São Paulo, 19 de maio de 2008

Congresso: por auto-suficiência, China investe em petroquímica


O surgimento de novas plantas, especialmente no Oriente Médio e na Ásia, irá ampliar a oferta de petroquímicos. Em 2012 o mercado petroquímico terá mais 65 milhões toneladas de eteno em relação a capacidade instalada no ano 2000 – 42% dessa adição surgirá nos países do Oriente Médio (Catar, Irã, Kwuait, Arábia Saudita terão mais 26 milhões de toneladas em 2012). E não utilizam apenas o etano – o consultor mostrou uma lista de grandes projetos construídos com base em propano, butano e gases de refinaria na região do Oriente Médio. “Como resultado, vemos surgir 4 milhões de toneladas de propeno na Arábia Saudita nos próximos anos”, disse o consultor Mark Eramo, da CMAI, durante a abertura do 8º Congresso Brasileiro de Petroquímica. Mais do que isso, essas novas plantas estão redefinindo a escala mundial – os 80 maiores crackers de eteno que estão sendo erguidos no mundo, tem capacidades que variam de 800 mil a 1,4 milhão de toneladas.

Mas na Ásia as novas plantas que estão sendo erguidas na China, Cingapura, Tailândia, Taiwan e Coréia do Sul disponibilizarão 28 mil toneladas – 44% das novas capacidades mundiais. Até projetos baseados em carvão são construídos na China. “No Oriente Médio, uma área que virtualmente não há consumo, o incentivo foi o preço da matéria-prima. Na China, a estratégia é atingir a auto-suficiência”.

Alguns investimentos, que o consultor classifica como estratégicos, devem surgir na América do Sul e na Índia – muito por um desejo de estimular o desenvolvimento industrial. Mas nada de novos investimentos na parte ocidental da Europa e na América do Norte – na realidade, algumas plantas serão fechadas, dependendo da dificuldade de margens que apresentarem nos próximos anos. “A aceleração das novas capacidades se deu pelas condições de pico do ciclo. De 2004 a 2007 a ocupação das capacidades estava acima de 90%, elevando os níveis de lucratividade para as operações de eteno”.

Só que essa oferta adicional será maior do que a demanda. A produção do Oriente Médio encontrará mercado por causa de seu baixo custo. A questão vai pegar os tradicionais exportadores – e teremos uma redução dos volumes comercializados por todos os demais países. Com isso, a utilização da capacidade cairá abaixo de 90% já a partir de 2009 e mantendo-se aí até 2012. “No entanto os preços não irão cair muito nos próximos dois anos, porque a base de custo é significativamente maior do que nos ciclos anteriores”.

O consultor ressalta que, na próxima década, as novas plantas terão que ser construídas em regiões em desenvolvimento. “Os países do Oriente Médio terão restrições na disponibilidade de matérias-primas baratas para apoiar novos investimento”. (Flávio Bosco)


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