Revista Petro & Química
Edição 373 • 2018

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Matéria de Capa
A segurança operacional durante o ciclo total de vida das instalações
 
Por que, mesmo com as incertezas em relação ao futuro, a indústria do petróleo permanece atraente? | Flávio Bosco
 

A segurança é um valor fundamental para todas as indústrias e isso se reforça na indústria de óleo e gás, que está continuamente trabalhando para melhorar a segurança, através de pesquisas, desenvolvimento de padrões, treinamento, compartilhamento de informações e legislação. O objetivo das empresas, também no setor de óleo e gás, é zero incidentes e melhoria contínua – por isso, a segurança é trabalhada em diferentes frentes: funcional, ocupacional, de processo, de ciberespaço.

 
“Segurança operacional é obtida por meio da prevenção, mitigação e resposta a eventos que possam causar acidentes, que coloquem em risco a vida humana ou o meio ambiente, por meio da adoção de um Sistema de Gestão, que assegure a integridade das instalações durante o seu ciclo total de vida. A Ocupacional tem o objetivo de promover a proteção do trabalhador no seu local de trabalho, visando à redução de acidentes pessoais e doenças ocupacionais, bem como a identifi car, avaliar e controlar situações de risco, proporcionando um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para as pessoas. A Segurança de Processo busca gerenciar a integridade de sistemas operacionais, processos e manutenção e instalações, bem como, impedir a perda de contenção de produtos químicos ou perigosos ou hidrocarbonetos, devido ao seu potencial de gerar efeitos tóxicos, incêndio, sobre pressão ou explosão, que podem resultar em lesões pessoais, danos materiais, perda de produção ou impacto ambiental”, explica Roberval Bulgarelli, mestre em sistemas elétricos de potência pela POLI/USP, consultor técnico e engenheiro sênior da Petrobras, trabalhando há mais de 30 anos na Refi naria Presidente Bernardes, de Cubatão (RPBC), representante do Brasil no TC-31 da IEC e no IECEx, e Coordenador do Subcomitê SC-31 (Atmosferas explosivas) do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei).
 
Então, pode ser entendido que a segurança operacional é formada pela segurança ocupacional e a segurança de processo.
 
 
O SGSO (Sistema de Gestão de Segurança Operacional) incorpora os requisitos de segurança de processo e de segurança ocupacional ao longo do ciclo total de vida das instalações da indústria das áreas petroquímicas de Óleo & Gás O Plano de Negócios e Gestão da Petrobras para o período de 2017-2021 coloca a redução de acidentes como um dos seus principais objetivos. A meta é reduzir a Taxa de Acidentados Registráveis (TAR) em 36%, de 2,2 em 2015 para 1,4 em 2018. Para isso, a companhia lançou o programa Compromisso com a Vida em outubro de 2016. Desde então, por meio das ações concretas do programa, melhorou seus índices e fechou o 3º trimestre de 2017 abaixo do limite aceitável (índice de 1,09), o que representa uma redução de 49% em comparação a 2015. As unidades da Petrobras seguem um sistema de gestão único que contam com diretrizes que orientam as rotinas de trabalho. A Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde foi revisada e declarada pelo presidente Pedro Parente em agosto deste ano. O Compromisso com a Vida trabalha a cultura de segurança e o aprimoramento de processos tanto com ações preventivas quanto com o reforço ao tratamento de desvios e incidentes. Entre as iniciativas estão diferentes treinamentos para a força de trabalho.

Até o hoje mais de 181 mil pessoas no Brasil e no exterior foram capacitadas nas Regras de Ouro da Petrobras, a partir de aspectos práticos e casos reais. Outra frente a se destacar no programa é o reforço a aspectos de SMS nas atividades de fi scalização e gerenciamento de contratos.

Para Bulgarelli, que foi condecorado com o Prêmio Internacional de Reconhecimento IEC 1906 Award, pelos reconhecidos trabalhos realizados em prol da Normalização Técnica Internacional da IEC sobre eletricidade, o Brasil ainda precisa de muita conscientização dos riscos e perigos das instalações industriais, com o objetivo de implantação de um sistema de gestão de segurança operacional.

Ainda existem diversas empresas que estão preocupadas prioritariamente com a certifi cação dos equipamentos que foram instalados, sem a devida preocupação com os aspectos de pessoal e de procedimentos de trabalho que são utilizados para as atividades de operação, projeto, montagem, inspeção, manutenção, reparos e auditorias internas. Ressalte-se que, sob o ponto de vista de segurança operacional, somente a certifi cação dos equipamentos não é sufi ciente para garantir a segurança das instalações e das pessoas que nelas trabalham. É preciso olhar o ciclo total de vida das instalações, é necessária a implantação prioritária de sistemas de certifi cação de empresas de prestação de serviços e de competências pessoais, alinhadas com os sistemas internacionais existentes, mundialmente elaborados e condensados, os quais incorporam as melhores práticas mundiais sobre o assunto.

