Notícias online — Junho de 2004
São Paulo, 30 de junho de 2004
Mercado interno aquece vendas de produtos químico

As industrias químicas estão assistindo um aquecimento na demanda interna. A observação foi feita pelo vice-presidente da Abiquim, José de Freitas Mascarenhas, durante a apresentação do Relatório de Valor Adicionado do setor químico brasileiro.

As margens, no entanto, continuam reprimidas - devido principalmente aos aumentos nos preços do petróleo. "Quando o mercado não cresce, fica mais complicado repassar aumentos de preços. Mas com esse crescimento, as empresas conseguem repassar parte desse aumento", observa Mascarenhas, ao avaliar o aumento nos preços dos produtos.

Em 2003, sem crescimento do mercado, o valor adicionado do setor químico caiu 6,9 pontos percentuais em relação a 2002.

Na avaliação do vice-presidente da Abiquim, o crescimento do mercado brasileiro ainda não é suficiente para estimular novos investimentos. Os principais problemas do setor são os preços das matérias-primas, a carga tributária e a volatilidade do câmbio.

"A carga tributária nos diferencia de nossos concorrentes. A impressão é que as empresas estão ganhando mais, mas grande parte desse ganho vai para o governo", explica Mascarenha.

Em 2003, a maior parcela do valor adicionado pelo segmento de produtos químicos de uso industrial foi destinada à remuneração do governo - 38,3%.

Já a parcela paga ao sistema financeiro - via juros - caiu de 61,4% para 25,3%, principalmente em decorrência da redução do endividamento na maioria das empresas e da valorização do real frente ao dólar.
As vendas internas de produtos químicos vêm mostrando uma reação positiva: nos cinco primeiros meses do ano, as vendas internas estão 10,12% maiores do que as realizadas em igual período de 2003. Só em maio, houve aumento de 13,13% em relação a abril.

A produção de químicos cresceu 3,37% em maio, na comparação com abril, e 16,11% em relação a maio de 2003. Os produtos intermediários para resinas termofixas e solventes industriais foram destaques. Nos últimos 12 meses, a produção física do setor químico aumentou 4,25%. em relação a igual mês de 2003.

De janeiro a maio, as exportações somaram US$ 2,1 bilhões, 16,1% mais em relação ao mesmo período de 2003. Em volume, as vendas ao mercado externo cresceram 3,5%, chegando a 2,8 milhões de toneladas.
No mesmo período, as importações brasileiras de produtos químicos aumentaram 24,4%, superando o valor de US$ 5 bilhões. Em volume, as importações chegaram a 8,2 milhões de toneladas, com aumento de 25,2% em comparação ao período janeiro a maio de 2003.

No mês de maio, o Brasil importou US$ 987 milhões e exportou US$ 456,6 milhões em produtos químicos. Na comparação com abril, as importações aumentaram 9,8% e as exportações cresceram 11%.

No acumulado do ano, o déficit da balança comercial brasileira de produtos químicos é ligeiramente superior a US$ 2,93 bilhões, 31% mais em comparação ao mesmo período de 2003. Segundo José Mascarenhas, o aquecimento do mercado interno reduz as exportações da indústria local e aumenta as importações de químicos.

O aumento na demanda, no entanto, ainda não cria um clima propício para novos investimentos. "O quadro geral da industria ainda não apresenta fatores favoráveis ao retorno ao investimento", finaliza Mascarenhas.




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