Edição 296 • 2007

Mais recursos para o refino
Ehder de Souza/Divulgação Petrobras
CLIQUE NA IMAGEM PARA VÊ-LA AMPLIADA
A cifra de investimentos em refino para o qüinqüênio 2008-2012 devem superar os valores previstos atualmente. A Petrobras vem avaliando a viabilidade econômica de novos projetos – que devem ser anunciados em agosto, na revisão de seu Plano de Negócios. “Vamos ter novos projetos e uma correção de valor dos projetos existentes”, disse Paulo Roberto Costa, citando como exemplo a inclusão da Refinaria de Pernambuco – que inicia as operações em 2010 – no desembolso previsto para o período.

O atual Plano de Negócios 2007-2011 tem reservado US$ 14,2 bilhões para investimentos na área de refino – que se dividem em ampliação, conversão, manutenção e melhoria da qualidade dos combustíveis. Ao final desse período, a companhia quer ter uma capacidade de processamento de 2.117 milhões de barris – no Brasil e no exterior. Isso significará um aumento médio de 3,1% ao ano em relação à atual capacidade – que em 27 de fevereiro deste ano bateu o recorde de processamento, com 1.899 mil barris.

O avanço não é apenas quantitativo, mas principalmente qualitativo: a Petrobras vai aproveitar melhor o petróleo extraído no Brasil para produzir os derivados mais consumidos internamente – e com qualidade para atender as exigências ambientais. Ninguém se arrisca a um prognóstico, mas todos concordam que as margens vão se expandir à medida em que a companhia adquire uma matéria-prima mais barata – de US$ 7 a US$ 10 por barril – e vende um derivado mais caro.

“Á medida em que uma refinaria torna-se mais complexa, o custo do refino aumenta. Em compensação ela processa uma matéria-prima mais barata. Uma refinaria que só tem destilação tem uma margem muito pequena. Já uma refinaria que tenha unidades de destilação, craqueamento e coque, embora tenha custo mais caro, tem uma margem muito maior, porque compra petróleo de menor valor de mercado”, explica o diretor da Petrobras.

A maior parte das refinarias brasileiras foi projetada na década de 1970, quando nem se pensava em auto-suficiência – muito menos no barril a US$ 60 – daí a estrutura voltada para processar óleo leve. Mas hoje, quando os volumes de produção ultrapassaram a demanda, não faria sentido a Petrobras exportar óleo cru e importar derivados – ou até mesmo petróleo leve.

Por isso a companhia vem investindo na conversão de suas refinarias para retirar o máximo de derivados leves e médios do pesado petróleo nacional – adaptando o mix de produção à demanda do mercado. Pequenos revamps nas unidades de destilação e as novas unidades de reforma e coqueamento permitirão aumentar em 250 mil barris/dia a parcela de petróleo nacional no volume processado – de 80% para 90% da carga.

A rota escolhida foi o coqueamento retardado – que possui maior rendimento na faixa de médios, e em algumas plantas pode ser combinado com uma unidade de craqueamento catalítico fluído, dando maior flexibilidade à produção de diesel ou gasolina. Além de ser uma velha conhecida dos engenheiros da Petrobras, a tecnologia de coqueamento é menos sensível à carga – e mais flexível ao tipo de insumo do que os processos catalíticos. “E tem menor custo de capital do que um processo de RFCC ou de HCC severo para lidar com resíduos. Em termos de custo operacional, também tem vantagens: seu custo médio é de US$ 6 a US$ 7 por barril, contra um custo de US$ 8 a US$ 10 de um HCC, por exemplo”, ressalta o professor Alexandre Szklo.

Mas a companhia estuda outras rotas – tanto que avalia a instalação de uma unidade de hidrocraqueamento para a produção de lubrificantes na Reduc e outra na Repar. E prepara uma visita a uma refinaria na Itália para conhecer a tecnologia Slurry – que a Eni pesquisa em escala piloto.

