Notícias online — Fevereiro de 2004
São Paulo, 16 de fevereiro de 2004
Ampliação da PQU depende de "acertos comerciais"

O fornecimento de 350 mil toneladas de gás de refinaria da Petrobras para a Petroquímica União expandir sua produção de eteno depende apenas de detalhes da negociação comercial. O contrato só não foi fechado ainda porque a PQU pleiteia que o preço do insumo leve em consideração o preço médio do gás natural nacional - e não uma equação baseada no preço do gás boliviano, como quer a Petrobras.

"Não existe uma diferença absoluta determinada. O conceito está sendo definido: o preço tem uma paridade com o preço do gás boliviano, porque, ao fornecer gás de refinaria à Petroquímica União, a Petrobras vai ter que consumir gás natural (como combustível em suas refinarias)", explica o presidente do Conselho de Administração da PQU, Roberto Garcia.

O executivo argumenta que, ao direcionar o gás de refinaria para um uso mais nobre do que simplesmente queimá-lo como combustível, a Petrobras estaria atendendo ainda a um interesse do Governo de aumentar em 1,6 milhão de m³ diários a demanda de gás natural. "O Governo tem interesse em implementar um crescimento do consumo de gás natural no país. Essa ampliação demandará gás de refinaria, que por conseqüência gerará, para a Petrobras, uma demanda de consumo de gás natural, portanto o projeto tem todas as condições para merecer uma prioridade do Governo".

Essa prioridade estaria relacionada não apenas ao consumo de gás natural, mas também por ser um novo investimento. "O Governo tem uma diretriz que é priorizar novos investimentos. Na área petroquímica, novos investimentos, além de ser algo muito importante para o investidor, é importante para o Brasil", disse a ministra Dilma Roussef (Minas e Energia), que hoje esteve visitando o pólo para conhecer o projeto de ampliação.

Dilma classificou como "extremamente plausível" a proposta. "Acho que a Petrobras vai levar isso em consideração. O gás existe e é melhor que ele seja destinado a agregação de valor do que ser utilizado como combustível. Mas isso não vai significar perdas comerciais para a Petrobras. E o projeto é viável porque ganha o pólo petroquímico ao ampliar em 200 mil toneladas sua produção, e a Petrobras ganha vendendo o gás de refinaria".

Nas últimas reuniões entre os representantes da PQU e da Petrobras, ficou acertado que a petroquímica assumiria o investimento em infra-estrutura para tratamento e transporte do gás. "Haviam alguns obstáculos, entre eles o fato de que a construção dos dutos e de algumas plantas estavam sendo atribuídas à Petrobras. Em dezembro houve uma modificação: as empresas que integram o pólo assumiram o investimento, o que torna esse projeto bem mais viável", contou a ministra.

Na verdade esse projeto de ampliação de 40% da capacidade de produção da PQU já se arrasta há cerca de seis anos - nesse período, questões como o licenciamento ambiental e infra-estrutura foram sendo solucionadas, mas a questão do fornecimento de matéria-prima sempre esteve no centro das discussões. "Chegamos a um ponto de virada", disse a ministra, frisando que o Governo não interferirá na negociação comercial.

O gás de refinaria - uma mistura de gases produzida durante o craqueamento catalítico, normalmente utilizada como combustível em fornos e caldeiras - contém 50% da massa de etano e eteno, e 50% de metano. Após a separação, o etano e o eteno seguem para a "zona fria" do processo de produção da Petroquímica União, enquanto o gás metano será usado no projeto de cogeração de energia, ou nas próprias caldeiras da PQU. "Para agilizar o processo, decidimos que a petroquímica arcaria com os investimentos necessários", informa Roberto Garcia.

A matéria-prima será fornecida principalmente pela Revap, localizada a 97 km do pólo petroquímico. Na refinaria deverá ser construída uma unidade para pré-tratamento de impurezas do gás, antes de ser transportado por um duto até a central petroquímica, onde será instalado um novo forno e ainda reformulados equipamentos (compressor de gás de cargas e torres de restilação), além de construir um gasoduto de 106 quilômetros ligando a Revap, em São José dos Cam.

O projeto, desenhado pelo Centro de Pesquisas da Petrobras, prevê que, das 200 mil toneladas de eteno, 140 mil toneladas sejam oriundas desse gás e ainda 60 mil toneladas geradas por nafta ou outra carga líquida.

A maior parte desse eteno será absorvida pela Polietilenos União - que irá construir uma nova unidade para produzir polietileno, com capacidade de 150 toneladas anuais. (FB)




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