessário para extrair o petróleo das entranhas
da terra e transformá-lo em combustíveis pode
ser absorvido em inúmeras atividades. “A análise de
formações geológicas, bem como avaliação econômica
e desenvolvimento de sistemas de exploração e produção
são aplicáveis para o setor de mineração e extração
de água de lençóis freáticos, por exemplo. Num cenário
em que a água potável pode ser um bem escasso no futuro,
quem sabe se a extração de água subterrânea não
seja uma saída alternativa?”, explica o auditor Christiano
Lins Pereira.
Além de visão pragmática, eles também reconhecem
que a indústria do petróleo não sairá de cena tão cedo.
As renováveis são fontes intermitentes – sol e vento não
estão disponíveis o dia todo – e ainda precisam vencer
uma etapa crucial de reduzir os preços dos sistemas de
armazenamento de energia. “Apesar de a tecnologia
avançar cada vez mais no desenvolvimento de carros
elétricos, é necessário analisar, por exemplo, como será
a geração de energia que irá mover este automóvel, toda
a infraestrutura de abastecimento (substituir postos de
gasolina ou diesel por estações elétricas) para estes automóveis,
e até mesmo, qual a fonte de energia que as
indústrias que constroem estes automóveis utilizam”,
observa o economista Daniel Braune.
A mais recente edição de uma pesquisa elaborada
pela Seção Brasil da SPE com os Young Professionals aponta que 90% dos jovens avaliam como ruim ou péssimo
o cenário atual da indústria do petróleo no Brasil, em
relação a mercado de trabalho – 49% dos que responderam
à pesquisa não estão empregados. Ainda assim, mais
da metade deles indicaria esse segmento a um amigo. A
SPE ouviu 78 profi ssionais na faixa etária dos 20 a 30
anos. A maioria (85%) se formou ou está cursando engenharia
– 54% em instituições públicas. O dado que surpreende
é justamente a remuneração: da turma que está
empregada em operadoras ou em prestadoras de serviços,
62% ganha acima de R$ 7.200 por mês – geralmente eles
têm, pelo menos, cinco anos de experiência.
A propósito, a atração de jovens passou a fazer parte
da lista de prioridades da indústria global nos últimos
anos – para as petroleiras e prestadoras de serviço, despertar
o interesse em quem via o petróleo como combustível
do passado tornou-se um desafio.
Consumo reconfigurado
Não é exagero dizer que a história do Brasil contemporâneo
passa pela indústria do petróleo. A construção
das refi narias, nos anos 50 e 60, alçou a engenharia nacional
a outro patamar. Um pouco depois, quando a Petrobras
começou a extrair petróleo na Bacia de Campos, o
país passou a ser reconhecido internacionalmente por ter
escrito um novo capítulo no manual de produção em alto
mar. A Lei do Petróleo, que tirou da Petrobras o monopólio
sobre a produção e o refi no em 1997, regulamentou a
cobrança e a distribuição de royalties sobre o que fosse
extraído do subsolo – esse dinheiro cresceu a reboque do
aumento da produção e da cotação do barril no mercado
internacional e foi a mola propulsora que fomentou um
salto na infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento. É
verdade que, para cada um desses momentos de euforia
a história registra um instante de desolação.
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Dessa vez, o roteiro é muito diferente: todas as projeções
apontam para a substituição do petróleo onde
uma fonte alternativa tiver envergadura para ocupar o
espaço. A começar pelo maior consumidor: o segmento
de transportes. As mudanças na mobilidade e o advento
dos veículos elétricos têm força para desfi gurar a matriz
de consumo – de combustível líquido, ele passaria a ser
mais uma fonte para gerar energia elétrica. A discussão
sobre esse tópico ganhou mais força quando as principais
economias do mundo anunciaram a intenção de
banir os combustíveis fósseis como forma de conter o
aquecimento global, e o petróleo e o carvão passaram
ser encarados como inimigos a serem abatidos.
Todas as consultorias especializadas prognosticam
que o pico de consumo de petróleo ocorrerá entre 2030
e 2040, e será seguido por um declínio signifi cativo.
