Edição 310 • 2008

A comunicação e as emergências ambientais
Fernando Altino Rodrigues
Diretor do Instituto de Química da UERJ
Consultor da Interação Ambiental
As organizações deparam-se com uma crescente necessidade de demonstrar, inequivocamente, os seus compromissos com a questão ambiental. Os atendimentos às emergências situam-se perfeitamente nesse contexto. Espera-se que as empresas, sempre e cada vez mais, habilitem-se para atender aos eventuais acidentes, disponibilizando os recursos técnicos necessários, e também interagindo com a sociedade, o poder público e a mídia, principalmente.
A preocupação da sociedade com os acidentes, notadamente os ambientais, é evidente quando analisam-se instrumentos legais tais como a Diretiva de Seveso e a Convenção 174 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, as quais definem critérios para o Estado e para as organizações nesse contexto de prevenção e de atendimento às emergências.


Avaliação da sustentabilidade de tecnologias de seqüestro de CO2 via produção de DMC
Juliana G. Moretz-Sohn Monteiro, José Luiz de Medeiros e Ofélia de Q. F. Araújo.
Departamento de Engenharia Química, Escola de Química, UFRJ.
Resumo

Tendo em vista a preocupação com os efeitos climáticos decorrentes do acúmulo de CO2 na atmosfera, a indústria química tem buscado desenvolver processos que empreguem tal gás como matéria-prima. Essa preocupação motivou o presente trabalho, que objetiva avaliar a sustentabilidade de processos químicos para a mitigação deste grave problema ambiental. Entende-se por processo sustentável aquele que leva em conta aspectos tanto econômicos quanto ambientais.
Especificamente, discute-se o seqüestro químico de CO2 para a produção de dimetil carbonato (DMC) a partir de óxido de etileno. Dentre as diversas aplicações do DMC destacam-se seus empregos como aditivo para combustíveis (em especial a gasolina e o diesel), agente de alquilação e monômero na produção de policarbonatos.
A rota em questão foi investigada previamente por Oliveira Filho et. al. (2007). Neste trabalho, visando ao aumento da produtividade da planta, propõe-se uma modificação do processo reportado pelos autores, com a utilização de coluna de destilação reativa do tipo middle vessel column (MVC) em substituição ao reator tubular (PFR). Os resultados são comparados aos obtidos por Oliveira Filho et. al. (2007) através de diferentes métricas de sustentabilidade, permitindo identificar a rota com melhor desempenho econômico e ambiental. A análise das rotas de produção é conduzida por simulação de processos, com o simulador comercial HYSYS (Hyprotech Inc.).


Desempenho de membranas de PEUAPM para purificação de efluentes
Laura H. de Carvalho, Tatianny S. Alves, Tânia L. Leal, Hélio de L. Lira
Depto. de Engenharia de Materiais - UFCG
Resumo
Nas últimas décadas, o aumento das atividades ligadas à indústria, decorrente da implantação de grandes complexos industriais, produziu graves problemas ambientais. Os resíduos destas indústrias, em geral lançados em corpos hídricos, são responsáveis por grande parte dos poluentes encontrados na água. Além da contaminação industrial, anualmente 1 milhão de toneladas de óleo acabam sendo lançados em águas e mares. O óleo espalha-se pela superfície e forma uma camada compacta que demora anos para ser absorvida, o que impede a oxigenação da água, mata a fauna e a flora marinha e altera os ecossistemas. Água, especificamente água potável, é o nosso bem mais precioso. Portanto, é fundamental que sejam adotadas medidas para descontaminar nossas reservas de água. Os Processos de Separação por Membranas – PSM, desenvolvidos nos últimos trinta anos, constituem uma alternativa para o tratamento de efluentes oleosos. O objetivo deste trabalho foi obter Membranas de Polietileno de Ultra Alta Massa Molar – PEUAPM – sinterizadas, para serem usadas na purificação de efluentes oleosos (misturas óleo/água) e investigar a influência da distribuição de tamanho da partícula, do tempo de sinterização e da aplicação de uma pressão de compactação no desempenho das membranas obtidas. Os parâmetros de processamento foram: a) temperatura de sinterização: 200°C; b) tempo de sinterização: 60 e 90 minutos; c) tamanho de partícula do PEUAPM: fração do pó passante em peneiras de malhas #80, #100 e #200; d) pressões de compactação após sinterização - 0 e 6 kgf/cm2. O desempenho das membranas foi caracterizado pelo fluxo de água permeada e pela seletividade das mesmas na separação da mistura óleo/água. Nossos dados indicam que a compressão após a sinterização leva a uma redução significativa no fluxo do permeado e que as membranas foram capazes de reduzir a quantidade de óleo presente na água a valores inferiores a 20 ppm, o que significa que esta água tanto pode ser usada para a reinjeção de poços de petróleo ou quanto descartada no meio ambiente.


