No primeiro semestre de 2015, a Petrobras investiu R$ 36,2
bilhões. O valor é 13% menor do que os desembolsos realizados
na primeira metade do ano passado. 78% dos recursos
foram concentrados nas atividades de Exploração e Produção
no Brasil. Essa fotografi a resume bem o Plano de Negócios e
Gestão 2015-2019, que está orçado em US$ 130 bilhões – 37%
menor que o Plano de Negócios 2014-2018 – e que também
priorizou os projetos de exploração e produção. Se não ocorrer
em outros contratempos, em 2020 a companhia deverá estar
produzindo 2,8 milhões de barris por dia nos campos nacionais.
Pelas projeções da própria Petrobras, é um volume bem
próximo do que será demandado caso o consumo de gasolina,
diesel e outros derivados cresça 1,6% ao ano.
Esse volume já deveria estar sendo extraído este ano –
pelo menos essa era a meta traçada em 2006. Quase nada saiu
como planejado. O cronograma de construção das plataformas
atrasou, os preços de realização do diesel e da gasolina
foram usados pelo governo para controle da infl ação, a corrupção
dilapidou R$ 6,2 bilhões de seus cofres e os planos de
crescimento elevaram a sua dívida para 4,6 vezes a sua geração de caixa. Para assegurar a sua sobrevivência, a Petrobras
tem agora que dar alguns passos atrás. Só cortar o orçamento,
que voltou aos patamares de 2008, não será sufi ciente – ela
também precisará vender parte de seus ativos, para arrecadar
US$ 58 bilhões.
Até 2020 estão previstas a entrada em operação de 20 plataformas.
15 estão em construção – outras cinco ainda serão
contratadas.
O afretamento de FPSOs para as áreas de Sépia e Libra,
cada uma com capacidade para produzir 180 mil barris/dia,
também já está na fase de licitação. “Metade da produção
projetada para 2020 – 1,4 milhões de barris por dia – estará
associada a esses sistemas novos”, destacou o gerente-executivo
de Estratégia Corporativa da Petrobras, Antônio Castro,
durante a apresentação do
Plano de Negócios.
Este ano a Petrobras
pretende interligar 72 poços – no primeiro semestre,
já foram interligados
39 poços – e duas novas
plataformas, já em operação
em Papa Terra e no
campo de Iracema Norte.
Outra meta é manter em
700 mil barris/dia a queda
de produção dos sistemas
em produção.
Somada a produção
nos campos localizados no exterior, a meta de produção de
petróleo para 2020 é de 3,7 milhões de barris por dia.
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Onde a tesoura cortou
Para desenhar o novo plano, a companhia considerou que
o barril de petróleo se mantenha em US$ 60 neste ano, e em
US$ 70 de 2016 a 2019. Oito plataformas foram cortadas – os
projetos de produção em águas profundas do Espírito Santo
e de Sergipe e das áreas de Carcará, Júpiter e Florim, no présal, estão fora dos investimentos previstos até 2020.
A Petrobras acompanha um movimento forçado pela
acentuada queda do petróleo a partir do segundo semestre de
2014, que levou a uma corrida das empresas para conter gastos
e adiar projetos. A conclusão do Comperj depende agora
de um parceiro – que a Petrobras ainda procura. Apenas a
central de utilidades da unidade deve ser concluída até outubro
de 2017 para permitir o início de operação da Unidade de
Processamento de Gás Natural que receberá o gás extraído do
pré-sal. O orçamento da Área de Abastecimento foi fechado
em US$ 11,5 bilhões, a maior parte em manutenção e US$ 1,4
bilhão para a conclusão da Refi naria Abreu e Lima - Rnest. A
unidade de fertilizantes nitrogenados - UFN V foi hibernada.
“A companhia, diante de um cenário bastante favorável
em anos anteriores, fez determinadas projeções que acabou
gerando uma dívida extremamente elevada, que nos colocou
em uma situação de desconforto. Mas diante das rotas de correção,
e diante dessa nova realidade, temos a capacidade de
fazer esse plano robusto ser realizado, colocar a companhia
em uma nova situação”, afi rmou o presidente da Petrobras,
Ademir Bendine.
Até o fi m de 2016 a Petrobras quer arrecadar US$ 15,1
bilhões com a venda de campos maduros, gasodutos, termelétricas,
postos de combustíveis e participações nas petroquímicas
e usinas de etanol – o presidente da empresa evita
comentários sobre os
ativos à venda, para não
depreciar seu valor. Mas
a venda de 25% da BR
Distribuidora já foi aprovada
pelo Conselho de
Administração. Também
foi colocada a venda a
plataforma P-34. O plano
é considerado ambicioso
justamente por ser apresentado
em um momento
em que Chevron, Shell,
Total e Eni também anunciam
a venda de ativos. |
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