Edição 297 • 2007

O planeta agradece
O uso racional não é mais somente uma questão econômica para as indústrias. Com o alerta dado pelo IPCC, a produção mais limpa virou questão de sobrevivência – para as empresas e para o planeta Terra
Flávio Bosco

Sabe aquela história de que “é melhor prevenir do que remediar”? Pois a indústria química conhece bem – e já sabe de cor e salteado que resíduo nada mais é do que a matéria-prima que passou pelo processo e não agregou valor como produto, tendo então que ser descartado. E que, por isso, melhor do que pensar nos métodos “end of pipe” – que custam R$ 400 milhões por ano às empresas brasileiras, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos em parceria com a PricewaterhouseCoopers entre as 100 maiores unidades privadas de disposição de resíduos no País – é aprimorar o processo para não gerar resíduos.

Esse conceito de Produção Mais Limpa – P+L foi definido no final dos anos 80 pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial – Unido e o Programa Ambiental das Nações Unidas – UNEP como um conjunto de estratégias tecnológicas, ambientais e econômicas a serem integradas no processo industrial – com o objetivo de reduzir a produção de resíduos e utilização de matéria-prima, aumentar a eficiência energética e diminuir os impactos ambientais em todas as fases da produção e do consumo. O caso mais emblemático na industria química brasileira foi a substituição do óleo combustível e do carvão por gás natural para a geração de energia elétrica e vapor – o que significou a redução na emissão de dióxido de carbono em 13% entre 2001 e 2005.

Desde o alerta dado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC, no início do ano, o combate à poluição e ao aquecimento global virou mais do que uma retórica de marketing em tempos de previsões catastróficas quanto ao futuro do planeta Terra: não assumir uma postura ambientalmente correta significa se deparar com leis mais restritivas, clientes menos tolerantes, impostos mais altos e até portas fechadas em instituições financeiras – principalmente os bancos signatários dos Princípios do Equador.

O próprio mercado financeiro tem trabalhado com indicadores de sustentabilidade – no Brasil, a Bovespa mantém o Índice de Sustentabilidade Empresarial, com 34 empresas que alcançaram uma pontuação mínima em questões como eficiência energética e consumo de água. Mas a questão é ainda maior: o planeta já começa a dar sinais do esgotamento dos recursos naturais. A economia de matérias-primas virou, mais do que ponto de competitividade para qualquer empresa, a reversão para um grave problema.

“O fato de agora existirem discussões mais acaloradas pela questão climática, de certa maneira, coloca para as empresas a questão: ‘o que vocês estão fazendo?’, ou ‘o que vocês vão fazer?’. Trabalhamos com sistemas de gestão integrada. E com isso, temos várias ações que mostram que isso faz parte do dia-a-dia da empresa, e que é uma preocupação inerente a nossa atividade”, conta o diretor regional de Meio Ambiente da Basf, Odilon Ern.

A Basf adotou uma ferramenta de gestão – a ECO-T – para auxiliar na analise de seus processos de uma forma mais detalhada, olhando o impacto ambiental não só em relação ao resíduo gerado e ao custo de tratamento, mas os custos relativos às perdas na capacidade de produção. A Elekeiroz instalou um incinerador catalítico para destruir os compostos orgânicos voláteis gerados na produção de anidrido maleico – e aproveitou essa energia térmica para produção de energia elétrica.

Os principais indicadores de desempenho ambiental da indústria química brasileira são apontados pelo Programa Atuação Responsável. Os dados informados pelas empresas associadas à Abiquim dão uma boa idéia da gestão dos processos. O consumo de água vem sendo reduzido – em 2001 era de 10,65 m3 por tonelada de produto, e, em 2005, chegou a 3,49 m3 por tonelada de produto. No final do processo, o lançamento de efluentes, que era de 4,1 m³ por tonelada produzida em 2001, caiu para 2,75 m³/t em 2005. Outro número importante foi revelado da análise do consumo de energia – que caiu 19,3% entre 2001 e 2005.

A mensagem é clara: a onda ambientalista chegou ao mundo corporativo. Quem está na crista, já identificou oportunidades antes dos concorrentes.

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