Edição 238 – Junho de 2002 – Revista Petro & Química
Criada para ser a maior petroquímica da América Latina
Indústria produtora de eteno seria instalada ao lado
da Refinaria União
Um sonho do governo, uma aspiração de empresários

A implantação de uma indústria transformadora de nafta em eteno, vislumbrada tanto por empresários do setor de refino de petróleo quanto pelo governo, marca o início da história do setor petroquímico brasileiro. Em junho de 1972, a Petroquímica União inicia a produção de 300 mil toneladas de eteno, encravada na região metropolitana de São Paulo – o que incentivou outros empresários, nacionais ou estrangeiros, a investirem na região. “Com todo o esforço do governo para desenvolver o país, naturalmente o setor petroquímico era estratégico por estar diretamente relacionado com outros segmentos industriais. Nessa época, a criação de um grupo executivo da indústria química, vinculado ao Ministério da Indústria e Comércio, coincide com a intenção dos empresários ligados à Refinaria União em implementar um pólo petroquímico”, lembra o atual diretor-superintendente da PQU, Wilson Matsumoto.

No início da década de 1950, estavam instaladas no Brasil duas plantas produtoras de poliestireno – a Bakol e a Koppers, supridas por estireno importado.

Ao final daquela década a recém criada Petrobras iniciava a produção de 58t/dia de eteno – a princípio derivado de gás de refinaria, e logo após de nafta petroquímica – processado na Refinaria Presidente Bernardes, de Cubatão / SP. A partir dessa produção foram desenvolvidos alguns projetos petroquímicos, quase todos iniciativa de empresas multinacionais.

É o caso da Union Carbide, da Copebras e da Companhia Brasileira de Estireno, instaladas na região da Baixada Santista, e que produziam polietileno e poliestireno a partir do eteno produzido pela Petrobras. Também em São Paulo, a Solvay produzia PVC a partir de acetileno.

Dez anos depois, a carência de produtos petroquímicos básicos para satisfazer a demanda reprimida começou a ficar evidente: sem investimentos, a produção esteve praticamente estagnada. Por um lado a Petrobras priorizava as áreas de exploração, produção, refino e transporte, deixando as atividades petroquímicas e de distribuição para o setor privado. Por outro, as empresas multinacionais aguardavam uma definição do Governo Federal para investir.

Foi quando o governo promulgou o decreto nº 556.571 – o chamado “Decreto para criar base para o desenvolvimento da indústria petroquímica” – onde distinguia o campo de refino, para efeito de monopólio, e o campo da indústria petroquímica. Listou os produtos petroquímicos básicos que estavam fora do monopólio e adotou uma definição transparente.

Pelo Decreto 53.975/64 foi criado o Grupo Executivo da Indústria Química – Geiquim, órgão vinculado ao Ministério da Indústria e Comercio, mas que trazia representantes dos Ministérios da Fazenda, do Exército, do Planejamento, das Minas e Energia, da Agricultura, da Educação e Saúde, do Banco do Brasil, do Banco Central, do Conselho de Política Aduaneira, além da CNI e da Abiquim. Dentro do Conselho Nacional do Petróleo – CNP, foi criada também a Comissão Especial de Petroquímica.

Exatamente nesse ano, os empresários dos Grupos Soares Sampaio, Ultra e Moreira Sales – proprietários da maior refinaria privada do país – começaram a desenvolver os estudos para implantar uma megaindústria produtora de eteno em Mauá, ao lado da Refinaria de Exploração de Petró- leo União – atual Recap – com capacidade instalada para produzir 186 mil toneladas anuais. Por ser a principal região industrial e maior centro de consumo do país, era natural que os empreendimentos fossem implantados no Estado de São Paulo.

“A Petroquímica União foi pioneira. O Brasil começou a ver instalações petroquímicas na década de 1950, mas a primeira metade dos anos 60 foi marcada pela estagnação. A Petroquímica União marca, na segunda metade da década de 1960, a retomada dos investimentos petroquímicos no país”, resume Otto Vicente Perrone, ex-presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás.

Nas primeiras conversas, o grupo procurou convidar poderosos sócios internacionais – a própria Union Carbide e a Gulf Oil Corporation, com quem apresentou o primeiro projeto ao Geiquim. Com as primeiras tentativas frustradas, o projeto conseguiu atrair a Phillips Petroleum.
O início da estatização

Um dos pontos do projeto da criação da Petroquímica União apontava o aumento da capacidade de processamento na Refinaria União – o que era vedado por lei – com a finalidade de atender à nova necessidade de matéria-prima. Como a Refinaria União não conseguiu permissão para sua expansão, o grupo empreendedor voltou sua atenção à Petrobras, para garantir o fornecimento de nafta para o empreendimento.