Novas unidades

Esse investimento não será suficiente para livrar o país de um excedente de petróleo bruto – que deve chegar a 300 mil barris em 2011. Para dar um salto substancial, a Petrobras teria duas opções: ampliar a capacidade de refino ou vender o petróleo no mercado internacional. Como optou pela primeira alternativa, terá que construir ou adquirir novas refinarias – já que novos revamps em unidades antigas já não são mais viáveis.

A companhia procura um bom negócio na Europa, Ásia ou EUA – onde já possui 50% da Refinaria de Pasadena, adquirida no ano passado. Trata-se de uma estratégia interessante: capturar ganhos de escala. “Onde já vendemos petróleo bruto, vamos agregar valor e vender derivados”, conta o diretor.

E mesmo que não apareça um bom negócio, a Petrobras construirá mais três unidades. A primeira delas já começa a destilar petróleo em 2010: a Refinaria Abreu e Lima (PE), com capacidade para processar 200 mil barris diários. “Já estamos fazendo as Requisições de Materiais para as compras dos equipamentos críticos. A licitação para a terraplanagem já está em andamento, e devemos receber as licenças por parte do Estado e a doação de parte do terreno até o dia 15 do próximo mês”. O investimento – orçado em US$ 4,5 bilhões – faz parte de um conjunto de projetos de parceria entre a Petrobras e a venezuelana PDVSA.

A segunda refinaria tem perfil petroquímico – o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro vai processar petróleo pesado com o objetivo de gerar matérias-primas petroquímicas. Orçado em US$ 8,5 bilhões, a Petrobras pretende colocar em operação a primeira unidade – unidade petroquímica básica – em operação em 2012.

Outro projeto ainda está em desenvolvimento conceitual: a idéia é ter uma refinaria para processar 500 mil barris por dia, e um perfil voltado para a produção de diesel – mas a companhia quer vê-la em operação em 2014. Paulo Roberto Costa não arrisca um número quando questionado sobre o valor do investimento, mas consta no Plano Nacional de Energia 2030, que uma refinaria desse porte, dispondo de unidades de coqueamento, hidrocraqueamento e craqueamento catalítico, hidrotratamentos e demais facilidades, demandaria um investimento de US$ 9,4 bilhões.

Até mesmo a Refinaria de Pasadena receberá investimento de US$ 370 milhões em conversão. O upgrade, ainda em fase de projeto conceitual, adaptar a refinaria – que tem capacidade de 100 mil barris diários – para processar 70 mil barris de óleo pesado.

Ultra pura

Mas de nada adiantaria todo esse investimento se a Petrobras não reduzir o teor de enxofre do diesel e da gasolina. A construção de unidades de hidrotratamento é pré-requisito para atender à legislação ambiental brasileira – como também a internacional – que, a partir de 2009, somente permitirá a comercialização de gasolina com índice máximo de 50 ppm de enxofre – no caso do diesel, o limite é de 500 ppm.

Nos próximos cinco anos, a Petrobras coloca em operação 17 novas HDTs – oito para limpar a gasolina e nove para o diesel – o que significa um investimento de US$ 4,4 bilhões em tratamento, sendo US$ 2,7 bilhões para a gasolina e US$ 1,7 bilhão para o diesel. “Isso é fundamental para a companhia, importante para o país e importante para o meio ambiente”, conta Paulo Roberto Costa.

Importante para o país porque o excedente de gasolina poderá ser exportado* para os EUA – o principal mercado para a gasolina, que chegou a responder por 90% das exportações da Petrobras, mas que hoje limita o teor de enxofre a 80 ppm.

O excedente de gasolina no mercado interno se dá pela retração na demanda interna país, motivada pelo crescimento da frota de veículos movidos a GNV e bi-combustíveis.

O principal condicionante dos projetos de tratamento é o aumento do processamento de petróleo nacional – que tem maior quantidade de compostos nitrogenados, que dificultam a retirada do enxofre.

Todo novo investimento em refinarias traz ainda uma adequação nos sistemas de controle e nas instalações de offsite e SMS por ele impactadas. Além disso, segundo o planejamento plurianual, são alocados cerca de US$ 200 milhões por ano, para manutenção da infra-estrutura do parque de refino existente.