Elas apenas não coincidem quanto ao prazo – para a
Agência Internacional de Energia - IEA o petróleo representará
34% da matriz energética mundial em 2040,
ante 42% de participação atual. O BP Energy Outlook
aponta que em 2035 o petróleo representará em torno
de 27% da matriz. O espaço perdido, no entanto, será
ocupado pelo gás natural – até porque a energia solar
e a eólica ainda não tem escala nem capacidade para
suprir toda a demanda em 100% do tempo. O relatório
DNV GL’s Energy Transition Outlook estima que em
2050 o petróleo e o gás atenderão 44% do suprimento
mundial de energia, nove pontos abaixo do que representam
hoje – sendo que o gás se tornará a principal
fonte de energia a partir de 2034.
As petroleiras já se deram conta dessa disrupção.
Shell, Total, Exxon e Chevron, por exemplo, estão injetando
capital em startups dispostas a criar soluções
para a conversão e distribuição de energia elétrica.
“Enquanto as startups possuem uma estrutura ágil de
desenvolvimento e implementação de novas soluções
no mercado, as operadoras possuem os recursos para
os investimentos. Desta forma, elas ampliam a atuação
em novos nichos sem perder o foco no seu core
business”, destaca Christiano.
Tecnologia cria novos modelos para a produção e o refino
No final de agosto, durante a O&G TechWeek –
evento que o Instituto Brasileiro do Petróleo promoveu
para discutir tecnologia e tendências – especialistas
mostraram que não são apenas os carros
elétricos e autônomos que têm o poder de moldar o
setor de energia – e a indústria do petróleo em particular.
A computação cognitiva e a inteligência artifi cial têm
criado novos modelos e oportunidades de negócios para
a extração, o transporte e o refi no. Um especialista da
Microsoft usou um óculos de realidade aumentada para
colocar a plateia dentro de uma plataforma de petróleo
– a tecnologia permite que pessoas sejam treinadas e que
o processo seja operado ou monitorado remotamente.
Outro caminho já iniciado é a instalação no fundo do
mar dos equipamentos que geralmente fi cam sobre as
plataformas. “A tecnologia tem o papel de possibilitar
a extração de petróleo em área mais desafi antes e com
menor uso de capital. Será com este foco que as tecnologias
serão desenvolvidas”, aponta o engenheiro Celso
Junior.
Da mesma forma, as refi narias já estão se apropriando
de tecnologias de big data, machine learning e data
analytics, que permitem manipular imensas quantidades
de dados coletados por sensores instalados nos equipamentos.
Robôs e drones usados para inspecionar áreas perigosas
são o símbolo dessa nova forma de lidar com as
instalações, mas uma revolução ainda maior acontece nos
algoritmos – são eles que analisam os dados, fazem correlações
e sugerem a decisão a ser tomada. O desenho da
refi naria do futuro apropria parte da infraestrutura de uma
instalação tradicional, agregando adaptações que permitam
o coprocessamento de correntes oriundas da biomassa
em seus processos.
Até mesmo as tecnologias de captura e armazenamento
de CO2, quando consolidadas, terão infl uência sobre a
forma de produzir petróleo. A quebra de paradigmas coloca
uma série de desafi os nas mãos desses jovens – a boa
notícia é que essa geração está mais preparada para entender
esses desafi os. “O grande problema é que os meios
acadêmicos tradicionais não estão acompanhando este
raciocínio. A maior parte do ensino ainda é feita em cima
de livros e material teórico, sem o mínimo de aplicação
nas ferramentas que serão utilizadas pelo profi ssional. O
jovem, dependendo da especialização desejada, tem que
buscar por si só este complemento em sua formação”, ressalta
Christiano.
