Indústria produtora de eteno seria instalada ao lado
da Refinaria União |
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Um sonho do governo, uma aspiração
de empresários
A implantação de uma indústria transformadora de nafta em eteno, vislumbrada
tanto por empresários do setor de refino de petróleo quanto pelo governo,
marca o início da história do setor petroquímico brasileiro. Em junho
de 1972, a Petroquímica União inicia a produção de 300 mil toneladas
de eteno, encravada na região metropolitana de São Paulo – o que incentivou
outros empresários, nacionais ou estrangeiros, a investirem na região.
“Com todo o esforço do governo para desenvolver o país, naturalmente
o setor petroquímico era estratégico por estar diretamente relacionado
com outros segmentos industriais. Nessa época, a criação de um grupo
executivo da indústria química, vinculado ao Ministério da Indústria
e Comércio, coincide com a intenção dos empresários ligados à Refinaria
União em implementar um pólo petroquímico”, lembra o atual diretor-superintendente
da PQU, Wilson Matsumoto.
No início da década de 1950, estavam instaladas no Brasil duas plantas
produtoras de poliestireno – a Bakol e a Koppers, supridas por estireno
importado.
Ao final daquela década a recém criada Petrobras iniciava a produção
de 58t/dia de eteno – a princípio derivado de gás de refinaria, e
logo após de nafta petroquímica – processado na Refinaria Presidente
Bernardes, de Cubatão / SP. A partir dessa produção foram desenvolvidos
alguns projetos petroquímicos, quase todos iniciativa de empresas
multinacionais.
É o caso da Union Carbide, da Copebras e da Companhia Brasileira de
Estireno, instaladas na região da Baixada Santista, e que produziam
polietileno e poliestireno a partir do eteno produzido pela Petrobras.
Também em São Paulo, a Solvay produzia PVC a partir de acetileno.
Dez anos depois, a carência de produtos petroquímicos básicos para
satisfazer a demanda reprimida começou a ficar evidente: sem investimentos,
a produção esteve praticamente estagnada. Por um lado a Petrobras
priorizava as áreas de exploração, produção, refino e transporte,
deixando as atividades petroquímicas e de distribuição para o setor
privado. Por outro, as empresas multinacionais aguardavam uma definição
do Governo Federal para investir.
Foi quando o governo promulgou o decreto nº 556.571 – o chamado “Decreto
para criar base para o desenvolvimento da indústria petroquímica”
– onde distinguia o campo de refino, para efeito de monopólio, e o
campo da indústria petroquímica. Listou os produtos petroquímicos
básicos que estavam fora do monopólio e adotou uma definição transparente.
Pelo Decreto 53.975/64 foi criado o Grupo Executivo da Indústria Química
– Geiquim, órgão vinculado ao Ministério da Indústria e Comercio,
mas que trazia representantes dos Ministérios da Fazenda, do Exército,
do Planejamento, das Minas e Energia, da Agricultura, da Educação
e Saúde, do Banco do Brasil, do Banco Central, do Conselho de Política
Aduaneira, além da CNI e da Abiquim. Dentro do Conselho Nacional do
Petróleo – CNP, foi criada também a Comissão Especial de Petroquímica.
Exatamente nesse ano, os empresários dos Grupos Soares Sampaio, Ultra
e Moreira Sales – proprietários da maior refinaria privada do país
– começaram a desenvolver os estudos para implantar uma megaindústria
produtora de eteno em Mauá, ao lado da Refinaria de Exploração de
Petró- leo União – atual Recap – com capacidade instalada para produzir
186 mil toneladas anuais. Por ser a principal região industrial e
maior centro de consumo do país, era natural que os empreendimentos
fossem implantados no Estado de São Paulo.
“A Petroquímica União foi pioneira. O Brasil começou a ver instalações
petroquímicas na década de 1950, mas a primeira metade dos anos 60
foi marcada pela estagnação. A Petroquímica União marca, na segunda
metade da década de 1960, a retomada dos investimentos petroquímicos
no país”, resume Otto Vicente Perrone, ex-presidente do Instituto
Brasileiro do Petróleo e Gás.
Nas primeiras conversas, o grupo procurou convidar poderosos sócios
internacionais – a própria Union Carbide e a Gulf Oil Corporation,
com quem apresentou o primeiro projeto ao Geiquim. Com as primeiras
tentativas frustradas, o projeto conseguiu atrair a Phillips Petroleum.
