O fornecimento de 350 mil toneladas de gás de refinaria
da Petrobras para a Petroquímica União expandir sua
produção de eteno depende apenas de detalhes da negociação
comercial. O contrato só não foi fechado ainda porque
a PQU pleiteia que o preço do insumo leve em consideração
o preço médio do gás natural nacional - e não
uma equação baseada no preço do gás
boliviano, como quer a Petrobras.
"Não existe uma diferença absoluta determinada.
O conceito está sendo definido: o preço tem uma paridade
com o preço do gás boliviano, porque, ao fornecer
gás de refinaria à Petroquímica União,
a Petrobras vai ter que consumir gás natural (como combustível
em suas refinarias)", explica o presidente do Conselho de Administração
da PQU, Roberto Garcia.
O executivo argumenta que, ao direcionar o gás de refinaria
para um uso mais nobre do que simplesmente queimá-lo como
combustível, a Petrobras estaria atendendo ainda a um interesse
do Governo de aumentar em 1,6 milhão de m³ diários
a demanda de gás natural. "O Governo tem interesse em
implementar um crescimento do consumo de gás natural no país.
Essa ampliação demandará gás de refinaria,
que por conseqüência gerará, para a Petrobras,
uma demanda de consumo de gás natural, portanto o projeto
tem todas as condições para merecer uma prioridade
do Governo".
Essa prioridade estaria relacionada não apenas ao consumo
de gás natural, mas também por ser um novo investimento.
"O Governo tem uma diretriz que é priorizar novos investimentos.
Na área petroquímica, novos investimentos, além
de ser algo muito importante para o investidor, é importante
para o Brasil", disse a ministra Dilma Roussef (Minas e Energia),
que hoje esteve visitando o pólo para conhecer o projeto
de ampliação.
Dilma classificou como "extremamente plausível"
a proposta. "Acho que a Petrobras vai levar isso em consideração.
O gás existe e é melhor que ele seja destinado a agregação
de valor do que ser utilizado como combustível. Mas isso
não vai significar perdas comerciais para a Petrobras. E
o projeto é viável porque ganha o pólo petroquímico
ao ampliar em 200 mil toneladas sua produção, e a
Petrobras ganha vendendo o gás de refinaria".
Nas últimas reuniões entre os representantes da PQU
e da Petrobras, ficou acertado que a petroquímica assumiria
o investimento em infra-estrutura para tratamento e transporte do
gás. "Haviam alguns obstáculos, entre eles o
fato de que a construção dos dutos e de algumas plantas
estavam sendo atribuídas à Petrobras. Em dezembro
houve uma modificação: as empresas que integram o
pólo assumiram o investimento, o que torna esse projeto bem
mais viável", contou a ministra.
Na verdade esse projeto de ampliação de 40% da capacidade
de produção da PQU já se arrasta há
cerca de seis anos - nesse período, questões como
o licenciamento ambiental e infra-estrutura foram sendo solucionadas,
mas a questão do fornecimento de matéria-prima sempre
esteve no centro das discussões. "Chegamos a um ponto
de virada", disse a ministra, frisando que o Governo não
interferirá na negociação comercial.
O gás de refinaria - uma mistura de gases produzida durante
o craqueamento catalítico, normalmente utilizada como combustível
em fornos e caldeiras - contém 50% da massa de etano e eteno,
e 50% de metano. Após a separação, o etano
e o eteno seguem para a "zona fria" do processo de produção
da Petroquímica União, enquanto o gás metano
será usado no projeto de cogeração de energia,
ou nas próprias caldeiras da PQU. "Para agilizar o processo,
decidimos que a petroquímica arcaria com os investimentos
necessários", informa Roberto Garcia.
A matéria-prima será fornecida principalmente pela
Revap, localizada a 97 km do pólo petroquímico. Na
refinaria deverá ser construída uma unidade para pré-tratamento
de impurezas do gás, antes de ser transportado por um duto
até a central petroquímica, onde será instalado
um novo forno e ainda reformulados equipamentos (compressor de gás
de cargas e torres de restilação), além de
construir um gasoduto de 106 quilômetros ligando a Revap,
em São José dos Cam.
O projeto, desenhado pelo Centro de Pesquisas da Petrobras, prevê
que, das 200 mil toneladas de eteno, 140 mil toneladas sejam oriundas
desse gás e ainda 60 mil toneladas geradas por nafta ou outra
carga líquida.
A maior parte desse eteno será absorvida pela Polietilenos
União - que irá construir uma nova unidade para produzir
polietileno, com capacidade de 150 toneladas anuais. (FB)
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