Round 4: pior resultado já obtido nas Licitações
realizadas pela ANP |
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21 blocos arrematados de 54 oferecidos, e uma arrecadação de R$
92.377.971. Para quem viu disputas espetaculares e grandes lances
nos leilões anteriores, a Quarta Rodada fica marcada como o pior resultado
já obtido nas Licitações realizadas pela Agência Nacional do Petróleo.
O resultado, no entanto, não surpreendeu ninguém, nem a direção da
ANP. “Foi um resultado muito bom, surpreendeu-me positivamente, pois
tínhamos expectativas relativamente modestas”, disse o diretor geral
da Agência, Sebastião do Rego Barros.
Também pudera: uma combinação de fatores só poderia afetar negativamente
o leilão. Em primeiro lugar, quase todas as grandes oil companies
já possuem áreas em bacias brasileiras – adquiridas nas três primeiras
rodadas de licitação – e até hoje não houve nenhuma grande descoberta.
E vários blocos estavam localizados em áreas de novas fronteiras,
que possuem pouca informação geológica.
O diretor geral da ANP apontou também a queda do preço do petróleo
no final do ano passado, quando as companhias programaram seus investimentos.
Isso sem contar os problemas que ainda assombram a economia mundial.
“É um excelente resultado. Enquanto o sistema financeiro tem dúvidas
sobre o nosso país, o setor de petróleo investe aqui”, comemora Rego
Barros.
“Os resultados obtidos nas primeiras rodadas indicavam que essa rodada
não deveria ser realizada agora, mas devia aguardar um resultado exploratório
melhor. Além disso não existem dados geofísicos de qualidade, o que
poderia melhorar o interesse das empresas. Outra questão é o levantamento
ambiental prévio que deveria ser feito”, rebate o ex-secretário de
Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer.
“Se eventualmente não houve sucesso, está relacionada a questão dos
estudos sísmicos: quanto menos dados existem, é mais prejudicial.
Estamos tendo agora um resultado da falta de estudos sísmicos que
deveriam ser feitos. E também devemos a uma certa letargia e falta
de um foco adequado por parte do Ibama”, completa o ex-diretor-geral
da ANP, David Zylbersztajn.
A primeira rodada de licitações, realizada em 1999, vendeu 12 dos
27 blocos ofertados – 44% de aproveitamento – com arrecadação de R$
321.656.637. Em 2000, na segunda rodada, foram vendidos 21 dos 27
blocos oferecidos – 77% de aproveitamento – com uma arrecadação de
R$ 468.259.069. No ano passado foram arrematados 34 dos 53 blocos
– 64% de aproveitamento – e arrecadação de R$ 594.944.023.
Áreas terrestres foram atração
O destaque deste ano ficou com os blocos terrestres – áreas de menor
risco e menos dependente de tecnologia. De 15 oferecidos, dez foram
arrematados – até mesmo a Petrobras arrematou três áreas em terra.
Todas as nove áreas enquadradas na categoria C foram vendidas. Com
as áreas mais complexas, classificadas na categoria A, apenas quatro
foram vendidas, entre as 18 ofertadas. Esse fato pode explicar, em
parte, o baixo valor arrecadado – as áreas enquadradas na categoria
C normalmente têm preço mínimo menor que as regiões A e B.
Dentre as bacias, o foco deixou de ser Santos e Campos. Neste ano,
todas as áreas nas Bacias do Recôncavo e Potiguar foram arrematadas.
“O Recôncavo ainda tem muito óleo e gás para ser descoberto”, avalia
Wagner Freire, presidente da Starfish – empresa que arrematou sozinha
uma área na Bacia do Recôncavo.
Já as áreas de novas fronteiras – onde o conhecimento geológico é
escasso – não despertaram interesse. É o caso das Bacias do Amazonas,
Parnaíba, São Francisco, São Luiz, Pelotas e Pernambuco-Paraíba. Segundo
o superintendente de Licitações da ANP, Ivan Simões Filho, essas bacias
deverão ser mais estudadas pela Agência para entrarem nos próximos
leilões.
Entre os blocos offshore arrematados, sete estavam localizados em
águas rasas e quatro em águas profundas. Na Bacia de Santos, por exemplo,
apenas duas das oito áreas ofertadas foram arrematadas – nas três
rodadas anteriores, as regiões de maior profundidade foram as mais
disputadas pelas empresas. Esse resultado demonstra que as empresas
procuraram investimentos de maior risco. “Nossa estratégia foi baseada
em explorar áreas onde há um risco menor”, disse o gerente de E&P
da Petrobras, Carlos Alberto de Oliveira.
Por outro lado, foi por aí que três novas empresas – a brasileira
Petrorecôncavo, a canadense Dover e a portuguesa Partex – marcaram
a estréia no setor de petróleo brasileiro.
A partir dessa rodada aumenta o número de players no setor de petróleo
brasileiro, com a estréia da BHP Billiton – que arrematou sozinha
o bloco BM-C 24 – e da Newfileld – que arrematou o bloco BM-ES 20
– além da Partex, Dover e Petrorecôncavo.
O número negativo foi o de empresas habilitadas a participar das ofertas
neste ano: 29. Haviam sido 42 empresas nas duas últimas rodadas, e
38 na primeira rodada de licitações. Além disso, das 29 empresas que
estavam habilitadas a participar do leilão, 12 não fizeram ofertas.
Das 17 que mostraram interesse em algum bloco, 14 levaram a concessão
sozinhas ou em consórcios.
Prováveis mudanças
O diretor-geral da ANP não descarta mudanças nas próximas rodadas
de licitações de blocos de petróleo. “Não vamos mudar por mudar, tampouco
ficar imóveis. A agência sempre manteve um diálogo e constante com
as empresas, portanto é possível que a ANP, faça algumas mudanças.
Há muitas sugestões que estamos pensando”.
Rego Barros ressaltou, no entanto, que o bid brasileiro já entrou
no calendário internacional da indústria do petróleo, e o espaçamento
entre uma rodada e outra só deverá ser ampliado com razões muito fortes.
“E essa razão até agora não apareceu, e creio que não aparecerá”.
Dentre as sugestões apresentadas e que poderão ser adotadas no futuro
está a adoção do modelo de células, já empregado no Golfo do México.
“Dentro do diálogo que a Agência mantém com a indústria, temos trocado
idéias sobre possíveis modificações para as próximas rodadas. A idéia
de trabalhar com blocos menores é criar um bloco padrão, como no Golfo
do México”, explica o diretor da ANP, Jonh Forman.
Nesse sistema, uma empresa pode comprar áreas adjacentes e montar
um bloco com as dimensões desejadas. “Ao licitar uma malha de blocos
de menor porte, é possível deixar que os próprios interessados desenhem
o perfil de seus alvos. Esse é um assunto que está em discussão, e
a aplicação se dará de uma forma gradual. Blocos de menor porte nas
áreas onde a informação for mais disponível. E nas áreas de novas
fronteiras, que possuem um nível de informação menor, os blocos serão
agregados, formando áreas maiores”, completa Forman. |
Veja
como ficou a Licitação |
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NA EDIÇÃO IMPRESSA
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Petro & Química - Edição
238
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