Ninguém duvida que a matriz energética terá uma nova
confi guração em poucos anos. Patrícia, Victor, Christiano,
Daniel e Celso preferem ecoar uma declaração do ex-ministro
do Petróleo da Arábia Saudita, Ahmed Zaki Yamani,
que acabou repetida como mantra entre os profi ssionais da
indústria do petróleo: a idade da pedra não terminou por
falta de pedras, e a idade do petróleo não terminará por
falta de petróleo. |
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Patrícia Carneiro dos Santos é quase uma veterana na
indústria do petróleo. Aos 32 anos, ela já acumula uma graduação
em Engenharia Química, um mestrado em Tecnologia
de Processos Químicos e Bioquímicos e um doutorado
em Planejamento Energético, todos pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, além de uma especialização em
Engenharia de Processamento de Petróleo e Gás, por um
convênio da Universidade Estadual do Rio de Janeiro com
a Universidade Corporativa da Petrobras. |
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Trabalhar nesse
setor não foi uma escolha ocasional. Seu primeiro contato
com essa indústria ocorreu ainda no estágio obrigatório do
curso técnico de química industrial, realizado na unidade
de óleos lubrifi cantes e graxas da Shell. Patrícia permanece
atuando no downstream, agora na área de refi no e gásquímica
da Petrobras. “No limite de conhecimento atual,
arrisco dizer que o setor de petróleo não deixará de existir
– lembrando que o petróleo também é uma rica matéria prima
para fi ns petroquímicos, não se limitando apenas a sua
queima para fins de obtenção de energia”.
Das conversas com outros profi
ssionais da sua geração, Patrícia
testemunha o interesse em
aprofundar seus conhecimentos
quanto às fontes ditas alternativas,
como a biomassa
e a solar, que possuem
grande potencial – seja por
meio de desenvolvimento de
pesquisa ou pela participação
em debates sobre o tema, como
uma maneira de se preparem para
este processo de disrupção. “As discussões para um mundo
descarbonizado ocorrem como um refl exo da maneira como
os próprios países interagem a nível mundial. Certamente,
estas discussões poderiam contar com maior apoio de executivos
dos governos e com debates mais amplos sobre os
desdobramentos destas metas para cada país. No momento,
penso que os esforços maiores devem ser direcionados para
evitar retrocessos, especialmente aqueles oriundos de grandes
consumidores de energia”.
Para ela, a complexidade da indústria do petróleo – envolvendo
assuntos interdisciplinares, equipes numerosas e
o relacionamento com uma série de públicos de interesse,
que vão desde fornecedores e consumidores até instituições
governamentais – dá ao profi ssional atuante nesse
setor uma relativa facilidade em atuar em outros setores
industriais. “Como conselho aos jovens profi ssionais da
indústria, recomendo que invistam sempre na sua capacitação.
As atividades e os projetos no setor de petróleo
apresentam certa ciclicidade, o que faz com seja importante
para os jovens compreenderem que deverão enfrentar
momentos de alta e baixa visibilidade. Porém é importante
que estejam bem preparados para as oportunidades que
aparecerem”. |
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Victor Couto Alves pode ser apontado como a cara dessa nova geração de petroleiros – muito por conta das várias entrevistas dadas a jornais e TV no ano passado, quando o Brasil sediou o WPC Future Leaders Forum pela primeira vez.
Victor parece que se multiplica para dar conta
de seu trabalho – atualmente ocupa a posição de especialista
em gestão do conhecimento em uma prestadora de
serviços – participar de dois comitês do IBP, da diretoria
da seção brasileira da Society of Petroleum Engineers -
SPE, e ainda manter atualizado um blog sobre carreira na
indústria do petróleo. |
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Foi justamente através desse blog
que surgiu o primeiro estágio no setor, nove anos atrás,
quando ainda estava concluindo a graduação em Tecnologia
em Petróleo e Gás.
A possibilidade de uma remuneração acima da média do
mercado pesou na escolha dessa carreira – assim como trabalhar
em uma atividade desafi ante e muito intensiva em tecnologia
e conhecimento. Atualmente Victor tem 28 anos e está
concluindo a graduação em Engenharia de Produção.
Sua aposta é que a energia
solar – devido à abundância
da fonte, facilidade de instalação,
redução dos custos
e avanço das tecnologias
de armazenamento
– tenha potencial para
deslocar o petróleo do
primeiro lugar na matriz
energética global. E que
os serviços on demand e tecnologias
de colaboração em ambientes
virtuais reinventarão a mobilidade, a logística e a
demanda por energia. Por outro lado, a realidade virtual
e aumentada tem portas abertas nas tarefas de exploração
e a produção de petróleo e gás. Victor lembra que as
empresas de petróleo já compreenderam a necessidade
de novas fontes – prova disso são os investimentos realizados
em energias alternativas. “As empresas produtoras
de petróleo continuarão sendo protagonistas nessa área
de energia, comprando ou atuando em parceria com empresas
menores, mais enxutas e ágeis que já tem atuado
nesse segmento”.
