Energia elétrica é insumo fundamental – e oneroso –
na indústria do petróleo e em toda a produção química
e petroquímica. Aprimorar indicadores de custos,
via melhorias na gestão, não é sufi ciente. O caminho passa
por investimentos maciços, na busca de opções, de fontes
renováveis e/ou alternativas, e de tecnologias capazes de
reduzir os custos e de garantir o futuro; afi nal, pesquisas
mostram números impactantes, que sinalizam, para o ano
de 2060, demanda global de energia provavelmente 60%
maior do que hoje, com 2 bilhões de veículos em circulação
no mundo, contra a frota atual de 800 milhões.
A Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura
(FAO), ao prever, para 2050, a população do planeta na
casa dos 9 bilhões de habitantes, estima que, para efi ciência
do uso dos recursos naturais – principalmente a água, energia
e terra – será necessário 60% a mais de comida, 50% a
mais de energia e 40% a mais de água. Nesse sentido, a Divisão
de Pesquisa e Tecnologia de Novas Energias da Shell
trabalha com a possibilidade de que, em 2050, a população
mundial será composta, aproximadamente, de 10 bilhões de
pessoas, das quais 50% deverão morar em cidades.
Qualquer que seja o cenário, o esforço global está direcionado
a prover energia cada vez mais limpa, e vem conduzindo
a pesquisas que impactam diretamente no conceito
de uso racional de energia na indústria petroquímica.
Várias iniciativas vêm sendo registradas. Entre as mais
recentemente divulgadas, está a criação do Centro de Inovação
em Novas Energias (CINE), resultante da união entre a
Shell Brasil, a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo), as universidades Estadual de Campinas
(Unicamp) e de São Paulo (USP), e o Ipen (Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares). |
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Anunciado em 23 de maio, o
CINE, em cinco anos, receberá
recursos da ordem de R$ 110
milhões – “o maior investimento
já feito no Estado
de São Paulo no âmbito do
Programa FAPESP Centros
de Pesquisa em Engenharia”,
comemora Giancarlo
Ciola, gerente regional de Colaborações
para Pesquisa e Inovação
da Shell. Caberá à Shell o aporte
de até R$ 34,7 milhões no novo centro; à Fapesp, R$ 23,14
milhões, sendo que os demais R$ 53 milhões virão da Unicamp,
USP e Ipen, na forma de salários de pesquisadores e
de pessoal de apoio, infraestrutura e instalações. |
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Outro exemplo de investimento em
estudos focados na redução de
custos no campo da recuperação
energética dos resíduos, e
integração de fontes alternativas
de energia ao processo
produtivo da cadeia de P&G,
é o Instituto de Tecnologia
da Firjan SENAI, que, de
forma prática – resume o gerente
de Tecnologia e Inovação
do Instituto de Tecnologia da instituição,
Paulo Roberto Furio – encontrou possibilidades
de redução de água e energia nos processos de pré-refi no,
em função do desenvolvimento de modelos matemáticos
de previsibilidade de metais e sólidos suspensos.
“Utilizamos a tecnologia de recuperação energética por
gaseifi cação e otimização de processos analíticos de P&G.
Com relação à energia, temos ganhos obtidos por conta
da diminuição da demanda contratada e linearização do
consumo energético. Quanto aos resíduos, além da recuperação
energética, há ganhos com a redução dos custos
envolvidos com seu gerenciamento”, explica Furio. |
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Investimento da indústria
A preocupação da indústria na melhoria de efi ciência
energética também se materializa em investimentos em
Pesquisa & Desenvolvimento, com resultados palpáveis.
Quando o assunto é motores elétricos, o investimento
na substituição daqueles em operação por soluções energeticamente
mais efi cientes é compensador, afi nal, segundo a
Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 76% de todo o consumo
de energia elétrica da Indústria Química tem origem
nesses equipamentos. |
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O custo da energia elétrica e as difi culdades atuais do
mercado criaram uma equação que vem dando resultados
positivos para a indústria de motores elétricos, que
investe na efi ciência energética, como a WEG, que através
de suas tecnologias procura atuar em parceria com seus clientes, ou, como prefere seu
diretor de Vendas para América
do Sul, Fernando Cardoso
Garcia, indo “direto ao
foco, os motores elétricos e
seus acionamentos que são
o principal consumidor de
energia elétrica na indústria”. |
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As iniciativas dessa empresa
vão além da produção
de produtos mais efi cientes
energeticamente, demanda
obrigatória pelos diversos programas de metas e legislações
em todo o mundo. Os investimentos em Pesquisa
e Inovação Tecnológica situaram- se, em média,
em 2,7% da receita líquida nos últimos quatro anos.
“Nós temos soluções efi cientes e os clientes têm um vasto
campo de oportunidades, mas essa conexão não é direta.