A proposta apresentada também não era legalmente permitida: a associação da Petrobras ao empreendimento. Para contornar o problema, foi criada, em 1967, a Petroquisa – uma subsidiária 100%, legalmente habilitada para participar de associações minoritárias, conforme previa no seu Estatuto e o decreto 61.891/67, que a criou.

Em junho de 1968, a Phillips Petroleum desistiu do empreendimento. Aí foi o momento da entrada da Petroquisa. Como toda grande oil company, a Petrobras sempre participou da atividade petroquímica – isso é da natureza do negócio da indústria do petróleo, nem que seja participar na interface refino / cracker.

Em meio às negociações, a Petroquímica União ia tomando novos formatos. Em 1969, os empreendedores levaram ao Geiquim o projeto de ampliação da capacidade original, que passava para 300 mil toneladas anuais. Ao mesmo tempo, a International Finance Corporation entrou na formação do equity societário, aportando novos recursos.

O projeto básico das unidades foi contratado com a Lummus, enquanto que a engenharia e a supervisão de montagem ficaram a cargo da Société Française des Techniques Lummus - subsidiária da primeira. Os trabalhos de construção e montagem se iniciaram com o lançamento da pedra fundamental em 11 de abril de 1969.

No mesmo ano, os Grupos Moreira Sales e Soares Sampaio comunicaram a fusão de suas participações, transferindo seus ativos na PQU para uma nova empresa, a Unipar. O problema era que a participação acionária da Petroquisa não poderia ser inferior à de qualquer outro acionista, e a maioria do capital teria que ser nacional e privado – conceito criado pela Petrobras, e utilizado em outros empreendimentos.

Não bastasse isso, o orçamento do projeto crescia a cada instante: em maio de 1969, a estimativa para produção de 300 mil toneladas de eteno girava em US$ 61 milhões. Um ano depois, o projeto passava de US$ 74 milhões para US$ 95 milhões. Em maio de 1971, já havia atingido US$ 125 milhões – em dois anos, o projeto dobrava seu orçamento.

Às vésperas de ser inaugurado, em abril de 1972, o Grupo Ultra deixou o empreendimento, repassando suas ações à Petroquisa – como ditava o direito de preferência dos demais acionistas. Em julho de 1975, com a necessidade adicional de recursos, a Petroquisa aportou dinheiro e assumiu o controle da Petroquímica União.

“Todo pioneirismo carrega as dificuldades inerentes às novidades. A concepção do projeto é muito diferente do que hoje é a Petroquímica União. De uma configuração privada, a PQU inicia suas operações já estatal: a Petroquisa substitui a participação de alguns acionistas, e aumenta sua participação, porque nesse período passamos por mudanças políticas e algumas dificuldades com o aporte de recursos – o que não significa que foi melhor ou pior, mas uma evolução do projeto”, avalia Roberto Garcia, atual presidente do Conselho de Administração da empresa.
Soleinidade de inauguração da Petroquímica União
O elo entre o refino e a produção de resinas

A implantação da Petroquímica União foi o ponto de partida para a criação organizada e equilibrada do pólo petroquímico de Capuava, o primeiro do Brasil, composto basicamente de uma refinaria, uma central de matérias-primas e de outras 39 empresas, que se abasteciam de produtos básicos e intermediários gerados na central. “A partir da Petroquímica União inicia-se, de fato, o ciclo de implantação da indústria petroquímica brasileira. A PQU tem uma posição muito importante: faz a ligação entre o refino e a produção de resinas, e estimula a instalação de outros projetos petroquímicos ao seu redor, visando a transformação de correntes produzidas nessa central. Surge então o pólo petroquímico de São Paulo”, lembra Roberto Garcia.

Em 15 de junho de 1972 a Petroquímica União iniciou suas operações, inaugurando a primeira fase do projeto, com capacidade para produzir 180 mil toneladas de eteno. “É o único pólo petroquímico do Brasil que engloba desde a refinaria até a terceira geração. Sua importância não é só histórica, por ter sido o primeiro pólo petroquímico criado no Brasil, mas também estratégica, porque abastece o mercado de maior consumo no país, a região Sudeste”, avalia Fernando Mieli, diretor da Petroquímica União.