Na sua análise, áreas que possuem alta intensidade de
tecnologia e conhecimento, como automobilística, aviação
e construção, podem se aproveitar do conhecimento
construído na indústria do petróleo – de alguma forma,
elas acabam se conectando. E é sempre importante manter
o radar para outras áreas, pois os conhecimentos se complementam.
“A pessoa que trabalha numa área técnica por
exemplo, pode ser muito útil se for para a área fi nanceira
por exemplo. Ele trará sua bagagem e perspectiva que
talvez uma pessoa que sempre trabalhou nessa área não
perceberá”. |
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Para Christiano Lins Pereira, a transição para um mundo descarbonizado está a caminho, mas, por uma questão de escala, sua consolidação ainda levará tempo. “É difícil afi rmar até quando dependeremos do petróleo, mas estamos esquecendo de refl etir sobre um aspecto que antecede isso tudo: qual é a relevância do petróleo e todos os seus derivados em nossas vidas? Uma tecnologia limpa, que preserve a natureza e dê qualidade de vida às futuras gerações é primordial, mas o ponto é que a tecnologia de massa, numa escala global, se baseia em petróleo desde a Segunda Revolução Industrial”. |
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Ademais, o preço
do petróleo é um indicador
macroeconômico
que faz a balança
pender ora para o
lado dos combustíveis
fósseis ora para o lado
renováveis. “Com o preço
do barril na casa de US$ 100, o
investimento em renováveis tende a ser maior, seguindo
a busca por uma fonte de energia mais barata, além
de ter o apelo sustentável. Agora, quando o barril cai
para um patamar de US$ 50, não há o que se discutir
numa mentalidade focada em custo-benefício. Os
renováveis não conseguem ainda competir com esse
preço e acabam perdendo espaço e fôlego para novas
pesquisas e aplicações”.
Nesse cenário de disrupção, Chistiano aposta que a
relação entre a indústria do petróleo e a sociedade terá
uma nova pauta, centrada nas questões de transparência
e sustentabilidade. O desafi o, para os jovens, é manterse
preparados diante do avanço da tecnologia. O jovem,
dependendo da especialização desejada, tem que buscar
por si só este complemento em sua formação”.
Christiano tem 24 anos e está concluindo a graduação
em Engenharia de Petróleo na Universidade Federal Fluminense,
embora já atue na área econômica – há um ano
é auditor independente especializado em empresas de petróleo
e gás na KPMG. Chegou a essa posição justamente
por conta de network – a indicação de um professor foi
o primeiro degrau para chegar à consultoria. “O que me
fascina na área de petróleo e gás é a dimensão e importância
que ela tem, tanto a nível econômico, social e político
quanto tecnológico. Conciliar o desenvolvimento
econômico no curto prazo com o uso racional do recurso
no longo prazo, fomentar o crescimento de fornecedores
locais que impactam na geração de empregos, bem como
estar na ponta do domínio tecnológico para se manter
competitivo são desafi os que sempre existirão e, se você
souber onde encontrar as oportunidades, será um profi ssional
diferenciado”. |
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A opção de Daniel Braune pela área energética está relacionada ao papel desse segmento no desenvolvimento econômico mundial. Economista de 25 anos, Daniel trabalha para a RioSil Consultoria e, como os profi ssionais de sua faixa etária, está atento às mudanças impostas pela tecnologia – porque a indústria hoje busca jovens dinâmicos, dispostos a se adaptarem para encarar desafi os. “Os jovens estão se especializando, aprofundando seus conhecimentos no setor de energia como um todo”. |
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Na sua avaliação, os profi ssionais que conseguem ter
sucesso na indústria do petróleo – caracterizada por desafi
os complexos e conhecimentos técnicos muito específi
cos – podem aplicar estes conhecimentos em outras
áreas – principalmente em indústrias que transitem nos
campos de comércio internacional, exploração de recursos
naturais, confl itos geopolíticos, tecnologia de ponta
e capital intensivo.