E, no setor de petróleo, as regulamentações ficam por conta da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que, por meio de sua Resolução Nº 5/2014 – Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO) para refinarias de petróleo, publicada em 29/01/2014, com prazo de implantação de dois anos, tornou obrigatório – compulsório – que todas as refi narias atendam às práticas de gestão contidas naquele regulamento. Então, desde 31/01/2016, tornou-se mandatória a aplicação dessas práticas. Bulgarelli conta que, na Petrobras, os sistemas de gestão das refi narias foram atualizados por meio de um processo coordenado pelas suas gerências corporativas, com envolvimento de todas as Unidades de Operação (UOs), para avaliação da aderência dos respectivos sistemas de gestão de segurança operacional aos requisitos daquele Regulamento Técnico da ANP.
 
 
“Criado a partir da resolução da ANP, o Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) é um conjunto de práticas de gestão para minimizar riscos de ocorrência de acidentes nas instalações das refi narias. Esta preocupação vem do fato de que os acidentes que podem ocorrer neste tipo de instalação industrial podem gerar grandes consequências para as instalações, pessoas e meio ambiente, em função das grandes quantidades de substâncias infl amáveis, combustíveis e tóxicas envolvidas, e das grandes explosões e vazamentos que podem ser resultantes de tais acidentes”, lembra Bulgarelli.
 
 
A Resolução ANP Nº 5/2014 consolidou e aprimorou normas de segurança operacional de refi no de petróleo. O Regulamento aprovado contemplou 16 práticas de gestão. Essas Práticas de Gestão do SGSO da ANP para instalações terrestres da indústria do Óleo & Gás são divididas em três grandes grupos: Práticas de Gestão relativas à Liderança, Pessoal e Gestão; Práticas de Gestão relativas a Instalações e Tecnologia; Práticas de Gestão relativas a Práticas Operacionais.
 
 
SGSO para instalações das Refi narias de Petróleo: representação das 16 práticas de gestão relacionadas com a segurança operacional, sob o ponto de vista do ciclo total de vida das instalações das plantas petroquímicas e de óleo & gás Vale lembrar que a ANP considera como sistemas críticos para a Segurança Operacional nas refi narias de petróleo: Sistemas de Combate a incêndio; Sistemas Instrumentados de Segurança (SIS); Sistemas de detecção de fogo, gás e produtos tóxicos; Sistemas de alarme de emergência; Sistemas de shutdown de emergência (ESD – Emergency Shutdown); Sistemas de energia de emergência; Sistemas de iluminação de emergência; Sistemas de tocha; Sistemas de alívio de pressão; e Sistemas considerados como críticos pelas análises de risco (salvaguardas e detectores).

“Nas refinarias da Petrobras, o SGSO está entre as ações estruturantes que buscam conscientizar e sensibilizar a força de trabalho para a prevenção de acidentes, por meio do cumprimento dos padrões de segurança, operação e manutenção. E, com relação à área de gestão de segurança, as rotinas operacionais de SMS – Segurança Industrial, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional, que foram desenvolvidas desde a década de 1950 e existentes em 2014 (quando da publicação da Resolução ANP Nº 5/2014), já contemplavam muitos dos requisitos exigidos pelo SGSO. Assim, as diretrizes de SMS existentes na área do Refi no (Industrial) da Petrobras, de certa forma, já abordavam muitas das práticas de gestão de segurança operacional estabelecidas pelo SGSO. O que foi feito, a partir da Resolução Nº. 5/2014 da ANP, foram o ajuste e o alinhamento das diretrizes existentes de SMS da Petrobras aos requisitos mandatórios do SGSO. Nesse alinhamento, uma mudança signifi cativa foi a revisão das Análises de Risco das unidades, que passaram por um processo de padronização e geraram uma demanda por adequação de procedimentos operacionais”, diz Bulgarelli, que acrescenta que, do ponto de vista de disseminação do sistema de gestão da segurança operacional estipulado pela ANP para a força de trabalho das Refi narias de Petróleo da Petrobras, foram efetuadas diversas palestras com as pessoas envolvidas, de forma a apresentar as características e os objetivos do SGSO. Para os trabalhadores das áreas operacionais, as Análises de Risco foram apresentadas e aprofundadas por meio do plano de Treinamento no Local de Trabalho (TLT).