O programa “Liderança em SMS no Abastecimento”, com duração de 2006 até 2009, contempla ações de excelência em gestão acrescidas de uma previsão de investimentos da ordem de US$ 100 milhões/ano, para adequação em instalações existentes na área de SMS.

*A Petroquímica União tem aproveitado alguns momentos de “mercado externo favorável” para exportar gasolina para os EUA. “Quando temos uma alternativa econômica melhor do que o mercado interno, exportamos alguns lotes para o mercado americano”, comenta o diretor comercial da empresa, Marcelo Bianchi.
Os distribuidores reconhecem a boa qualidade da gasolina produzida pela PQU, mas produzir combustíveis não é o principal negócio para a central – nem para outra petroquímica. “Agrega mais valor, mas longe de ser o melhor negócio para a empresa”.
A quebra do monopólio no setor de petróleo permitiu que as centrais petroquímicas pudessem transformar em produtos as correntes de processo que até então eram obrigadas a devolver à Petrobras. Com isso, o país ganhou mais três “produtores”.
No ano passado a Braskem também aproveitou um momento mais favorável do mercado externo para exportar um lote de 30 mil m³, enquanto comercializou no mercado interno 352 mil m³ de gasolina.
A primeira petroquímica autorizada a comercializar diesel foi a Copesul – que chegou a comercializar 43 mil toneladas em 2005, retraindo para três mil toneladas no ano passado, quando direcionou o processamento de condensado para a Refinaria Ipiranga. O volume de GLP comercializado também foi reduzido – já que o derivado é utilizado internamente. Só as vendas de gasolina têm crescido desde que a empresa iniciou sua comercialização – em 2006 bateram o recorde de 247 mil toneladas.
A produção da PQU é mais modesta: 20 mil m³ gasolina – comercializadas com as cinco maiores distribuidoras do país – e cinco mil toneladas de GLP por ano – vendidos à Ultragaz e Consigaz. Só o diesel não é produzido – para a PQU processar condensado, teria que investir na adaptação de suas unidades ou contratar os serviços de uma refinaria. volta ao texto

CLIQUE NA IMAGEM PARA VÊ-LA AMPLIADA
Principais projetos previstos pela
Petrobras para as refinarias existentes
Refinaria
Unidade
Capacidade Adicionada
(m3/d)
Partida
Reduc
Revamp FCC
1.200
2008
Coqueamento
5.000
2007
HDT (nafta)
2.000
2008
HDS (gasolina)
5.000
2009
HDT (instáveis)
5.000
2011
HCC
5.000
2013
Regap
HDS (gasolina)
4.000
2009
HDT (nafta)
3.000
2009
HDT (diesel)
4.500
2011
Refap
HDS (gasolina)
5.000
2009
HDT (instáveis)
6.000
2010
Rlam
HDS (gasolina)
8.000
2009
HDT (nafta)
2.500
2012
HDT (instáveis)
8.500
2010
Reforma catalítica
2.000
2014
Repar
Revamp da U-2000
5.000
2008
HDT (instáveis)
6.000
2009
Coqueamento
5.000
2009
HDT (nafta)
3.000
2009
HDS (gasolina)
5.000
2009
Revap
Coqueamento
5.000
2009
HDT (instáveis)
6.000
2009
HDT (nafta)
3.000
2009
HDS (gasolina)
7.000
2009
Reforma Catalítica
1.500
2009
Replan
Revamp da U-200
5.000
2008
Coqueamento
5.000
2011
HDT (instáveis)
10.000
2011
HDS (gasolina)
8.000
2009
Reforma catalítica
2.500
2009
RPBC
HDS (gasolina)
5.000
2008
Revamp Reforma Catalítica
550
2008
Coqueamento
2.700
2011
HDT (nafta)
2.200
2008
Recap
HDS (gasolina)
2.000
2010
HDS (diesel)
4.000
2010
Lubnor
Ampliação destilação
1.000
2009
Reman
Reforma catalítica
n.d.
2011
HDT (diesel)
n.d.
2011
Refinadores começam a construção de novas unidades

A má notícia é que o mercado americano volta a se deparar com os altos preços da gasolina. A boa notícia é que o mercado americano já vê surgirem novos projetos de refinarias – apenas projetos, que seguem a passos lentos, devido aos altos custos que cercam a indústria do petróleo.