Assim, a ação é identifi car juntamente com os clientes as
possíveis aplicações e mostrar os ganhos, que são bastante
promissores”, esclarece Garcia. Prova disso é a criação da
rede WE³ Especialistas de Efi ciência Energética, que conta
com integradores treinados para identifi cação das oportunidades
em efi ciência energética e implantação de soluções,
atuando em conjunto com a equipe WEG, através do
CNEE – Centro de Negócios de Efi ciência Energética. |
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Redução na conta: um exemplo |
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“Em 2012, quando a Solvay
incorporou as operações internacionais
da Rhodia, foi estruturado
um plano de efi ciência
energética em todos os sites
industriais da empresa no
mundo. Esse plano, denominado
Solwatt, vem sendo aplicado
desde então, com resultados
signifi cativos, oferecendo
uma contribuição importante para
as atividades da empresa”, informa
Sérgio D’Amore Filho, diretor de Desenvolvimento Sustentável
e Energia da Solvay na América Latina. |
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Resultados computados mostram a assertividade da
iniciativa, pois, a meta estipulada foi atingida: a redução
de 10% da conta de energia do Grupo Solvay, estimada
em € 1 bilhão por ano. “No desenvolvimento desse plano
– que continua sendo aplicado mundialmente – as ações
de melhoria de efi ciência identifi cadas representam uma
redução de cerca de 17% no valor da conta de energia”,
comemora, frisando que “à medida que reduzimos consumo
energético, também estamos reduzindo emissões atmosféricas,
na mesma proporção. Para nós, a matriz energética
deve ser sustentável nos seus pilares: ambiental, social e
econômico. Nossas ações no campo de melhoria energética
têm essa premissa”.
Entre os exemplos, D’Amore lembra
que a Solvay está implantando soluções
digitais de monitoramento, operação
remota e controle mais efi ciente de
suas plantas do ponto de vista energético,
pois “nós acreditamos que essas tecnologias
poderão contribuir para a redução
global dos custos de energia”. Cita também
um caso de sucesso registrado em
unidade da empresa nos Estados Unidos,
com a compra de créditos de toda a produção
de uma fazenda de energia solar
para compensar as emissões das plantas
industriais lá instaladas.
A contribuição da manutenção
Manutenção também se constitui em disciplina fundamental,
quando o tema é uso racional da energia em
ambientes industriais. Os ganhos – que envolvem, por
exemplo, rendimento nos equipamentos, com menor
quantidade de parada, diminuindo o consumo energético
– são proporcionais às inovações tecnológicas incorporadas. |
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Roberto Busato Belger, presidente
da Unidade de Negócio Manserv Industrial,
listando medidores de vibração,
medidores de ruídos, medidores de vazamentos,
robôs de pintura, drones, entre as
tecnologias, cita como exemplos a termografi
a – que indica a tendência da perda no
sistema elétrico por emissão de calor dos
equipamentos – e o uso de alinhador a laser,
que “indica um desalinhamento entre
dois equipamentos acoplados, o que gera
grandes perdas de energia e pode levar
à quebra. Com a aplicação
dessa tecnologia,
a manutenção é acionada antes
que chegue a esses extremos”.
Em números, a aplicação da manutenção
(seja preventiva, preditiva
ou melhorias) visando a ganhos energéticos
para o sistema elétrico, proporciona
retorno ao redor de 10% e,
quando voltada a sistema térmico, os resultados
chegam a 20%, quantifi ca Belger. |
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CINE: mais de 20 projetos em andamento
A meta do Centro, criado em parceria por Shell, Fapesp,
USP, Unicamp e Ipen é produzir conhecimento na fronteira
da pesquisa e, paralelamente, transferir tecnologia para
o setor empresarial, desenvolvendo, fundamentalmente,
pesquisas avançadas com foco na conversão de energia solar
em produtos químicos e no armazenamento de energia
com emissão zero (ou próximo de zero) de gases de efeito
estufa; transformação de gás natural em combustíveis que
produzam menos gases do efeito estufa ao gerar energia;
produção de dispositivos de armazenamento de energia e
que utilizem como combustível fontes renováveis, além de
novas rotas tecnológicas para converter metano em produtos
químicos, por exemplo.
O CINE, segundo Ciola, começa “carregando 20 projetos
de 120 pesquisados, com mais de 15 unidades envolvidas,
segmentados em quatro linhas de pesquisa, sediadas nas
instituições de ensino e pesquisa: Unicamp (Armazenamento
Avançado de Energia e Portadores Densos de Energia),
na USP (Ciência de Materiais e Químicas Computacionais)
e no Ipen (Rota Sustentável para a Conversão de Metano
com Tecnologias Químicas
Avançadas). Além disso,
as pesquisas poderão gerar
resultados que serão usados
pela Shell para gerar
startups ou fi rmar parcerias
com outras empresas. |
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