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O início da estatização
Um dos pontos do projeto da criação da Petroquímica União apontava
o aumento da capacidade de processamento na Refinaria União – o que
era vedado por lei – com a finalidade de atender à nova necessidade
de matéria-prima. Como a Refinaria União não conseguiu permissão para
sua expansão, o grupo empreendedor voltou sua atenção à Petrobras,
para garantir o fornecimento de nafta para o empreendimento.
A proposta apresentada também não era legalmente permitida: a associação
da Petrobras ao empreendimento. Para contornar o problema, foi criada,
em 1967, a Petroquisa – uma subsidiária 100%, legalmente habilitada
para participar de associações minoritárias, conforme previa no seu
Estatuto e o decreto 61.891/67, que a criou.
Em junho de 1968, a Phillips Petroleum desistiu do empreendimento.
Aí foi o momento da entrada da Petroquisa. Como toda grande oil company,
a Petrobras sempre participou da atividade petroquímica – isso é da
natureza do negócio da indústria do petróleo, nem que seja participar
na interface refino / cracker.
Em meio às negociações, a Petroquímica União ia tomando novos formatos.
Em 1969, os empreendedores levaram ao Geiquim o projeto de ampliação
da capacidade original, que passava para 300 mil toneladas anuais.
Ao mesmo tempo, a International Finance Corporation entrou na formação
do equity societário, aportando novos recursos.
O projeto básico das unidades foi contratado com a Lummus, enquanto
que a engenharia e a supervisão de montagem ficaram a cargo da Société
Française des Techniques Lummus - subsidiária da primeira. Os trabalhos
de construção e montagem se iniciaram com o lançamento da pedra fundamental
em 11 de abril de 1969.
No mesmo ano, os Grupos Moreira Sales e Soares Sampaio comunicaram
a fusão de suas participações, transferindo seus ativos na PQU para
uma nova empresa, a Unipar. O problema era que a participação acionária
da Petroquisa não poderia ser inferior à de qualquer outro acionista,
e a maioria do capital teria que ser nacional e privado – conceito
criado pela Petrobras, e utilizado em outros empreendimentos.
Não bastasse isso, o orçamento do projeto crescia a cada instante:
em maio de 1969, a estimativa para produção de 300 mil toneladas de
eteno girava em US$ 61 milhões. Um ano depois, o projeto passava de
US$ 74 milhões para US$ 95 milhões. Em maio de 1971, já havia atingido
US$ 125 milhões – em dois anos, o projeto dobrava seu orçamento.
Às vésperas de ser inaugurado, em abril de 1972, o Grupo Ultra deixou
o empreendimento, repassando suas ações à Petroquisa – como ditava
o direito de preferência dos demais acionistas. Em julho de 1975,
com a necessidade adicional de recursos, a Petroquisa aportou dinheiro
e assumiu o controle da Petroquímica União.
“Todo pioneirismo carrega as dificuldades inerentes às novidades.
A concepção do projeto é muito diferente do que hoje é a Petroquímica
União. De uma configuração privada, a PQU inicia suas operações já
estatal: a Petroquisa substitui a participação de alguns acionistas,
e aumenta sua participação, porque nesse período passamos por mudanças
políticas e algumas dificuldades com o aporte de recursos – o que
não significa que foi melhor ou pior, mas uma evolução do projeto”,
avalia Roberto Garcia, atual presidente do Conselho de Administração
da empresa. |
Soleinidade de inauguração da Petroquímica União |
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O elo entre o refino e a produção de resinas
A implantação da Petroquímica União foi o ponto de partida para a
criação organizada e equilibrada do pólo petroquímico de Capuava,
o primeiro do Brasil, composto basicamente de uma refinaria, uma central
de matérias-primas e de outras 39 empresas, que se abasteciam de produtos
básicos e intermediários gerados na central. “A partir da Petroquímica
União inicia-se, de fato, o ciclo de implantação da indústria petroquímica
brasileira. A PQU tem uma posição muito importante: faz a ligação
entre o refino e a produção de resinas, e estimula a instalação de
outros projetos petroquímicos ao seu redor, visando a transformação
de correntes produzidas nessa central. Surge então o pólo petroquímico
de São Paulo”, lembra Roberto Garcia.
Em 15 de junho de 1972 a Petroquímica União iniciou suas operações,
inaugurando a primeira fase do projeto, com capacidade para produzir
180 mil toneladas de eteno. “É o único pólo petroquímico do Brasil
que engloba desde a refinaria até a terceira geração. Sua importância
não é só histórica, por ter sido o primeiro pólo petroquímico criado
no Brasil, mas também estratégica, porque abastece o mercado de maior
consumo no país, a região Sudeste”, avalia Fernando Mieli, diretor
da Petroquímica União.