Estudo de parâmetros ambientais para classificação de tanques de armazenamento de óleo
Maria Luiza Bragança Tristão - Ph.D., Petrobras/Cenpes, Gerência de Química
Gustavo de Souza Sant’Anna - Licenciado em Química, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, PPG-EQ/Instituto de Química
Celio Augusto Ferreira da Silva - Engenheiro Químico, Petrobras
Juliana Rangel do Nascimento - M.Sc., Petrobras/Cenpes, Biotecnologia e Tratamentos Ambientais
Antonio Carlos Augusto da Costa - D.Sc., Universidade do Estado do Rio de Janeiro, PPG-EQ/Instituto de Química
Resumo
Sete tanques de armazenamento de óleo foram monitorados quanto à presença de microrganismos, teores de sulfato, sulfeto, pH e condutividade, uma vez que bactérias redutoras de sulfato agem às expensas da atividade de outras espécies, reduzindo sulfato à sulfeto. Tanques de óleo codificados como Verde, Ciano, Roxo, Cinza, Vermelho, Amarelo e Azul, apresentaram comportamentos distintos quanto aos parâmetros microbiológicos e físico-químicos. As bactérias redutoras de sulfato apresentaram populações que variaram entre 104 e 105 células/mL, tendo atingido um máximo de 106 células/mL. As bactérias anaeróbias totais predominaram na concentração de 104 células/mL, devido à baixa disponibilidade de sulfato no meio nutricional empregado, permitindo diferenciação entre populações redutoras de sulfato e anaeróbias totais. As bactérias aeróbias (facultativas e ferrobactérias) apresentaram-se em menor número, se comparadas com as anaeróbias. A concentração de sulfeto, em todas as amostragens, predominou abaixo de 10 mg/L, tendo, entretanto, várias vezes atingido elevadas concentrações, próximas e superiores a 100 mg/L. O sulfato apresentou correlação com o perfil de sulfetos, mostrando uma clara atividade redutora de sulfato ao longo de todo o monitoramento. A condutividade ficou abaixo de 50 mS/cm e o pH, quase que em sua totalidade de acompanhamento, ficou em torno de 7,2-7,8, favorecendo, inequivocamente, a proliferação de bactérias redutoras de sulfato.


Minimização do consumo de água e efluentes em um complexo petroquímico utilizando o algoritmo diagrama de fontes de água
Bernadete E.P.C. Delgado, Eduardo M. Queiroz, Fernando L.P. Pessoa
DEQ/EQ/UFRJ
Resumo

Metodologias têm sido propostas para minimizar o consumo de água. Neste trabalho, o procedimento algorítmico heurístico Diagrama de Fontes de Água – DFA – foi aplicado para determinar metas para o mínimo consumo de água em uma planta petroquímica envolvendo operações com ganho e/ou perda de vazão. Este estudo refere-se a uma planta petroquímica cujo sistema hídrico analisado é constituído por cinco operações: um depurador de gases (scrubber), filtração de efluentes aquosos, sistema de água de lavagens (abrandamento) e o sistema de utilidades da planta com duas torres de resfriamento. No problema foi considerado apenas um contaminante, sólidos suspensos. No presente trabalho foi evitado o acúmulo de contaminantes devido à utilização de efluentes em uma seqüência fechada de operações (reciclo). Para quebrar este ciclo foi proibido o reuso de efluente em operações previamente utilizadas como fonte. O novo fluxograma proposto apresentou redução no consumo de água de 3037 t/dia para 2540 t/dia, o que representa 16,4% considerando apenas máximo reuso.


