Edição 301 • 2008

A responsabilidade social sistematizada
Empresários e executivos já se deram conta de que sobrevivência dependerá de uma boa gestão dos impactos causados sobre a sociedade. E que isso pode ser conduzido como um sistema de gestão
Fotos: Agência Petrobras de Notícias

Houve um período em que as empresas passaram a adotar posturas até então alheias ao seu negócio, dando o pontapé inicial à chamada filantropia corporativa. Com isso ganharam admiração dos clientes – e uma série de benefícios fiscais. Muitos outros empresários se viram forçados a dar a mesma resposta. Hoje a história é diferente: as empresas começaram a perceber que a responsabilidade social é mais do que um instrumento para a construção de uma boa imagem. O assunto perpassa toda a organização, pode ser incorporado como um sistema de gestão, e ser tratado no plano estratégico.

“O movimento começa com um processo de avaliação de como a empresa vê a Responsabilidade Social. A partir desse diagnóstico é que ela começa a trabalhar no assunto – e aí vai trazer isso para a sua gestão”, explica o coordenador de Responsabilidade Social do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Carlos Augusto Victal.

Empresários e executivos já têm bem claro o conceito de que nenhuma empresa terá futuro garantido se não for capaz de administrar seus impactos sobre a sociedade e o meio ambiente da mesma forma que assegura que os ganhos sejam maiores do que as despesas no final do mês. Mas o principal desafio, desde que esses conceitos de responsabilidade social passaram a fazer parte do vocabulário corporativo, tem sido encontrar uma forma de gerenciar os negócios com base no que o fundador da consultoria SustainAbility, John Elkington, denominou de triple bottom line: econômico, ambiental e social.

No setor de petróleo e gás natural, o primeiro passo dado pelo IBP foi organizar, em parceria com o Instituto Ethos, indicadores de responsabilidade social específicos para as companhias petroleiras – procurando abordar os principais dilemas do setor, como prevenção de acidentes, ciclo de vida das instalações e dos produtos e conflito com trabalhadores – em complemento aos temas tratados pelos indicadores Ethos – valores, transparência e governança, meio ambiente, público interno, fornecedores, comunidade e governo e sociedade. “À luz dos Indicadores Ethos, vimos quais informações faltavam ao setor”, explica o representante do Instituto Ethos, Renato Moya, que apresentou os resultados dos dois primeiros anos no Seminário de Responsabilidade Social Corporativa promovido pelo IBP.

“Esses indicadores são o primeiro passo para uma empresa avaliar a atuação em responsabilidade social. É com esse diagnóstico que ela começa a incorporar algumas questões”, explica Victal.

Seminário de Responsabilidade Corporativa do IBP: apresentação dos resultados dos indicadores setoriais

No primeiro ano, quatro empresas preencheram o questionário. O número evoluiu para 31 empresas no ano passado – embora 15 formulários pertenciam a unidades da Petrobras. Esse é um dos desafios: mobilizar o setor para o preenchimento dos indicadores. Outro desafio é revisar o conteúdo, contemplando questões referentes às empresas de gás, distribuição e refino. “O questionário é focado na exploração e produção”, reconhece Renato Moya.

Nas empresas que mais avançaram nesse assunto, a área criada para tomar conta da responsabilidade social tem como função fomentar essa cultura – de forma que todas as áreas da companhia trabalhem focadas nos aspectos sociais.

A própria International Organization for Standardization prepara, para o segundo semestre do próximo ano, o lançamento da ISO 26.000 – um guia de diretrizes que apresentará definições e princípios para a adoção da responsabilidade social nas organizações. A estrutura, a exemplo das irmãs ISO 9.000 (a principal geradora de padrões para a gestão da qualidade) e ISO 14.000 (que disseminou práticas de gestão ambiental), traz a avaliação permanente de processos, a auditoria por terceiros e a ascensão do assunto ao status de política estratégica – embora essa “ISO do futuro”, como vem sendo chamada, seja uma auto-regulação não-certificável, em que a empresa se declara seguidora dos conceitos e a utiliza como parâmetro.

Os relatórios de sustentabilidade são marca desses novos tempos – ganharam impulso na última década e já são elaborados por milhares de empresas. Mas não há um modelo único para produzi-los. A coordenadora da Comissão de Responsabilidade Social Corporativa do IBP, Nara Borges, explica que no país, o modelo mais difundido é do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Ibase. “Shell e Petrobras também reportam de acordo com o Global Reporting Initiative – GRI”.

Esse relatório de sustentabilidade do GRI – único modelo aceito mundialmente – possui 79 indicadores econômicos, sociais e ambientais, que abrangem desde o consumo de recursos naturais e volume de emissões de gases de efeito estufa até a diversidade racial da administração. A grande vantagem é que, padronizado, permite que os relatórios sejam comparados, como acontece com os balanços financeiros e é requisito para as empresas que pleiteiam fazer parte da carteira do Índice Dow Jones de Sustentabilidade.

O que não se espera mais é que alguma empresa se comporte como se o fenômeno estivesse acontecendo.

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