Edição 337 • 2011

Um novo parque de refino em construção

Equacionada a modernização do parque de refino, Petrobras quer agora resolver déficit interno. Construção de quatro refinarias amplia em 75% capacidade de processamento.

Flavio Bosco

A Petrobras passou os últimos anos construindo unidades de hidrotratamento em suas refinarias, para elevar a qualidade dos combustíveis. Agora a preocupação passa a ser outra: atender a um mercado que este ano já é 6,6% maior do que 2010. Metade dos US$ 70,6 bilhões reservados à área de Abastecimento no Plano de Negócios 2011-2015 será absorvida pelas novas refinarias. Ao detalhar o Plano de Negócios, o diretor da Área de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que no ano passado, o Brasil importou cerca de 5% de todos os derivados líquidos que consumiu. Se não optasse pela construção das novas unidades de refino, o país chegaria a 2020 necessitando importar até 1 milhão de barris por dia o equivalente a 40% da demanda interna projetada para o final da década. “Já não temos como atender o mercado interno. Se não construirmos, importamos, gerando riqueza lá fora”.

Hoje a capacidade de processamento de derivados das refinarias da Petrobras é de 1,81 milhão de barris por dia enquanto o consumo de derivados ultrapassa os 2,2 milhões de barris diários. Esse cenário só começará a mudar em 2020: com a construção de quatro refinarias, a Petrobras terá capacidade para processar 3,2 milhões de barris por dia para um consumo projetado entre 3 milhões e 3,3 milhões de barris diários. Quando foram projetadas, as duas refinarias Premium que serão construídas no Maranhão e no Ceará tinham como objetivo agregar valor ao petróleo extraído dos campos nacionais. Agora, o petróleo processado nas novas refinarias servirá para garantir a demanda interna.

Nos primeiros seis meses deste ano o consumo de gasolina cresceu 17%; o de QAV 12,9% e diesel 8,6%, em comparação com o primeiro semestre de 2010. A demanda de gasolina ainda foi afetada pela crise do setor sucroalcooleiro. Este ano a Petrobras já importou 3,15 milhões de barris de gasolina volume maior do que o importado em 2010. Para fazer frente à crescente demanda, as refinarias da Petrobras estão operando próximo de 90% de sua capacidade instalada. “Não fosse o problema do setor sucroalcooleiro, certamente teríamos até um excedente de gasolina para exportação”, destaca o presidente da KBR Advanced Technologies no Brasil, Eider Aquino.

Mesmo com a entrada em operação da primeira fase do Comperj, no Rio de Janeiro, e da Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco o que elevaria 395 mil barris a capacidade instalada em 2015 os estudos da Petrobras indicam que o déficit aumenta para 439 mil barris por dia. Focadas na produção de óleo diesel, QAV, nafta e bunker, as refinarias Premium (I e II) e Rnest respondem pela maior parcela adicional de derivados no país. Para justificar a localização das três unidades, a Petrobras divide o país em duas grandes regiões: uma com os Estados do Sul e do Sudeste, que hoje é superavitária em 82 mil barris de derivados, e outra com os Estados do Centro-Oeste, Norte e Nordeste, que apresenta um déficit de 464 mil barris. No Comperj a Unidade de óleos básicos para a produção de lubrificantes ampliará em quase 50% a capacidade nacional. A unidade terá capacidade de produzir 300 mil m3/mês, dentro das especificações do grupo II.

A expectativa da Petrobras é zerar as importações desse derivado. O primeiro trem de refino do Comperj, com previsão de entrada em operação em 2013, produzirá diesel, GLP, coque, QAV, óleo básico e nafta. O segundo trem, previsto para 2018, também produzirá gasolina. A outra metade do orçamento - US$ 35,2 bilhões será dividida entre os projetos de modernização, conversão e hidrodessulfurização das refinarias existentes, visando o aumento da qualidade de gasolina e óleo diesel, melhoria operacional - manutenção e otimização do parque de refino, SMES e P&D - ampliação da frota de petroleiros e infraestrutura de suprimento de petróleo das refinarias. 26 unidades sendo implantadas nos programas de qualidade e conversão. Fazem parte do seu plano de modernização do parque de refino a Reduc, Repar, Refap, Revap, Regap, RPBC, Rlam, Recap e Replan. “A capacidade de hidrotratamento da Petrobras é de 23% e vamos chegar a 74% em 2020, patamar das grandes empresas do mundo”, comentou Paulo Roberto Costa.


 
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