São Paulo, 11 de setembro de 2014

Shale gas e carvão impulsionam expansão da oferta global de eteno


A entrada em operação de novas plantas petroquímicas nos EUA, Canadá e México deve será um impulso às exportações de polietilenos. Pelas projeções da IHS, a exportação líquida deve chegar a 6,5 milhões de toneladas até 2019 – atualmente o volume exportado pelos produtores instalados na região soma 2,8 milhões de toneladas por ano. E os principais destinos serão a América do Sul – que não verá uma adição à capacidade até o fim desta década – e a Ásia – que mesmo com a construção de novas petroquímicas na China ainda verá seu déficit crescer.

Até 2019 a oferta global de polietilenos cresce 23 milhões de toneladas. A demanda, atualmente em 84,8 milhões de toneladas, deve atingir 105,4 milhões de toneladas em 2019 – um crescimento médio de 4,9% ao ano, aponta o levantamento, apresentado pelo diretor Global de Poliolefinas e Plásticos da IHS, Nick Vafiadis, na Conferência Latino-americana sobre Polímeros e Petroquímicos, realizada hoje em São Paulo.

Até 2019, a construção de novas plantas petroquímicas adiciona 10,7 milhões de toneladas de eteno e 9,9 milhões de toneladas de polietilenos à capacidade instalada na América do Norte. Essa soma nem contabiliza o projeto Ascent – anunciado pela Braskem. “Entre 2009 e 2013 tivemos mais 25 milhões de toneladas de capacidade no mundo – a maior parte adicionada no Oriente Médio e Ásia. Nos próximos anos veremos que a situação é bem diferente. Temos aumentos na Ásia e Oriente Médio, mas mudanças significativas principalmente na América do Norte, devido ao baixo custo do etano”, observa Vafiadis.

O advento do shale gas fez com que os preços do gás natural se descolassem dos preços do petróleo – para aproximadamente 25% do custo equivalente em BTU. Isso modificou o parâmetro de competitividade das resinas produzidas nos EUA – nos últimos anos, as taxas de operação das plantas petroquímicas americanas superam os 90%. “Um delta significativo se abriu entre as diversas matérias-primas. Esperamos que os preços do etano, que estão em níveis muito próximos do gás natural, aumentem a partir de 2016 ou 2017 à medida que a entrada em operação dessas novas unidades aumente a demanda. Mas a questão é que o etano, justamente devido ao shale gas, está se tornando uma vantagem não apenas a curto prazo, mas de forma sustentável em relação a outras matérias-primas”.

Atualmente, a precificação do eteno e dos polietilenos é balizada pelos preços da nafta – que atende a 46% do suprimento de matéria-prima para a produção de eteno. Com a entrada em operação das novas unidades na América do Norte e Ásia, o etano deve ampliar a sua fatia – atualmente em 36% – da mesma forma que a produção a partir de carvão e metanol, que representa menos de 1%, crescerá com os novos projetos na China. Nos últimos cinco anos, os preços da tonelada de eteno no mercado norte-americano caíram de US$ 800 para menos de US$ 400 – bem próximo da cotação no Oriente Médio. Nesse período, a capacidade de produção de eteno cresceu 25 milhões de toneladas, a maior parte no Oriente Médio e Ásia. Para os próximos cinco anos, os novos projetos acrescentam 31 milhões de toneladas – o que representa um crescimento médio de 3,9% ao ano na capacidade. A demanda, segundo as projeções da IHS, cresce 4,1% no período 2014-2019.


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