A segunda fase do projeto foi concluída em março de 1974, atingindo, então, a capacidade nominal de 300 mil toneladas anuais. No mesmo ano, a extensão do gasoduto ligando a central à unidade da Union Carbide, em Cubatão foi concluída.

Entre 1977 e 1978, novas unidades de alquibenzenos – com engenharia própria – e propeno foram implantadas na central. Em novembro de 1980, entrou em operação o projeto DBN I – Debottlenecking, para a eliminação de gargalos na produção – aumentando a produção de eteno para 360 mil toneladas por ano.

Com o desenvolvimento industrial do país, a demanda por produtos petroquímicos exigiu novas ampliações. O final da década marca a entrada em operação de um segundo pólo petroquímico no país: devido uma política de desconcentração da atividade industrial e econômica, o governo resolve implantar uma indústria petroquímica na Bahia – assim nascia a Copene, com uma produção de petroquímicos básicos já superior à Petroquímica União. “Naquela época, havia uma política estratégica do governo, para diminuir os desníveis regionais de desenvolvimento no país”, sublinha Otto Perrone.

Na mesma época são iniciadas as negociações para a instalação de um terceiro pólo petroquímico no país, desta vez no Estado do Rio Grande do Sul. Se por um lado esses novos empreendimentos nasciam com capacidades superiores à produção da PQU, por outro os estudos levavam em consideração o aprendizado adquirido com a implantação do primeiro pólo paulista.

Isso sem contar o famoso modelo tripartite, onde o capital da empresa era dividido em três partes, onde participavam o Governo Federal – através da Petrobras – empresários nacionais e empresas estrangeiras. Esse modelo, diferente do praticado em outros países, pode ter causado alguns problemas – como a criação de empresas monoprodutoras e a fragmentação do setor – mas se mostrou bastante adequado para acelerar o crescimento do setor petroquímico nacional.

A década de 1980 também trouxe novidades para a PQU: a unidade de resinas de petróleo, produzindo 10 mil toneladas por ano do produto, comercializado com a marca Unilene, que tem larga aplicação nas indústrias de tintas, adesivos e borrachas. Em 1986, um novo sistema de bombeio de óleo combustível entrou em operação, contribuindo para a redução de consumo de energia na empresa.

Dois anos mais tarde, o Centro de Controle Operacional, que abriga o sistema de instrumentação digital, foi inaugurado, e foram entregues o 16º forno de pirólise de nafta, duas novas esferas de butenos e um tanque adicional de nafta. No ano seguinte, a Petroquímica União iniciou o programa de modernização dos fornos de pirólise de nafta – concluído em 1992.
Nova política governamental (e a PQU volta a ser privada)

Oinício da década de 1990 ficou marcado como um período muito difícil para a indústria química, com brusca redução de barreiras aduaneiras, numa época de recessão mundial, o que acarretou uma acentuada redução de preço dos produtos no Brasil, comprometendo a rentabilidade das empresas.

Neste período o Governo Federal decidiu alienar as participações societárias da Petroquisa nas empresas de segunda geração e limitar a 15% a participação nas centrais petroquímicas. A Petroquímica União foi incluída no Programa Nacional de Desestatização em 1991.

Após a avaliação econômico-financeira realizada pelo BNDES, o governo levou a central à leilão, realizado em 1994, vencido por um grupo de investidores formado pela Unipar, Itaú, Odebrecht, Polibrasil, Union Carbide, Oxiteno e Unigel. Os funcionários se organizaram em uma empresa – a Sociedade dos Empregados da Petroquímica União (SEP) – e adquiriram 10% do capital.

No mesmo ano, a Union Carbide adquiriu os ativos do Banco Itaú – ações que seriam herdadas pela Dow, em 1999, época da compra global da Union Carbide. Em 1996, a Unipar adquiriu as ações da Odebrecht Química, continuando a deter a maior parcela do capital votante – 37,18%. “A Petroquímica União, que nasceu da concepção de grupos privados, teve seu momento de estatal, e voltava a ser uma empresa privada”, resume o presidente do Conselho de Administração.

A relação entre a Petroquímica União e a Petrobras, mesmo sendo uma acionista minoritária, estava restringida ao fornecimento de matérias-primas.

