Rio de Janeiro, 19 de maio de 2008

Congresso: Petroquímicas defendem nova política de precificação para nafta


Depois que a Petrobras descobriu as mega reservas de petróleo abaixo da camada de sal, a indústria petroquímica não tem dúvidas de que chegou a hora de repensar o negócio. As premissas de que o Brasil não possuía matéria-prima competitiva – em quantidade e qualidade – suficiente para suportar uma petroquímica de escala internacional já não são mais válidas. As novas descobertas mudam completamente esse quadro. “Isso é um divisor de águas. Temos que olhar o futuro com olhos muito mais ambiciosos”, disse o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, no painel “A nova indústria química sul americana”, no 8º Congresso Brasileiro de Petroquímica.

Durante sua palestra, o executivo mostrou que o redesenho do setor petroquímico – da qual a Braskem foi protagonista – tem um impacto muito importante na geração de caixa das empresas brasileiras – e com isso uma capacidade de realizar novos investimentos, em linha com a indústria mundial, que combina grandes escalas de produção, tecnologia atualizada e acesso a matéria-prima competitiva.

Os movimentos de consolidação encabeçados pela Braskem a transformaram numa empresa com receita líquida de US$ 12 bilhões – o terceiro maior produtor de resinas termoplásticas da América, atrás apenas da ExxonMobil e da Dow.

O presidente da Unipar, Roberto Garcia, lembra que o sucesso da indústria petroquímica no Brasil se deu por uma integração do bloco de refino da Petrobras com as centrais petroquímicas. E que essa aliança responderá pelo desenvolvimento do setor. Assim como a Braskem, a criação da Companhia Petroquímica do Sudeste – que irá integrar PQU, Riopol, Polietilenos União, Nova Petroquímica e Unipar Química – nasce com ganho de escala e mais competitiva do que a soma de todos esses ativos separados. “A CPS nasce como a sétima empresa petroquímica das Américas”.

A lição de casa está “razoavelmente feita”, na visão de Garcia. Agora falta rever o papel das matérias-primas sobre a cadeia – nos últimos tempos, o executivo acostumou-se a falar de “matéria-prima brasileira para a petroquímica brasileira”. A evolução do preço do petróleo e do gás natural trouxe uma nova referencia para o setor petroquímico: o custo da nafta representa 83% da receita da PQU e o gás natural consome 63% da receita da Riopol. “Não foi gratuitamente que grandes empresas americanas e européias migraram para a Arábia Saudita, onde matéria-prima se dá com outros paradigmas. Será difícil ter uma indústria petroquímica brasileira competitiva com parâmetros e referencias de matéria-prima americanos e europeus”.

Até mesmo o ex-ministro Rubens Ricupero defendeu que as descobertas de petróleo na camada pré-sal elevem o Brasil a outro patamar. “Temos que ter em mente do que somos muito mais parecidos, culturalmente e comportamentalmente, com México e Venezuela do que com Noruega e Países Baixos. Não é demais nos acautelarmos em relação à necessidade de repensar a estratégia brasileira em todo esse setor”. (Flávio Bosco)


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