Carla Lisboa
Dutos, navios, ferrovias ou caminhões? Qual é o melhor modal para o transporte de petróleo e derivados? Embora a engenharia seja exata, ela ainda não conseguiu responder essa simples pergunta. Sempre que tentamos fazer essa comparação caímos em três pontos relevantes: a distância, o volume e a disponibilidade de infra-estrutura. E é a partir dessa análise concluímos que o “melhor” não existe, pois todos se complementam.
Para o deslocamento longo e com grandes volumes é recomendado por navios, dutos e ferrovias. E para baixas distâncias com pequenas quantidades o meio de transporte ideal é o caminhão. “O modal rodoviário é o pior de todos. Ele é caro, gasta muita energia e polui mais. É também o meio de transporte arriscado tanto para o meio ambiente como para as pessoas. Na Europa, houve um grave acidente com um caminhão cheio de diesel, que bateu em um túnel e matou em torno de 150 pessoas. Mas, há casos em que esse sistema é indispensável pela falta de infra-estrutura do local”, explica o professor Edmar Luiz Fagundes de Almeida, do Grupo de Energia da UFRJ.
Na avaliação do diretor de Terminais e Oleodutos da Transpetro, Marcelino Guedes, em determinadas situações o sistema rodoviário é o mais barato. “O uso do modal rodoviário é indicado em casos de transporte de baixo volume e pequenas distâncias. No deslocamento do combustível para um posto de gasolina o caminhão é o mais eficiente no ponto de vista econômico”.
Para o acadêmico, o modal mais recomendado é o marítimo, por ser barato e mais seguro. “Ele gasta menos energia, conseqüentemente lança pouco CO2 à atmosfera e comporta o tráfego de grande distância e volume. Mas como esse modal não está disponível em todos os lugares, podemos optar por dutos ou ferrovias. E com certeza o sistema dutoviário é o melhor ambientalmente”.
O executivo da Transpetro explicou que, para o mercado, o modal dutoviário é o ideal e o mais barato para deslocar grandes quantidades em altas distâncias. “A forma mais segura e econômica para se transporte derivados em grandes volumes e distâncias é através de dutos. Agora,
caso não haja a possibilidade de utilizar esse modal, o melhor é o navio. Os dois têm aplicações para cenários diferentes, mas
se complementam. Então, não dá para afirmar qual é o melhor”, esclareceu.
Segundo informações da Transpetro, em 2006, o sistema Petrobras transportou mais de 146 milhões de toneladas métricas de cargas em navios próprios ou terceirizados. As embarcações próprias representaram 41% do total deslocado e as afretadas 59%.
No mesmo ano, o segmento de Terminais e Oleodutos movimentou cerca de 654 milhões de m³ de petróleo, derivados e álcool. E o segmento de gás natural movimentou por dia em torno de 35 milhões de m³.
Mesmo com toda tecnologia e engenharia avançada, os modais não estão isentos de riscos. No mundo, os principais acidentes ocorridos no transporte aconteceram com navios. O maior exemplo foi o Exxon Valdez, que despejou 41 milhões de litros de petróleo em uma área no Alasca/EUA.
No Brasil, os maiores acidentes ocorreram com dutos. Um deles foi o da Baia da Guanabara em janeiro de 2000. Em virtude de um problema originado em uma das tubulações da Reduc foi lançado aproximadamente 1,3 milhão de óleo combustível.
Para o professor Edmar Luiz Fagundes de Almeida, o Brasil possui pouca infra-estrutura no transporte, e por esse motivo está centrado no sistema rodoviário. “Essa deficiência gera impactos na logística de transporte, o que afeta os preços e a economia do País. Entre as alternativas para resolver esse problema estão o incentivo ao desenvolvimento de infra-estrutura mais segura e a realização mais rigorosa no controle do transporte de cargas perigosas”.
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