Nova técnica de extração para remoção de poluentes orgânicos e metálicos
Lindemberg J.N. Duarte - Centro Federal de Educação Tecnológica
da Bahia (CEFET-BA)
Jean Paul Canselier - Laboratoire de Génie Chimique (UMR CNRS 5503, ENSIACET- INPT/UPS)
Resumo
A existência dos fenômenos de ponto névoa e solubilização micelar torna possível a extração líquido-líquido sem solventes orgânicos. Útil, por exemplo, nas operações de despoluição industrial ou na concentração de produtos da química fina, em vista de sua alta valorização. Esta técnica apresenta a grande vantagem de excluir totalmente a intervenção de solventes orgânicos voláteis ou não. Além disso, destaca-se o emprego de tensoativos não-iônicos comerciais como extratores, os quais apresentam características toxicológicas e ecotoxicológicas aceitáveis e preços relativamente baixos. Deve-se atentar que esta técnica se enquadra no novo ramo da “Química Verde”, o qual exige o desenvolvimento de pocessos não poluentes e com baixo consumo enérgetico.
Este trabalho se articula em torno da remoção de poluentes orgânicos e metálicos de soluções modelos utilizando a extração líquido-líquido sem solventes orgânicos. Primeiramente, estudou–se a remoção de poluentes orgânicos (fenol, feniletanol, álcool benzílico, anilina, p-toluidina, e 2,4-dimetilanilina) a partir de soluções modelos, utilizando os tensoativos biodegradáveis álcoois polietoxilados como agente extrator. A seguir, metais pesados sob forma de eletrólitos solúveis (Ni2+, Cd2+, Pb2+, Cr3+) foram extraídos de soluções aquosas mediante o emprego de tensoativos não-iônicos e aniônicos. Os resultados se mostraram promissores, evidenciando percentuais de extração de 50 a 90 %, dependendo do composto. Além disso, esta nova técnica de extração se mostrou capaz de purificar soluções modelos contendo simultaneamente poluição orgânica e metálica.


Remediação de solo contaminado por petróleo em biopilhas – escala piloto
Renata da Matta dos Santos (EQ/UFRJ e CETEM)
Selma Gomes Ferreira Leite (EQ/UFRJ)
Luiz Gonzaga Santos Sobral, Andréa Camardella de Lima Rizzo (CETEM)
Desde a extração do petróleo até o seu processamento, transporte e armazenagem dos derivados, é crescente a preocupação com a possibilidade de contaminação do meio ambiente. Os solos, quando contaminados por hidrocarbonetos de petróleo, podem ser tratados por processos biológicos que se baseiam na utilização de organismos (bactérias, fungos e/ou vegetais) para reduzir ou eliminar compostos orgânicos que apresentam riscos à saúde humana. Os processos biológicos, quando comparados com os processos convencionais físicos e químicos, são menos onerosos e intrusivos. O trabalho desenvolvido buscou avaliar a eficiência da remoção de petróleo em um solo contaminado, aplicando a tecnologia de biopilhas. Como técnica auxiliar foi realizado o bioestímulo do solo pela adição de duas fontes alternativas de nitrogênio, nitrato de sódio e uréia comercial, na relação nutricional C:N=100:10. O outro auxílio a biorremediação foi obtido pela adição de pó de coco verde (concentrações de 5 e 10% p/p), que por ser um material de baixa densidade, quando incorporado ao solo, aumenta a sua porosidade facilitando a difusão de oxigênio por entre as partículas sólidas. Ambas as correções promovem o aumento da atividade microbiana, essencial para a biodegradação do óleo cru. Uma primeira etapa de trabalho incluiu ensaios realizados em microcosmos (resultados não apresentados) para estabelecimento das melhores condições para a realização dos ensaios em biopilhas. Os resultados mostraram que a melhor condição em biopilha foi aquela na qual a correção de nitrogênio foi realizada pela adição de uréia e adição do material estruturante numa concentração de 5% p/p, com uma remoção de 44% de hidrocarbonetos de petróleo. Nessa mesma condição, foi observado um crescimento de microrganismos degradadores de óleo cru de 6x102 NMP/g de solo (início) para 6x106 NMP/g de solo ao final dos 180 dias de teste. Assim, verificou-se que o bioestímulo, pela adição de uréia, associado a adição de material estruturante podem ser aplicados em conjunto em biopilhas, aumentando a eficácia das mesmas.