Essas análises de risco também identifi caram quais são os instrumentos críticos que precisam ter um maior controle no cumprimento dos planos de manutenção preventiva. Esse processo de revisão das análises de risco contribuiu para o mapeamento dos elementos críticos da segurança operacional. Todos os procedimentos ou equipamentos que foram identifi cados nas Análises de Risco como uma “camada de proteção”, sob o ponto de vista de segurança, são agora classifi cados como “críticos” para a Segurança Operacional.

Os cenários de risco que foram padronizados, segundo a metodologia corporativa das Refi narias, foram levados ao conhecimento dos operadores. Para consolidar estes conhecimentos, além dos TLTs, foram também realizados simulados práticos de procedimentos de operações campo. E, hoje, além das auditorias realizadas pela ANP, a Petrobras está executando um plano de auditorias internas, nas quais são avaliadas, por uma equipe de especialistas em sistemas de gestão da segurança, as diversas refi narias da empresa, com relação ao alinhamento, atendimento e aderência das práticas de gestão do SGSO determinadas pela ANP para instalações terrestres.

Sob o ponto de vista dos ganhos obtidos na implantação do SGSO de uma maneira organizada, padronizada e sistematizada, podem ser destacados a operação com índices ainda maiores de segurança, o maior conhecimento dos riscos inerentes às atividades executadas nas Refi narias da Petrobras, o melhor conhecimento das medidas de controle e proteção existentes, bem como o entendimento do papel de cada um na implantação dessas medidas de controle.

Para Bulgarelli, o principal ganho observado na fase de implantação do SGSO foi a constatação do acerto no estabelecimento de práticas padronizadas, na integração dos sistemas de gestão e controle e no envolvimento das pessoas que trabalham com os processos-fi m nas refi narias da Petrobras. Adicionalmente, a realização de auditorias internas, com foco na verifi cação de aderência, e a construção de um plano de comunicação baseado no dia-a-dia, com desdobramento para todos os líderes, permitiram que as informações chegassem de forma clara a todas as áreas do Refi no (Industrial). “A comunicação foi fundamental, já que permitiu que cada empregado das refi narias da Petrobras pudesse entender de forma clara o seu papel e as suas responsabilidades frente ao SGSO”.

Mas, no que diz respeito à segurança envolvendo as instalações elétricas e de instrumentação em atmosferas explosivas, pode ser verifi cado que muitas empresas ainda estão preocupadas somente com a certifi cação dos equipamentos elétricos e eletrônicos instalados em áreas classifi cadas. Há ainda empresas no Brasil que processam, armazenam ou transportam produtos infl amáveis ou combustíveis que sequer possuem documentação de classifi cação de áreas, demonstrando um grande desconhecimento dos requisitos legais e normativos existentes no Brasil, tais como a Norma Regulamentadora NR-10 e as Normas Técnicas das Séries ABNT NBR IEC 60079 (Atmosferas explosivas) e ABNT NBR ISO/IEC 80079 (Equipamentos mecânicos “Ex”). Neste aspecto, deve ser ressaltado que a atual legislação brasileira sobre certifi cação de conformidade para atmosferas explosivas, datada de 2010 (Portaria Inmetro 0179/2010), aborda apenas os requisitos de certifi cação de equipamentos elétricos para atmosferas explosivas contendo gases infl amáveis e poeiras combustíveis.

Ainda não foram incorporados à legislação brasileira, pelo Ministério do Trabalho, pela ANP ou pelo Inmetro, os requisitos de segurança sob o atual e necessário ponto de vista de segurança operacional ao longo do ciclo total de vida das instalações “Ex”, incluindo a certifi cação das competências pessoais e das empresas de prestação de serviços “Ex” (incluindo classifi cação de áreas, projeto, montagem, instalação, inspeção, manutenção, reparos e recuperação de equipamentos e instalações em atmosferas explosivas).

Marco Regulatório para Atmosferas Explosivas

Não há que se enganar: para garantir a segurança das instalações elétricas em atmosferas explosivas, bem como dos trabalhadores envolvidos nas indústrias das áreas de óleo & gás, petroquímica, sucroalcooleira, farmacêutica, de grãos e de outras áreas, é necessário que haja uma abordagem ao longo do ciclo total de vida das instalações “Ex”. Esta abordagem do ciclo total de vida constitui a base para os sistemas internacionais de certifi cação do IECEx – Sistema Internacional de Avaliação da Conformidade da IEC para Atmosferas Explosivas.

