Da Bacia de Campos são extraídos todos os dias 1,5 milhão
de barris de petróleo. É quase 60% do petróleo produzido no país.
Esses números já foram melhores. Hoje, segundo a Petrobras, a
produtividade tem declinado em média 9% ao ano. Há dois anos,
os campos da Bacia de Campos produziam 1,7 milhão de barris
por dia. Para manter o volume atual, a Petrobras precisaria repor
pelo menos 150 mil barris por dia a cada ano. Alguns desses campos
têm idade bastante avançada. O desafi o é equacionar os investimentos
necessários para aumentar seu fator de recuperação.
Porque esses investimentos competem diretamente com as áreas
de maior produtividade do pré-sal da Bacia de Santos.
“A Bacia de Campos tem projetos com perfi s muito diversifi
cados. A rentabilidade não é tão alta quanto no pré-sal, mas
pode atrair algumas empresas focada em campos maduros ou em
águas rasas, que tem custos menores de produção. Nesse momento
as empresas estão focadas em redução de custos, e isso pode
tornar atraente um conjunto de projetos na Bacia de Campos”,
avalia o professor Edmar de Almeida, da UFRJ.
A Petrobras irá investir na revitalização dos grandes campos
da Bacia de Campos em parceria com outras empresas. “Daremos
ênfase a parcerias estratégicas para aumentar o potencial
dessa Bacia, uma vez que vamos experimentar agora a extensão
dos contratos da Rodada Zero”, disse a diretora de Exploração e
Produção da companhia, Solange Guedes.
A prorrogação dos contratos da Rodada Zero – que ratifi cou
os direitos da Petrobras sobre os campos que se encontravam em
exploração e em produção antes da quebra do monopólio – está
prevista na resolução CNPE 02/216. A concessão de Marlim e
Voador foi a primeira a ter seu contrato prorrogado. Originalmente
essa concessão terminaria em 2025. Agora a Petrobras terá
mais 27 anos para extrair petróleo nos dois campos. Como contrapartida,
a petroleira assumiu o compromisso de instalar duas
novas plataformas na área. Outras áreas da Rodada Zero, como
Albacora e Roncador, são candidatas a ter o prazo de concessão
estendido. Nos planos de desenvolvimento desses campos, a Petrobras
tem dado atenção ao gerenciamento da produção de água
– um problema comum na Bacia de Campos.
O campo de Maromba é um caso particular. Ele está entre as
19 concessões identifi cadas pela Agência Nacional do Petróleo,
que podem ser canceladas – de acordo com a resolução 02/2016,
os campos que estejam parados há mais de seis meses devem
retomar a produção em até um ano após serem notifi cados. Caso
não cumpram a determinação, a Agência deve cancelar a concessão.
O campo foi descoberto através dos trabalhos exploratórios
feitos no bloco BC-20, adquirido na Rodada Zero, mas não chegou
a entrar em produção.
Abrir mão de um campo produtor, que não pressiona seu fl uxo
de caixa, para investir no desenvolvimento de outro projeto,
é uma escolha difícil para a companhia – ainda mais para quem
precisa manter a curva de produção apontada para cima. Mas
esses campos maduros não deixam de ser boas oportunidades
porque eles já geram receita. | Flávio Bosco |