Gestão ambiental para pequenas e médias empresas do setor de petróleo e gás – metodologia alternativa
Manuel Victor da S. Baptista - MBA, Especialista em Gestão Ambiental – Centro de Tecnologia SENAI – RJ Ambiental
Isabella Scorzelli - Ph.D., Coordenadora em Auditoria e Gestão Ambiental – Centro de Tecnologia SENAI – RJ Ambiental
Mauro Pina - M.Sc, Coordenador em Passivos Ambientais – Centro de Tecnologia SENAI – RJ Ambiental
Resumo
Uma considerável parcela das grandes empresas incorpora o conceito de desenvolvimento sustentável, o uso de tecnologias limpas e possuem certificações ambientais. Já a maioria das pequenas e médias empresas apresenta dificuldades não só de adequação à legislação, mas, principalmente, às exigências cada vez mais restritivas de seus grandes clientes. Estes clientes por investirem mais em programas ambientais, de saúde e segurança, exigem de seus fornecedores garantias de oferecerem produtos ou serviços que cumpram com as normas pertinentes. O desconhecimento ou o descumprimento da legislação pode trazer sanções legais e comerciais, pois a empresa pode ser desqualificada para fornecer a grandes clientes. Para atender esta exigência de mercado, foi desenvolvido um programa utilizando metodologia simples, de baixo custo, para que possa ser compreendido e implementado pelas empresas, não só na busca da adequação ambiental, mas também como forma de melhorar a pontuação nos programas de qualificação de fornecedores de seus clientes. Para tal, o programa possui três níveis: o nível básico para a gestão da conformidade legal, seguindo-se o nível intermediário da gestão dos aspectos ambientais críticos e o nível avançado da gestão para a certificação ISO 14001.

O uso da fitorremediação em área contaminada por resíduos da indústria petroquímica
Francine Vicentini Viana, Thayná M. B. Correia, Maria Isabel Machado, NicolasPaolo Zanela, Everton Madeira Pederzolli, Paulo Baisch - Laboratório de Oceanografia Geológica – Instituto de Oceanografia; Universidade Federal do Rio Grande – FURG
César B. Costa - Laboratório de Ecologia da Vegetação Costeira – Instituto de Oceanografia; Universidade Federal do Rio Grande – FURG
Resumo

Os diversos segmentos da indústria do petróleo apresentam impactos ao meio ambiente, desde a exploração e produção de petróleo e gás, no refino e transporte e nadistribuição e revenda de combustíveis. Entre os constituintes do petróleo, os hidrocarbonetos aromáticos apresentam importância ambiental, pois são compostos persistentes no ambiente e possuem ampla distribuição nos diversos compartimentos ambientais. A fitorremediação é uma alternativa tecnológica que consiste no uso de vegetação para a descontaminação de ambientes impactados por poluentes orgânicos ou inorgânicos, proporcionando a recuperação desses ambientes e a sua reutilização. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência desta técnica na recuperação de solos contaminados por resíduos da indústria petroquímica, utilizando a gramínea Spartina alterniflora, vegetação dominante, típica das marismas da região sul do Brasil. A espécie foi cultivada em dois solos distintos, sendo um de landfarming proveniente do Pólo Petroquímico do Sul (Triunfo, RS) e outro coletado nas proximidades deste local, em uma região rural. Os HPAs foram quantificados no solo e na planta por cromatografia gasosa (GC/MS) segundo o método 8270 C da EPA. A utilização de Spartina alterniflora mostrou que a presença da planta é capaz de auxiliar na remoção, principalmente, dos HPAs de 2 a 4 anéis do solo, seja através da absorção direta pela planta, seja pela estimulação da microbiota associada às raízes, que realizam biodegradação.

LEIA MATÉRIA NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO IMPRESSA

Assine já!

Na Edição impressa
  Especial
Petrobras adia conclusão do Plano de Investimentos para analisar novas condições conjunturais
  Petróleo & Gás
Consórcio FSTP entrega primeria plataforma semi-submersível construída no Brasil
 

Todos os direitos reservados a Valete Editora Técnica Comercial Ltda. Tel.: (11) 2292-1838