A Organização das Nações Unidas – ONU tem trabalhado em estreita cooperação com a IEC e com IECEx, de forma a desenvolver um modelo de legislação comum na área de equipamentos e instalações em ambientes com áreas classifi cadas. Em função desta cooperação, a ONU tem apoiado e incentivado a aplicação dos requisitos de certifi cação de competências pessoais, ofi cinas de serviços de reparos e de equipamentos “Ex” do IECEx na legislação de cada país. E, de acordo com a ONU, os programas de certifi cação “Ex” do IECEx devem ser utilizados para o alinhamento de regulamentos nacionais existentes nos diversos países com as melhores práticas internacionalmente harmonizadas sobre o assunto “Ex”. Isso signifi ca que qualquer dos países membros que ainda não possuam programas de legislação no setor de atmosferas explosivas pode utilizar o modelo elaborado e proposto pela ONU, como base para a sua legislação local. Em países que já possuam tais programas, estes podem considerar a convergência gradual dos modelos existentes para o novo modelo internacional proposto. Uma vez que o modelo comum tiver sido adotado na legislação nacional dos diversos países membros, o setor passará a operar sob um regulamento comum unifi cado em todos os países participantes.

E há um destaque para o fato de que a existência de diferentes requisitos legais em diferentes países pode, por si só, representar um risco, uma vez que trabalhadores que se deslocam de um local para outro podem possuir familiaridade insufi ciente com os requisitos locais de segurança. Segundo a ONU, a simples existência de diferentes regulamentos sobre atmosferas explosivas em diferentes países já constitui uma situação de risco a ser equacionada.

Então, de forma a fornecer a base para uma harmonização desse assunto, foi elaborado pela ONU, em 2011, juntamente com o IECEx, um documento intitulado “Marco Regulatório Comum para Equipamentos Utilizados em Ambientes de Atmosferas Explosivas”, documento baseado na abordagem do “ciclo total de vida” das instalações, o que requer a execução correta de diversas atividades envolvidas, incluindo projeto, classifi cação de área, seleção, instalação, inspeção, manutenção e reparos dos equipamentos “Ex”. E, do ponto de vista normativo e legal, o Brasil, por meio do Inmetro, da ABNT e de outros segmentos da sociedade, está devidamente alinhado e atuante na aplicação das recomendações da ONU e do IECEx sobre certifi cação em atmosferas explosivas.
 
 
Requisitos SGSO da ANP para instalações marítimas

Anteriormente ao Regulamento ANP 05/2014, que estabeleceu os requisitos para o SGGO nas Refi narias de Petróleo, foi publicado pela ANP, em 2007, o Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) das instalações marítimas de perfuração e produção de petróleo e gás natural, que incluem as Unidades Marítimas de Perfuração, Unidades Marítimas de Produção e Unidades Marítimas de Produção e Armazenagem (FPSO).

O objetivo daquele Regulamento foi estabelecer requisitos e diretrizes para implementação e operação de um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional, visando à segurança operacional das instalações marítimas de perfuração e produção de petróleo e gás natural, com o objetivo de proteger a vida humana e o meio ambiente, por meio da adoção de 17 práticas de gestão, divididas em 3 grupos:

Práticas de Gestão relativas à Liderança, Pessoal e Gestão:

a) Prática de Gestão nº 1: Cultura de Segurança, Compromisso e Responsabilidade Gerencial;
b) Prática de Gestão nº 2: Envolvimento do Pessoal;
c) Prática de Gestão nº 3: Qualifi cação, Treinamento e Desempenho do Pessoal;
d) Prática de Gestão nº 4: Ambiente de Trabalho e Fatores Humanos;
e) Prática de Gestão nº 5: Seleção, Controle e Gerenciamento de Contratadas;
f) Prática de Gestão nº 6: Monitoramento e Melhoria Contínua do Desempenho;
g) Prática de Gestão nº 7: Auditorias;
h) Prática de Gestão nº 8: Gestão da Informação e da Documentação; e
i) Prática de Gestão nº 9: Investigação de Incidentes.

Práticas de Gestão relativas a Instalações e Tecnologia:

a) Prática de Gestão nº 10: Projeto, Construção, Instalação e Desativação;
b) Prática de Gestão nº 11: Elementos Críticos de Segurança Operacional;
c) Prática de Gestão nº 12: Identifi cação e Análise de Riscos;
d) Prática de Gestão nº 13: Integridade Mecânica; e
e) Prática de Gestão nº 14: Planejamento e Gerenciamento de Grandes Emergências.

Práticas de Gestão relativas a Práticas Operacionais:

a) Prática de Gestão nº 15: Procedimentos Operacionais;
b) Prática de Gestão nº 16: Gerenciamento de Mudanças; e
c) Prática de Gestão nº 17: Práticas de Trabalho Seguro e Procedimentos de Controle em Atividades Especiais.

