São Paulo, 18 de abril de 2016

Investimentos em downstream dependem de transparência nas regras

 

A atratividade dos ativos de logística e distribuição da Petrobras depende de regras claras para a precificação e tributação dos derivados. A empresa já anunciou que os ativos que fazem parte da logística primária – principalmente cabotagem e oleodutos – não estão no foco de seus investimentos. O desafio, para quem está interessado em investir, é entender a economicidade desses ativos. “Até então, boa parte dessa logística estava incluída nos preços – porque a maior parte do volume de derivados é vendida no destino. Quando esses volumes passam a ser vendidos na origem, a logística passa a ser precificada. E somente na hora em que começamos a valorizar essa logística, conseguimos entender a economicidade desses ativos”, ressalta o vice-presidente de Logística, Distribuição & Trading da Raízen, Leonardo Gadotti Filho.

Embora reconheça que o desinvestimento da Petrobras abra uma “tremenda janela de oportunidade para investimentos” não apenas na aquisição dos ativos em operação, mas também na infraestrutura necessária para suportar o crescimento da demanda de derivados e em ganhos de eficiência, Gadotti cita a tributação da atividade como uma preocupação. Isso porque essas infraestruturas são interestaduais, com alíquotas diferentes em cada região.

Gadotti participou hoje à tarde do workshop Mercado de Combustíveis no Brasil, realizado pela Federação das Indústrias de São Paulo.

No evento, o superintendente adjunto de Abastecimento da Agência Nacional do Petróleo, Rubens Cerqueira Freitas, voltou a apresentar as projeções de crescimento da demanda de derivados previstas pela ANP – que aponta um déficit de até 480 mil barris por dia de diesel e 410 mil barris por dia de gasolina em 2030 caso o Produto interno Bruto cresça a 3% ao ano e nenhuma nova refinaria seja construída no país.

Para que essas oportunidades se transformem em investimentos – em novas refinarias ou em infraestrutura logística de importação – ainda será necessário resolver a precificação dos derivados no Brasil. “Tendo uma regra clara, dando previsibilidade, haverá muitos interessados. Porque é possível fazer as contas do resultado desse investimento”, explica Gadotti.

 
 
 

<<< voltar ao índice