A segunda fase do projeto foi concluída em março de 1974, atingindo,
então, a capacidade nominal de 300 mil toneladas anuais. No mesmo
ano, a extensão do gasoduto ligando a central à unidade da Union Carbide,
em Cubatão foi concluída.
Entre 1977 e 1978, novas unidades de alquibenzenos – com engenharia
própria – e propeno foram implantadas na central. Em novembro de 1980,
entrou em operação o projeto DBN I – Debottlenecking, para a eliminação
de gargalos na produção – aumentando a produção de eteno para 360
mil toneladas por ano.
Com o desenvolvimento industrial do país, a demanda por produtos petroquímicos
exigiu novas ampliações. O final da década marca a entrada em operação
de um segundo pólo petroquímico no país: devido uma política de desconcentração
da atividade industrial e econômica, o governo resolve implantar uma
indústria petroquímica na Bahia – assim nascia a Copene, com uma produção
de petroquímicos básicos já superior à Petroquímica União. “Naquela
época, havia uma política estratégica do governo, para diminuir os
desníveis regionais de desenvolvimento no país”, sublinha Otto Perrone.
Na mesma época são iniciadas as negociações para a instalação de um
terceiro pólo petroquímico no país, desta vez no Estado do Rio Grande
do Sul. Se por um lado esses novos empreendimentos nasciam com capacidades
superiores à produção da PQU, por outro os estudos levavam em consideração
o aprendizado adquirido com a implantação do primeiro pólo paulista.
Isso sem contar o famoso modelo tripartite, onde o capital da empresa
era dividido em três partes, onde participavam o Governo Federal –
através da Petrobras – empresários nacionais e empresas estrangeiras.
Esse modelo, diferente do praticado em outros países, pode ter causado
alguns problemas – como a criação de empresas monoprodutoras e a fragmentação
do setor – mas se mostrou bastante adequado para acelerar o crescimento
do setor petroquímico nacional.
A década de 1980 também trouxe novidades para a PQU: a unidade de
resinas de petróleo, produzindo 10 mil toneladas por ano do produto,
comercializado com a marca Unilene, que tem larga aplicação nas indústrias
de tintas, adesivos e borrachas. Em 1986, um novo sistema de bombeio
de óleo combustível entrou em operação, contribuindo para a redução
de consumo de energia na empresa.
Dois anos mais tarde, o Centro de Controle Operacional, que abriga
o sistema de instrumentação digital, foi inaugurado, e foram entregues
o 16º forno de pirólise de nafta, duas novas esferas de butenos e
um tanque adicional de nafta. No ano seguinte, a Petroquímica União
iniciou o programa de modernização dos fornos de pirólise de nafta
– concluído em 1992. |
Nova política governamental (e a PQU volta
a ser privada)
Oinício da década de 1990 ficou marcado como um período muito difícil
para a indústria química, com brusca redução de barreiras aduaneiras,
numa época de recessão mundial, o que acarretou uma acentuada redução
de preço dos produtos no Brasil, comprometendo a rentabilidade das
empresas.
Neste período o Governo Federal decidiu alienar as participações societárias
da Petroquisa nas empresas de segunda geração e limitar a 15% a participação
nas centrais petroquímicas. A Petroquímica União foi incluída no Programa
Nacional de Desestatização em 1991.
Após a avaliação econômico-financeira realizada pelo BNDES, o governo
levou a central à leilão, realizado em 1994, vencido por um grupo
de investidores formado pela Unipar, Itaú, Odebrecht, Polibrasil,
Union Carbide, Oxiteno e Unigel. Os funcionários se organizaram em
uma empresa – a Sociedade dos Empregados da Petroquímica União (SEP)
– e adquiriram 10% do capital.
No mesmo ano, a Union Carbide adquiriu os ativos do Banco Itaú – ações
que seriam herdadas pela Dow, em 1999, época da compra global da Union
Carbide. Em 1996, a Unipar adquiriu as ações da Odebrecht Química,
continuando a deter a maior parcela do capital votante – 37,18%. “A
Petroquímica União, que nasceu da concepção de grupos privados, teve
seu momento de estatal, e voltava a ser uma empresa privada”, resume
o presidente do Conselho de Administração.
A relação entre a Petroquímica União e a Petrobras, mesmo sendo uma
acionista minoritária, estava restringida ao fornecimento de matérias-primas.