Por outro lado, ainda que fontes
renováveis venham ganhando
participação na geração de energia,
elas ainda não têm porte
para substituir os combustíveis
fósseis, principalmente
em países emergentes – que
apresentarão maior aumento
de demanda por energia nos
próximos anos. “Estudos sobre
a matriz energética mundial
apontam que até 2040, pelo menos,
o mundo ainda será dependente de fontes fósseis de
energia primária”.
Isso porque, a despeito do rápido avanço dos carros elétricos,
ainda não há um substituto para a gasolina ou para o
diesel que atenda a demanda dos atuais meios de transporte.
Também sobram questões paralelas – como a fonte suprirá a
geração de energia elétrica que irá mover estes automóveis,
a infraestrutura de abastecimento que substituirá os postos
de combustíveis, e até mesmo a fonte de energia que as indústrias
que constroem estes automóveis utilizam. “Outro
fator interessante nesta discussão é o perfi l das gerações
mais jovens, que são mais adeptos à utilização de meios de
transporte coletivos do que a ideia de ter um veículo próprio”,
ressalta.
Nesse cenário, o drive será o conceito de efi ciência
energética – que permita a geração de resultados idênticos
ou melhores em um mesmo processo, a partir de uma
quantidade menor de energia. “O mundo ainda é muito
dependente do petróleo. A indústria de petróleo e gás movimenta
bilhões de dólares em investimentos e transações
comerciais por ano. Sua vida útil está diretamente ligada
ao retorno dos investimentos no setor e, principalmente,
no desenvolvimento de tecnologias que permitam que outras
fontes possam reduzir a dependência por petróleo ou
até substituir sua utilização”, fi naliza Daniel. |
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Em um cenário que desafi a jovens a assumir o
protagonismo, a busca por soluções disruptivas e
inovadoras deverá ser um dos focos da nova geração,
avalia o engenheiro Celso de Guignet Dresjan
Junior. Não há espaço para o inevitável. Para ele,
os carros elétricos e autônomos terão um papel fundamental
na demanda por energia – principalmente
se a energia solar for a principal fonte de suprimento. |
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Mas a indústria do petróleo nunca deixará de
existir – apesar da mudança gradativa da matriz
energética, pelas próximas três décadas o petróleo
ainda preserva papel essencial na oferta global de
energia. “Carros autônomos serão importantes no
futuro. No entanto, existe toda uma infraestrutura
que deverá necessariamente ser discutida, como as
interações entre os veículos e as cidades”.
O engenheiro ressalta
que as discussões voltadas
para políticas
“limpas” e tecnologias
que possibilitem
uma menor
emissão de carbono
tem, cada vez
mais, ganhado espaço
central na agenda
das grandes potências
econômicas. “Devido as
mudanças climáticas, que acredita- s e
serem infl uenciadas pela indústria petrolífera, a transição
energética deve continuar a ser discutida pelos
grandes players”.
Celso é formado em Engenharia Química pela
Universidade Federal Fluminense. Ainda na faculdade
se identifi cou com a área de petróleo. Começou
trabalhando na engenharia e seguiu caminho pela
área de pesquisa alinhada à exploração e produção.
Aos 28 anos já tem no curriculum uma pós-graduação
pela PUC-Rio e um mestrado em Engenharia
de Petróleo pela Heriot-Watt University, da Escócia.
Atualmente trabalha para a Petrogal e participa da
Comissão de Inovação e Tecnologia do IBP.
Temas como a extração de petróleo em área
mais desafi antes e com menor uso de capital e o
descomissionamento de toda estrutura atualmente
em operação já estão na sua pauta diária. Como a
maioria dos jovens, Celso acredita que a expertise
acumulada pela indústria do petróleo possa
também ser aproveitada em outras áreas. “Toda
a indústria tem seus pontos em comum e experiência
sempre será valorizada em qualquer ramo
de atividades. Acredito que posições a níveis gerenciais
tem mais facilidade em se adequarem a
novas áreas”. |
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