Desde que foi privatizada, a Petroquímica União passou por uma fase de reorganização. Mesmo encravada no meio do mercado consumidor, a empresa via a produção de suas concorrentes tomar conta do cenário nacional.

Para manter a competitividade, a PQU investiu, no período de 1964 a 1997, US$ 56 milhões em adequação à legislação de segurança no trabalho, saúde ocupacional e meio ambiente. Além dos US$ 204 milhões na expansão da capacidade produtiva, atualização tecnológica e modernização da planta.

Em 1996, a empresa iniciou a operação do projeto DBN II, permitindo que a produção passasse de 360 mil para 500 mil toneladas de eteno por ano. “A Petroquímica União deu um salto tecnológico. Foi introduzida uma série de melhorias nos compressores, na instrumentação, e nos fornos”, conta Wilson Matsumoto.

Paralelamente, a empresa implementou programas de reengenharia e otimização, buscando melhorar a produtividade. Para se ter uma idéia, a modernização permitiu à PQU trabalhar os últimos seis anos ininterruptamente – a parada para manutenção da planta está prevista para o próximo mês. “Estamos completando seis anos de operação ininterrupta. É a primeira central do Brasil, e uma das poucas no mundo, a realizar uma campanha tão longa”, conta o diretor-superintendente da PQU.

No ano passado, apesar do custo da nafta e da retração na demanda, que afetaram os resultados do setor petroquímico, a PQU manteve-se no azul devido ao baixo nível de endividamento e de custo financeiro. Também contribuiu o elevado fator operacional, de 92%. “No ano passado, o quinto da campanha, trabalhamos com um índice de continuidade de 100%. Esse é um dado muito significativo na indústria petroquímica mundial: coloca a empresa entre os dez melhores resultados do mundo”, comemora Cesar Barlem, diretor da PQU.

Recentemente, a empresa passou a comercializar gasolina – vendeu 164 mil toneladas no ano passado, o que representa 8% de todo o volume de produtos da PQU, ou 2% do mercado da região metropolitana de São Paulo.

“Devemos comercializar GLP a partir do segundo semestre. Sempre há um ‘plus’ marginal”, conta Fernando Miéli. Incluir foto “Japa”, gravado no ano passado, mas que não foi utilizada Incluir foto publicada na C&I 70 – pg 26
Acionistas discutem “Nova PQU”

Consilidando o processo de privatização, a Petroquímica União, a exemplo do setor petroquímico nacional, entra agora em um processo de maior valorização. O novo ciclo vem sendo caracterizado pela busca da competitividade, com o objetivo de elevar as empresas do setor à condição de players internacionais.

O principal desafio é compor estruturas integradas entre primeira e segunda geração – quem sabe até incluindo o setor de refino, produtor de matéria-prima para a petroquímica. “Não acreditamos que o negócio petroquímico, tão compartimentado como é no Brasil, possa dar certo no futuro”, avalia Roberto Garcia, presidente do Grupo Unipar.

Descrito assim, de forma simplificada, pode parecer uma fórmula mágica. Mas o processo de privatização do setor abriu espaço para o emaranhado de participações, e como conseqüência, o inevitável conflito causado pela presença de grupos concorrentes, com interesses distintos, na composição acionária da central petroquímica.

Maior acionista da Petroquímica União, a Unipar defende a integração da central com as empresas de segunda geração. “À medida que você tem diversos elos entre a produção de nafta e a resina, existem custos, e isso afeta a competitividade”, avalia Roberto Garcia.

O primeiro passo é identificar as sinergias que existem entre a Refinaria de Capuava – Recap e a Petroquímica União, para o abastecimento de matérias-primas. Paralelamente, as empresas de segunda geração, principalmente a Polietilenos União e a Unipar Divisão Química, vêm identificando os ganhos que podem ser ocasionados pela integração. “Estamos discutindo com a Petrobras uma nova política de abastecimento, considerando não só a Recap, mas as quatro refinarias paulistas, que produzem mais nafta do que o necessário para a central. Em paralelo, vamos identificar as empresas que poderiam ser agregadas ao negócio da Petroquímica União. Num primeiro momento aparecem as empresas onde a Unipar detém 100% das ações, porque a Unipar é a maior acionista da PQU”, conta Roberto Garcia.

O modelo ideal ainda está sendo estudado, mas a tese é banir a segmentação característica do setor petroquímico brasileiro.