Desde que foi privatizada, a Petroquímica União passou por uma fase
de reorganização. Mesmo encravada no meio do mercado consumidor, a
empresa via a produção de suas concorrentes tomar conta do cenário
nacional.
Para manter a competitividade, a PQU investiu, no período de 1964
a 1997, US$ 56 milhões em adequação à legislação de segurança no trabalho,
saúde ocupacional e meio ambiente. Além dos US$ 204 milhões na expansão
da capacidade produtiva, atualização tecnológica e modernização da
planta.
Em 1996, a empresa iniciou a operação do projeto DBN II, permitindo
que a produção passasse de 360 mil para 500 mil toneladas de eteno
por ano. “A Petroquímica União deu um salto tecnológico. Foi introduzida
uma série de melhorias nos compressores, na instrumentação, e nos
fornos”, conta Wilson Matsumoto.
Paralelamente, a empresa implementou programas de reengenharia e otimização,
buscando melhorar a produtividade. Para se ter uma idéia, a modernização
permitiu à PQU trabalhar os últimos seis anos ininterruptamente –
a parada para manutenção da planta está prevista para o próximo mês.
“Estamos completando seis anos de operação ininterrupta. É a primeira
central do Brasil, e uma das poucas no mundo, a realizar uma campanha
tão longa”, conta o diretor-superintendente da PQU.
No ano passado, apesar do custo da nafta e da retração na demanda,
que afetaram os resultados do setor petroquímico, a PQU manteve-se
no azul devido ao baixo nível de endividamento e de custo financeiro.
Também contribuiu o elevado fator operacional, de 92%. “No ano passado,
o quinto da campanha, trabalhamos com um índice de continuidade de
100%. Esse é um dado muito significativo na indústria petroquímica
mundial: coloca a empresa entre os dez melhores resultados do mundo”,
comemora Cesar Barlem, diretor da PQU.
Recentemente, a empresa passou a comercializar gasolina – vendeu 164
mil toneladas no ano passado, o que representa 8% de todo o volume
de produtos da PQU, ou 2% do mercado da região metropolitana de São
Paulo.
“Devemos comercializar GLP a partir do segundo semestre. Sempre há
um ‘plus’ marginal”, conta Fernando Miéli. Incluir foto “Japa”, gravado
no ano passado, mas que não foi utilizada Incluir foto publicada na
C&I 70 – pg 26 |
Acionistas discutem “Nova PQU”
Consilidando o processo de privatização, a Petroquímica União, a exemplo
do setor petroquímico nacional, entra agora em um processo de maior
valorização. O novo ciclo vem sendo caracterizado pela busca da competitividade,
com o objetivo de elevar as empresas do setor à condição de players
internacionais.
O principal desafio é compor estruturas integradas entre primeira
e segunda geração – quem sabe até incluindo o setor de refino, produtor
de matéria-prima para a petroquímica. “Não acreditamos que o negócio
petroquímico, tão compartimentado como é no Brasil, possa dar certo
no futuro”, avalia Roberto Garcia, presidente do Grupo Unipar.
Descrito assim, de forma simplificada, pode parecer uma fórmula mágica.
Mas o processo de privatização do setor abriu espaço para o emaranhado
de participações, e como conseqüência, o inevitável conflito causado
pela presença de grupos concorrentes, com interesses distintos, na
composição acionária da central petroquímica.
Maior acionista da Petroquímica União, a Unipar defende a integração
da central com as empresas de segunda geração. “À medida que você
tem diversos elos entre a produção de nafta e a resina, existem custos,
e isso afeta a competitividade”, avalia Roberto Garcia.
O primeiro passo é identificar as sinergias que existem entre a Refinaria
de Capuava – Recap e a Petroquímica União, para o abastecimento de
matérias-primas. Paralelamente, as empresas de segunda geração, principalmente
a Polietilenos União e a Unipar Divisão Química, vêm identificando
os ganhos que podem ser ocasionados pela integração. “Estamos discutindo
com a Petrobras uma nova política de abastecimento, considerando não
só a Recap, mas as quatro refinarias paulistas, que produzem mais
nafta do que o necessário para a central. Em paralelo, vamos identificar
as empresas que poderiam ser agregadas ao negócio da Petroquímica
União. Num primeiro momento aparecem as empresas onde a Unipar detém
100% das ações, porque a Unipar é a maior acionista da PQU”, conta
Roberto Garcia.
O modelo ideal ainda está sendo estudado, mas a tese é banir a segmentação
característica do setor petroquímico brasileiro.
