As crises do petróleo despertaram
o Brasil e o mundo para o fato de que era preciso encontrar soluções locais
para o problema energético. De fato, ainda hoje a OPEP detém mais de 60%
das reservas de petróleo do mundo; no final dos anos 70, a situação parecia
ainda pior. No Brasil, a Petrobras foi chamada a reforçar as buscas pelo
ouro negro e várias outras entidades – entre empresas, universidades e
centros de pesquisa – começaram a pontuar a necessidade de se usar energias
alternativas. Nascia o Pró-Álcool.
Em meio ao agito político-econômico que marcou o final daquela década,
surgia também a necessidade de se criar um veículo de comunicação técnica
para suprir as diversas comunidades envolvidas na busca de soluções. Era
preciso informar o que se estava fazendo mas, ainda mais importante, ajudar
na formação de brasileiros que ingressavam nos setores de petróleo, gás,
petroquímica e química, setores dominados por profissionais de fora.
Da idealização até a efetiva materialização do veículo de comunicação,
passando por registros hoje impensáveis como o da Polícia Federal – obrigatório
à época para cobrir o setor –, foram dois anos. Os jornalistas e fotógrafos,
credenciados; as pautas e o mailing, previamente censurados. O título
deveria ser abrangente o suficiente para ser representativo para todas
as comunidades envolvidas: da prospecção à distribuição de petróleo e
gás, incluindo o ensino e as pesquisas, a tecnologia, os negócios, a operação
e a química. Deveria atender um range de público muito grande sem se perder.
O refino e os produtos daí derivados, bem como a petroquímica, deveriam
ser contemplados.
PETRO & QUÍMICA. PETRO de petróleo e gás (associado ou não); QUÍMICA de
todos os processos químicos envolvidos; petroquímica como um todo. Missão:
formar e informar esses setores sobre seus negócios – fechados e em andamento
–, sobre serviços, produtos e tecnologias disponíveis. Mas o Brasil é
maior que seus problemas. A política mudou, a economia teve seus altos
e baixos e a Petrobras soube superar-se a si própria. A Petro & Química
acompanhou todos os momentos dos setores que cobre e sofreu também com
as intempéries da economia, passando por três editoras diferentes mas,
reconhecida sua importância pelo mercado, nunca ficou mais de dois meses
sem circular. Pode-se dizer mesmo que a Petro & Química carrega em si
o sonho, o compromentimento e o profissionalismo, pois, esses três componentes
foram decisivos para que um funcionário decidisse arcar com os custos
de adquirir aquele e os outros veículos técnicos originários da mesma
editora-mãe.
Se na década de 70 as crises de 1973 e 1979 impulsionaram a descoberta
de vários campos como Tainha (SE), Cavala (AL), Agulha (RN) e a própria
Bacia de Campos, a construção de novas refinarias e a implantação do Pólo
Petroquímico de Camaçari (BA), a marca da década de 80 são os “Sistemas
de Produção Antecipada” a descoberta de Urucu (AM) e a contagem regressiva
para os trabalhos em águas profundas. Isso se deu com o início do desenvolvimento
do Campo de Marlim, através de projeto piloto.
No começo dos anos 80, a Petro & Química elaborou para o IBP – Instituto
Brasileiro de Petróleo o CCP – Catálogo Composto da Petrobras, embrião
de todos os Guias do setor. A Petro & Química foi evoluindo com suas versões
impressas do Guia de Compras para Anuário – Guia do Comprador e, há dois
anos, mantém a lista em seus sites, de acesso gratuito.
Numa verdadeira avalanche de sucessos, a Petrobras ia exigindo cada vez
mais de seus fornecedores. Ao contrário da estatal, ao final da década
de 80, início dos anos 90, a indústria nacional estava perdendo suas empresas
de engenharia. Mas a Petrobras seguia firme no rumo do estado-da-arte.
Tanto que o primeiro robô submarino veio logo em 87, com projeto e construção
brasileiros.
No mesmo ano em que a Petrobras ganhava seu primeiro Prêmio OTC como a
empresa que mais contribuiu para o desenvolvimento tecnológico de toda
a indústria offshore mundial, o Brasil estava mergulhado no debate das
privatizações. O resultado de uma pesquisa realizada pela Petro & Química
sobre a privatização da Petroquímica brasileira e mesmo da Petrobras revelava
que os leitores estavam preocupados com a forma como isso seria conduzido
e, portanto, eram em sua maioria, contrários àquela política.
A Petro & Química recebe um estudo sobre a privatização da petroquímica
brasileira – tripartite até então – que teria sido supostamente encomendada
pela Abiquim e que defendia que os ganhos só aconteceriam se uma empresa
trabalhasse a cadeia toda. Como era o caso da Petroquisa. O estudo não
foi publicado por motivos relacionados ao direito das comunicações. Naquele
ano, foram privatizadas a Indag, a Petroflex, a Copesul, a CNA, a Nitriflex,
a Fosfértil, a Polisul, a PPH, a Goiasfértil e a CBE. No ano seguinte,
privatizaram-se a Poliolefinas e a Ultrafértil. Em paralelo corriam as
privatizações da telecomunicação e da energia e a Petrobras sentia sérias
restrições orçamentárias.
Até a posse do atual presidente da Petrobras, Henri Phillippe Reichstul,
o receio de que a Petrobras fosse privatizada era grande. Ainda se aventa
a hipótese, sob alegação de que a reestruturação da estatal seria apenas
um meio de facilitar sua venda por partes. Mas, o que de fato existe é
a flexibilização do monopólio da exploração e produção e, em breve, a
quebra do monopólio de fato do refino. Se alguém, além da Petrobras vai
investir, é ainda duvidoso.
A criação da ANP e sua condução, até o momento, têm gerado poucas controvérsias.
Entre as agências reguladoras, tem sido a mais técnica e transparente,
talvez por tratar de bem tão precioso para o mundo inteiro. A perspectiva
de que ANP associe-se à Aneel foi levantada várias vazes e ainda não foi
totalmente descartada. Talvez seja a saída para amenizar as grandes questões
energéticas brasileiras que buscaram, mais uma vez, apoio na Petrobras.
Os próximos anos serão marcados por uma competição ainda maior. As não-garantias
são as únicas certezas econômicas. Mas pode-se apostar, com menores riscos
de perda, que empresas que enfrentaram esses maremotos das últimas três
décadas têm maiores chances de sobreviver. Principalmente, se guardam
em si valores como profissionalismo, comprometimento e sonho.
Nossos parabéns para todos os profissionais que temos acompanhado durante
nossa breve história. São muitos. Alguns ainda encontramos no batente.
Outros aposentaram-se ou nos iluminam, de alguma forma. São pessoas de
empresas de equipamentos – muitos “valvuleiros”, gente de automação, de
tubos... –, de serviços – saudades de muitos amigos da antiga Ceman e
de tantas empresas de engenharia... –, pesquisadores, operadores, diretores...
E parabéns também para os novos amigos: os que estão chegando com os novos
players do setor, os que estamos conhecendo agora. Porque saber de onde
se vem é muito bonito porque teremos sempre a quem perguntar e a quem
agradecer.
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