Após o início das operações de uma instalação marítima da indústria de petróleo, a ANP verifi ca, em auditorias a bordo, a implementação das 17 práticas de gestão da segurança obrigatórias nas instalações de perfuração, produção, armazenamento e transferência. Essas práticas incluem, entre outros itens, aspectos referentes a gerenciamento da instalação; treinamento de pessoal; integridade mecânica; identifi cação de perigos e análise de risco; gestão de mudanças; seleção de contratadas; práticas de trabalho seguro; operações simultâneas. E a prioridade para execução das auditorias é defi nida pela ANP a partir de parâmetros associados ao risco, tais como, complexidade da planta de processo; lâmina d’água; idade da instalação; histórico de incidentes, bem como resultados verifi cados em inspeções e auditorias anteriores. Se a ANP identifi car desvios dos sistemas de gestão de segurança operacional, as empresas petroleiras e as empresas de perfuração são, por contrato, obrigadas a solucionar as não-conformidades constatadas, nos prazos estabelecidos pela ANP.

Ranking

Como curiosidade, uma revista americana especializada elabora anualmente um ranking de empresas mais seguras e, no último levantamento na área de energia e utilities, as vinte primeiras são:
 
 
Cibersegurança

Novos conceitos operacionais e econômicos e tecnologias digitais – que trazem a potência do ciberespaço para trabalhar a favor do volume de dados que o setor gera – vem expondo o setor de óleo e gás a novas ameaças. A DNV GL identifi cou as maiores ameaças à segurança cibernética para indústria de petróleo e gás. Segundo a empresa, os ataques cibernéticos cresceram em estatura e sofi sticação, tornandoos mais difíceis de detectar e defender, e custando enormes somas de dinheiro para se recuperar.
 
“E é algo de que não se está totalmente livre, já que a automação permite elevar os níveis de continuidade e de controle global do processo com maior efi ciência, aproximar ao máximo a produção real à capacidade nominal da planta, ao reduzir ao mínimo possível as horas paradas. E, quanto mais informação, melhor uma planta pode ser operada e, assim, mais produtos podem gerar mais lucratividade. A informação digital e os sistemas verdadeiramente abertos permitem que se coletem informações dos mais diversos tipos e fi nalidades de uma planta, de uma forma interoperável e como ninguém jamais imaginou, e transformar preciosos bits e bytes em um relacionamento lucrativo, e obter também um ganho qualitativo do sistema como um todo. Tudo isso integrado aos negócios. Mas, com o ciber- risco”, lembra Mario Sergio Corcioli, consultor sênior em automação, com 40 anos de atuação na Petrobras.
 
Foi justamente através desse blog que surgiu o primeiro estágio no setor, nove anos atrás, quando ainda estava concluindo a graduação em Tecnologia em Petróleo e Gás.

A possibilidade de uma remuneração acima da média do mercado pesou na escolha dessa carreira – assim como trabalhar em uma atividade desafi ante e muito intensiva em tecnologia e conhecimento. Atualmente Victor tem 28 anos e está concluindo a graduação em Engenharia de Produção. Sua aposta é que a energia solar – devido à abundância da fonte, facilidade de instalação, redução dos custos e avanço das tecnologias de armazenamento – tenha potencial para deslocar o petróleo do primeiro lugar na matriz energética global. E que os serviços on demand e tecnologias de colaboração em ambientes virtuais reinventarão a mobilidade, a logística e a demanda por energia. Por outro lado, a realidade virtual e aumentada tem portas abertas nas tarefas de exploração e a produção de petróleo e gás. Victor lembra que as empresas de petróleo já compreenderam a necessidade de novas fontes – prova disso são os investimentos realizados em energias alternativas. “As empresas produtoras de petróleo continuarão sendo protagonistas nessa área de energia, comprando ou atuando em parceria com empresas menores, mais enxutas e ágeis que já tem atuado nesse segmento”.

Na sua análise, áreas que possuem alta intensidade de tecnologia e conhecimento, como automobilística, aviação e construção, podem se aproveitar do conhecimento construído na indústria do petróleo – de alguma forma, elas acabam se conectando. E é sempre importante manter o radar para outras áreas, pois os conhecimentos se complementam. “A pessoa que trabalha numa área técnica por exemplo, pode ser muito útil se for para a área fi nanceira por exemplo. Ele trará sua bagagem e perspectiva que talvez uma pessoa que sempre trabalhou nessa área não perceberá”.
 
 
 
 

 

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