O projeto poderá ainda integrar o ativo resultante da Nova Petroquímica
União com a Rio Polímeros, na chamada Petroquímica do Sudeste. Maior
acionista da PQU, com 37% do capital, a Unipar também detém 33% da
Rio Polímeros, dividindo o controle com a Suzano que detém outros
33% da Rio Polímeros – a Suzano detém também metade da Polibrasil,
que consome petroquímicos básicos da PQU.
A Petrobras também é peça fundamental no processo de formação da Petroquímica
do Sudeste. A companhia está presente na composição acionária da PQU
– através da Petroquisa – e da Rio Polímeros, e é a fornecedora de
matérias-primas para os dois empreendimentos. “A busca da competitividade
não é um projeto impossível: a estrutura é boa, não estamos pensando
em uma indústria com base em insumo importado, todo o conjunto de
empresas de São Paulo tem um índice de endividamento baixo, o que
permitiria buscar uma alavancagem financeira para um crescimento.
Todas as condições naturais para esse crescimento existem. O que precisa
ser feito é um ajuste nas peças”, conta Roberto Garcia.
Ampliação
Enquanto isso, a Petroquímica União vem negociando com a Petrobras
o fornecimento de gás de refinaria para ampliar a produção de eteno.
Com investimentos previstos de US$ 100 milhões, a PQU deverá ampliar
a produção em até 40%, passando das atuais 500 mil toneladas/ano para
700 mil t/ano do produto, a partir da utilização de gás de refinaria.
As negociações de fornecimento e o projeto de engenharia básica da
unidade de processamento do gás de refinaria vêm sendo discutidos
entre a PQU e a Petrobras.
Para se ter uma idéia, o mercado potencial – atingido geograficamente
pela Petroquímica União – representa 75% do consumo de petroquímicos
no País, mas a empresa atende apenas 30% da demanda nessa região.
Os dirigentes da empresa vêm analisando a viabilidade técnica e econômica
do projeto. Em paralelo, há um trabalho para obter o licenciamento
ambiental para a ampliação. “Temos todas as condições colocadas, o
que precisamos é, assim que concluída a análise de viabilidade técnica,
avaliar as questões comerciais de matéria-prima para analisar a viabilidade
econômica do projeto”, conta o diretor-superintendente da PQU.
No início do mês, a empresa assinou com o Centro de Pesquisas da Petrobras
o contrato referente a realização do projeto de engenharia básica
da Unidade de Processamento de Gás de Refinaria.
A matéria-prima será fornecida pela Refinaria Henrique Lage – Revap,
localizada a 100 km da central. Na Refinaria deverá ser instalada
uma unidade para tratamento de impurezas do gás, antes de ser transportado
por um duto até a central petroquímica, onde será instalada a unidade
de processamento do gás.
O gás de refinaria - uma mistura de gases produzida durante o craqueamento
catalítico, normalmente utilizada como combustível em fornos e caldeiras
– contém 50% da massa de etano e eteno, e 50% de metano. Após a separação,
o etano e o eteno seguem para a “zona fria” do processo de produção
da Petroquímica União, enquanto o gás metano será usado no projeto
de co-geração de energia, ou nas próprias caldeiras da PQU.
Essa ampliação faz parte de um projeto ainda maior, que deverá duplicar
a capacidade de produção – idéia apontada como única alternativa para
garantir a competitividade do pólo petroquímico de Capuava frente
aos pólos do Sul e do Nordeste.
A ampliação de 200 mil toneladas na produção de eteno poderá ser processada
pela Polietilenos União – que dobraria de tamanho. Mas a duplicação
do Pólo Petroquímico poderá atrair investimentos também na terceira
geração. |
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Infra-estrutura
Parte dos investimentos em curso estão voltados a garantir infra-estrutura
futura às expansões previstas. A Rolls Royce investe US$ 230 milhões
no projeto de co-geração que será instalado dentro da PQU, com capacidade
para 240 MW e 250 toneladas de vapor.
Para garantir o abastecimento de água industrial, cerca de R$ 30 milhões
serão aplicados no projeto Aquapolo, baseado na captação de 500 litros
de água por segundo do rio Tietê. O investimento beneficiará onze
empresas instaladas no Pólo. Há, também, estudos para o reuso da água
gerada pelo tratamento de esgotos das cidades de Mauá e Santo André.
“A prioridade é o reuso do efluente municipal, que contém baixa concentração
de sais. “Somente se o reaproveitamento do esgoto municipal não se
viabilizar é que optaremos pelo projeto Aquapolo”, diz Jorge Rosa,
assessor de desenvolvimento de negócios da Petroquímica União. |
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