Notícias 2017 - Revista Petro&Química
 

São Paulo, 29 de setembro de 2017


Especialistas debatem os desafios do descomissionamento de projetos de petróleo no IBP

 

Na terceira edição do Ciclo de Debates sobre Petróleo e Economia de 2017, o Instituto Brasileiro de Petróleo debateu os desafios do descomissionamento para a competitividade de projetos petrolíferos no Brasil. O tema é abordado no momento em que bacias marítimas brasileiras atingiram sua maturidade exploratória. Além disso, o avanço da exploração de reservas de petróleo e gás levanta questionamentos quanto ao final da vida útil de um projeto e ao descomissionamento das estruturas utilizadas.

“O momento não poderia ser mais atual, no Brasil e no mundo, e apropriado para falar de descomissionamento, que é uma etapa do processo de desenvolvimento do petróleo. Uma etapa, aliás, que pode vir a acontecer depois de 30 ou até 40 anos, exigindo um planejamento, uma execução e uma análise socioeconômica e ambiental bem feitas”, disse Antonio Guimarães, secretário executivo de E&P do IBP.

O professor Edmar Almeida, do Grupo de Economia da Energia do IE/UFRJ, apontou, com base em estimativas da consultoria IHS Markit, que os gastos globais por ano com descomissionamento offshore devem mais que quadruplicar até 2040 e o montante total dispendido pode atingir US$ 210 bilhões nos próximos 25 anos. De acordo com o superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da Agência Nacional do Petróleo, Marcelo Mafra, 42% das instalações offshore de produção existentes no Brasil hoje estão em operação há mais de 25 anos.

O contexto do descomissionamento no Brasil é desafiador devido ao perfil das plataformas brasileiras, caracterizado por uma participação relevante de estruturas mais complexas – do total das plataformas no país, 57% são unidades fixas, 24% são do tipo FPSO, 14% são semi-submersíveis e 5% de outros tipos. Outro desafio está na localização dessas plataformas – 17% das plataformas encontram-se em águas profundas acima de 400 metros e 25% em lâmina d’água maior que mil metros.

“As exigências sociais e ambientais do descomissionamento evoluem de acordo com o avanço tecnológico e também com a complexidade dos projetos. A presença de campos de grande complexidade tecnológica aumenta o desafio”, afirmou Edmar Almeida. “O Brasil não irá encontrar exemplos vindos de fora. Da mesma forma que fomos pioneiros na inovação tecnológica para produção offshore, vamos liderar esse processo”, concluiu.

Ainda que os desafios sejam muitos e a regulação brasileira deixe lacunas sobre quais sejam as melhores práticas, o gerente de descomissionamento da Petrobras, Eduardo Zacaron, acredita que já existem tecnologia e benchmark internacional que torna o Brasil hábil a descomissionar alguns tipos de equipamentos. “O descomissionamento de poços, plataformas e sistemas submarinos tem cronogramas diferentes e podem ser avaliados separadamente”, disse o executivo da empresa operadora da maioria das plataformas a serem descomissionadas em breve no Brasil. “Os altos custos de descomissionamento, porém, podem inviabilizar novos projetos em campos maduros”.

 
 
 

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