O projeto poderá ainda integrar o ativo resultante da Nova Petroquímica União com a Rio Polímeros, na chamada Petroquímica do Sudeste. Maior acionista da PQU, com 37% do capital, a Unipar também detém 33% da Rio Polímeros, dividindo o controle com a Suzano que detém outros 33% da Rio Polímeros – a Suzano detém também metade da Polibrasil, que consome petroquímicos básicos da PQU.

A Petrobras também é peça fundamental no processo de formação da Petroquímica do Sudeste. A companhia está presente na composição acionária da PQU – através da Petroquisa – e da Rio Polímeros, e é a fornecedora de matérias-primas para os dois empreendimentos. “A busca da competitividade não é um projeto impossível: a estrutura é boa, não estamos pensando em uma indústria com base em insumo importado, todo o conjunto de empresas de São Paulo tem um índice de endividamento baixo, o que permitiria buscar uma alavancagem financeira para um crescimento. Todas as condições naturais para esse crescimento existem. O que precisa ser feito é um ajuste nas peças”, conta Roberto Garcia.

Ampliação

Enquanto isso, a Petroquímica União vem negociando com a Petrobras o fornecimento de gás de refinaria para ampliar a produção de eteno. Com investimentos previstos de US$ 100 milhões, a PQU deverá ampliar a produção em até 40%, passando das atuais 500 mil toneladas/ano para 700 mil t/ano do produto, a partir da utilização de gás de refinaria. As negociações de fornecimento e o projeto de engenharia básica da unidade de processamento do gás de refinaria vêm sendo discutidos entre a PQU e a Petrobras.

Para se ter uma idéia, o mercado potencial – atingido geograficamente pela Petroquímica União – representa 75% do consumo de petroquímicos no País, mas a empresa atende apenas 30% da demanda nessa região.

Os dirigentes da empresa vêm analisando a viabilidade técnica e econômica do projeto. Em paralelo, há um trabalho para obter o licenciamento ambiental para a ampliação. “Temos todas as condições colocadas, o que precisamos é, assim que concluída a análise de viabilidade técnica, avaliar as questões comerciais de matéria-prima para analisar a viabilidade econômica do projeto”, conta o diretor-superintendente da PQU.

No início do mês, a empresa assinou com o Centro de Pesquisas da Petrobras o contrato referente a realização do projeto de engenharia básica da Unidade de Processamento de Gás de Refinaria.

A matéria-prima será fornecida pela Refinaria Henrique Lage – Revap, localizada a 100 km da central. Na Refinaria deverá ser instalada uma unidade para tratamento de impurezas do gás, antes de ser transportado por um duto até a central petroquímica, onde será instalada a unidade de processamento do gás.

O gás de refinaria - uma mistura de gases produzida durante o craqueamento catalítico, normalmente utilizada como combustível em fornos e caldeiras – contém 50% da massa de etano e eteno, e 50% de metano. Após a separação, o etano e o eteno seguem para a “zona fria” do processo de produção da Petroquímica União, enquanto o gás metano será usado no projeto de co-geração de energia, ou nas próprias caldeiras da PQU.

Essa ampliação faz parte de um projeto ainda maior, que deverá duplicar a capacidade de produção – idéia apontada como única alternativa para garantir a competitividade do pólo petroquímico de Capuava frente aos pólos do Sul e do Nordeste.

A ampliação de 200 mil toneladas na produção de eteno poderá ser processada pela Polietilenos União – que dobraria de tamanho. Mas a duplicação do Pólo Petroquímico poderá atrair investimentos também na terceira geração.
Infra-estrutura

Parte dos investimentos em curso estão voltados a garantir infra-estrutura futura às expansões previstas. A Rolls Royce investe US$ 230 milhões no projeto de co-geração que será instalado dentro da PQU, com capacidade para 240 MW e 250 toneladas de vapor.

Para garantir o abastecimento de água industrial, cerca de R$ 30 milhões serão aplicados no projeto Aquapolo, baseado na captação de 500 litros de água por segundo do rio Tietê. O investimento beneficiará onze empresas instaladas no Pólo. Há, também, estudos para o reuso da água gerada pelo tratamento de esgotos das cidades de Mauá e Santo André. “A prioridade é o reuso do efluente municipal, que contém baixa concentração de sais. “Somente se o reaproveitamento do esgoto municipal não se viabilizar é que optaremos pelo projeto Aquapolo”, diz Jorge Rosa, assessor de desenvolvimento de negócios da Petroquímica União.
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