Edição 336 • 2011

Pautado pelo pré-sal
Plano de Negócios da Petrobras amplia investimento em exploração e produção e considera venda de ativos
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli apresentou o Plano de Negócios da companhia em uma série de reuniões diferentes. A maratona inclui apresentações no Rio de Janeiro, São Paulo, em Brasília, Londres, Nova York, Boston e Bogotá. Depois de vetar por duas vezes, o Conselho de Administração da empresa aprovou um plano que aumenta o peso dos investimentos em exploração e produção e inclui a venda de ativos. Somados, esses projetos consumirão US$ 224,7 bilhões até 2015. Quando perguntado sobre o que mais lhe dera trabalho aprovar o programa de investimentos junto ao Conselho de Administração ou apresentá-lo sucessivas vezes a empresários, analistas de mercado e jornalistas Gabrielli não titubeia: revisar os 3.700 projetos que fazem parte do plano. “Temos 688 projetos com mais de US$ 25 milhões e mais de três mil projetos de menos de US$ 25 milhões cada um. Revisitar todos esses projetos envolve alguns milhares de pessoas”. O maior volume está reservado para a área de exploração e produção, cuja participação no total dos investimentos passou para 57% no plano atual ou US$ 127,5 bilhões.

O plano 2010-2014 reservava 53% ou US$ 118,8 bilhões para os projetos da área. Só para colocar as áreas do pré-sal em produção, a Petrobras investirá US$ 53,4 bilhões até 2015 sendo US$ 12,4 bilhões apenas nas áreas da Cessão Onerosa. O volume de projetos nas áreas do pós-sal brasileiro representa um investimento de US$ 64,3 bilhões. A meta da Petrobras é alcançar a produção de 3.070 mil barris de petróleo por dia dos campos nacionais em 2015 sendo 543 mil barris das áreas sob concessão e 13 mil de um poço na área de Franco.

“O présal brasileiro, que representa hoje 2% da produção da Petrobras, vai chegar a 40% em 2020. Estamos apostando, com bastaste certeza, na capacidade produtiva do pré-sal”, destaca Gabrielli. Nos próximos cinco anos, serão instalados 19 sistemas de produção dez deles no pós-sal, oito no présal e um relativo a cessão onerosa. Também estão previstos 30 novos testes de longa duração, sendo 13 na região do pré-sal da Bacia de Santos, sete nas áreas da cessão onerosa e 10 no pós-sal. O presidente da Petrobras afi rma que os novos projetos de exploração e produção têm taxas de retorno extremamente atraentes: caso a cotação do barril de petróleo fi car em torno de US$ 80, a rentabilidade será de 20%. Com o barril na casa dos US$ 95, o retorno aos investimentos será de 25%.


Conteúdo Nacional
A Petrobras só não calculou o volume comprometido com as compras no mercado local como fez no anúncio do plano anterior. Gabrielli, no entanto, garante que a meta é ultrapassar os 65% de conteúdo nacional exigidos pelos contratos de concessão embora esse índice represente uma média de todas as famílias de equipamentos listados na cartilha que regula o conteúdo nacional. “As plataformas têm saído com conteúdo nacional maior do que o que foi demandado, o que signifi ca que a indústria nacional respondeu melhor do que exigimos dela. Então vamos não somente buscar metas de conteúdo nacional no E&P, mas voluntariamente estamos ampliando o conteúdo nacional em nossos investimentos em refi no, logística, gás e energia, biocombustíveis e fertilizantes, porque é importante não somente para o país, mas para a Petrobras que a indústria nacional seja forte e cresça”.

A capacidade produtiva da indústria nacional é um dos pontos críticos à execução do plano. Outro é a qualifi cação da mão de obra: até 2015 a Petrobras terá mais 14 mil empregados o problema não será atrair essa quantidade de técnicos, mas viabilizar a transferência do conhecimento da geração “cabeçabranca” para os mais novos. A maior surpresa do Plano de Negócios 2011-2015, no entanto, é o programa de desinvestimento: no intuito de arrecadar US$ 13,6 bilhões, a Petrobras colocará a venda ativos de exploração e produção principalmente no exterior e participações em empresas, e substituição da empresa como principal fonte de fi nanciamento de fornecedores para otimizar a gestão de seu capital de giro, ao invés de liberar recursos a titulo de antecipação, a Petrobras quer que as empresas busquem fi nanciamento junto aos bancos através do programa Progredir. Gabrielli descarta a venda de campos marginais primeiro porque o farm out não trariam valor tão expressivo perante o plano.

Comparando com o plano anterior, novos projetos, no valor de US$ 32,1 bilhões foram acrescentados, e projetos equivalentes a US$ 10,8 bilhões estão excluídos entre eles um projeto de logística de QAV em Brasília, de tancagem de óleo combustível para térmicas e a construção de gasodutos e estações de compressão e as térmicas que participaram dos leilões de 2010. Também postergou a entrada em operação da refi naria Premium I, no Maranhão, de 2014, para 2016. O Plano de Negócios prevê o acréscimo de US$ 700 milhões em relação ao anterior. O aumento de 3% não foi distribuído igualitariamente entre as várias áreas de negócios: apenas a área de Exploração e Produção e a subsidiária Petrobras Biocombustíveis tiveram o orçamento elevado a Petrobras Biocombustíveis terá US$ 4,1 bilhões nos próximos cinco anos, ante os US$ 3,5 bilhões do período anterior, para aumentar de 1,5 bilhão para 5,6 bilhões de litro sua produção média anual e de 5,3% para 12% seu market share no mercado de etanol até 2015.

A área de Abastecimento, que inclui refi no, transporte e comercialização receberá US$ 4,3 bilhões a menos do que no plano anterior e agora terá um orçamento de US$ 70,6 bilhões para os próximos cinco anos. Metade desse orçamento será alocado na ampliação do parque de refi no a carga de óleo processada passará dos atuais 1.811 mil barris diários para 2.205 mil barris em 2015. Na área de Gás e Energia, o corte foi de US$ 4,6 bilhões, fazendo com que o orçamento caísse para US$ 13,2 bilhões. Nesse valor está incluída a construção de um gasoduto para escoamento do gás natural produzido nos campos présal da Bacia de Santos, as fábrica de fertilizantes em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, e o terceiro terminal de GNL, na Bahia. (Flávio Bosco)



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