Pela primeira vez em que a Petrobras e as grandes petroleiras
não fi zeram nenhuma oferta em uma Rodada de Licitações,
a participação das pequenas e médias foi o destaque.
A Queiroz Galvão Exploração & Produção investiu R$ 100
milhões para arrematar duas áreas na Bacia de Sergipe Alagoas,
e a PGN aumentou seu portfólio na Bacia do Parnaíba,
onde já produz gás natural.
Mesmo assim, 229 dos 266 blocos ofertados encalharam. 17
empresas – 11 nacionais e seis estrangeiras – arremataram 35
áreas em terra e duas áreas offshore. É o pior resultado desde a
5ª Rodada, realizada em 2003, quando 807 dos 908 blocos ofertados
não despertaram interesse. É também uma das menores
arrecadações com bônus de assinatura e o menor investimento
previsto em se tratando de Programa Exploratório Mínimo.
Na avaliação da diretora geral da Agência Nacional do
Petróleo, Magda Chambriard, a queda nos preços do barril de
petróleo já prenunciava um resultado modesto. Mas o saldo
poderia ser melhor se a Petrobras entrasse na disputa. “as empresas
buscam parcerias com a Petrobras. Estou na ANP há
13 anos e já perdi as contas de quantas vezes recebi executivos
de empresas estrangeiras dizendo que queriam ser o best
friend da Petrobras”, disse Magda.
A Petrobras emitiu um comunicado ofi cial para justifi car
que optou por não adquirir nenhuma nova concessão após a
análise técnica e econômica dos blocos ofertados – que não se
mostraram vantajosos para seu portfólio. “A decisão também
atende à maior disciplina de gestão do nosso capital, sinalizada
com a redução das metas de investimentos e os cortes
em custos gerenciáveis. Estas medidas fazem parte da nossa
estratégia para reduzir a alavancagem e melhorar a rentabilidade”,
informou o comunicado.
Para o diretor do Instituto Brasileiro do Petróleo, Antônio
Guimarães, a decisão das outras petroleiras em não adquirir
novas concessões nessa Rodada pode ser justifi cada na baixa
atratividade geológica das áreas. “Qualquer bloco do pré-sal
é mais interessante”. Mesmo assim, reconhece que nas atuais
condições não seria fácil atrair o interesse das petroleiras. “O
modelo traz limitações que não maximizam o potencial de venda dessas áreas”.
A oferta de blocos mais
atrativos, no entanto, foi vetada
pelo governo.
A PGN adquiriu seis áreas
na Bacia do Parnaíba – sendo
duas em parceria com a GDF
Suez e duas com a BPMB Parnaíba.
Na mesma Bacia, a OP
Energia arrematou três áreas.
Imetame, Tarmar, Geopark,
Alvopetro e UTC optaram por
áreas nas Bacia do Recôncavo
e Potiguar. Em comum, a estratégia
de aumentar o portfólio
em áreas já conhecidas. Os blocos adquiridos pela Imetame
na Bacia do Recôncavo estão localizados próximos de outras
concessões já declaradas comerciais – e a empresa está investindo
em uma usina termelétrica no polo de Camaçari/BA.
A aposta da PGN está na fórmula gas-to-wire – produção
de gás integrada à geração termelétrica, já em operação no
Maranhão. “Os blocos que temos hoje já são sufi cientes para
atender à demanda das usinas térmicas. A ideia é diversifi car
tanto a base de clientes como de parceiros”, afi rmou o presidente
da PGN, Pedro Zinner.
A Queiroz Galvão Exploração & Produção apostou no
potencial das áreas de águas profundas da Bacia Sergipe-Alagoas.
“Nossa lógica é tentar reduzir o risco de nosso portfólio
e ter uma melhor alocação de capital”, justifi ca o presidente
da QGEP, Lincoln Guardado. Devido aos indícios anunciados
pela Petrobras em águas ultraprofundas, essa Bacia era considerada
entre as mais promissoras – mas a QGEP arrematou
as duas áreas com oferta única.
A falta de interesse para os blocos das Bacias de Campos
e Espírito Santo surpreendeu a ANP. Também não houve
oferta pelos blocos das bacias de novas fronteiras – Camamu
Almada, Amazonas, Pelotas e Jacuípe. “Isso mostra que
geologia não é uma ciência exata. O mercado teve uma interpretação
diferente – do contrário, o bloco que tinha maior
bônus de assinatura teria sido
vendido. Mas isso não quer
dizer estamos errados ou que
as empresas estão erradas.
Mas apenas que, com os mesmos
dados, equipes de geólogos
enxergam oportunidades
de forma diferente”, justifica Magda, afi rmando que a
Agência irá agora analisar os
pontos negativos da Rodada.
O resultado dessa Rodada,
pelo menos, é um incentivo à
venda de campos marginais
sob concessão da Petrobras.
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