Nos últimos anos, o refino se tornou um negócio pouco rentável* – e as companhias pisaram no freio, restringindo os investimentos a upgrades. “Por algum tempo as refinarias existentes ficaram com uma sobrecapacidade em relação à capacidade de refino – e nesse período os investimentos foram muito raros. Essa ‘sobra’ já acabou, e isso está levando várias empresas projetarem novas refinarias”, conta Paulo Roberto Costa.

Além do aumento na demanda, algumas unidades já se tornaram obsoletas, outras param a operação para manutenção com mais freqüência. Resultado: as refinarias americanas trabalham com sua menor capacidade ociosa das últimas décadas. Isso tem levado o refino se tornar um negócio lucrativo – e com perspectivas de aumento na capacidade mundial.

A própria Agência Internacional de Energia mostrou preocupação com a baixa capacidade de refino do mercado.

*As empresas privadas preferem direcionar seus investimentos para a exploração e produção de petróleo no Brasil – até 2011 Shell, Chevron e Devon devem investir US$ 8 bilhões. Já no refino, todo o volume de investimentos em refinarias sairá dos cofres da Petrobras – ou quase todo, já que a Repsol YPF detém participação na Refap e a Refinaria Abreu Lima terá participação da PDVSA.
Com o mercado livre, as empresas podem facilmente importar diretamente qualquer derivado – inibindo investimentos em produção local. E as empresas privadas – particularmente Ipiranga e Manguinhos – sempre culparam a política de preços internos de diesel e gasolina, mantidos estáveis pela Petrobras mesmo com a disparada da cotação do petróleo.
“É preciso rever a questão tributária”, sugere o secretário-executivo do IBP, Álvaro Teixeira.
O Plano Nacional de Energia – PNE-2030 indica que o país precisará construir pelo menos mais sete refinarias até 2030, para atender ao crescimento do consumo interno de derivados do petróleo. O Governo não pode obrigar nenhum agente privado a investir para garantir o abastecimento interno – mas como principal acionista de uma empresa do setor, pode orientar seus rumos.
Mas a estratégia dos agentes privados pode ser muito mais ardilosa: aguardar que um organismo de defesa da concorrência obrigue a Petrobras a se desfazer de seus ativos – e então aproveitar uma oportunidade para assumir um ativo, com mercado, e sem o ônus da construção. volta ao texto

CLIQUE NA IMAGEM PARA VÊ-LA AMPLIADA
Nível internacional

Steferson Faria / Petrobras

Desde que descobriu petróleo na Bacia de Campos, a Petrobras direciona a maior parcela de seus investimentos para a área de exploração e produção – tanto que o país chegou à auto-suficiência com um volume que não poderia ser processado no parque de refino existente.

Não poderia porque a maior parte das refinarias brasileiras foram projetadas para processar óleo leve. Mas a Petrobras se deu conta de que não faria sentido exportar óleo cru e importar derivados ou petróleo leve. E desenhou um vigoroso programa de investimentos que vai elevar o refino nacional a um outro patamar. “Se somarmos as capacidades da Refinaria do Nordeste, do Complexo Petroquímico e da Refinaria Premium, estamos com uma capacidade de refino de 850 mil barris por dia, algo extraordinário de aumento de capacidade, que hoje está em torno de 1,9 milhão”, disse o diretor Paulo Roberto Costa, em entrevista à Petro & Química.

Paulo Roberto explica que os pontos principais desse investimento são a qualidade dos combustíveis e o aproveitamento do petróleo nacional. “Dentro desse conceito – do aumento da produção – vamos estar produzindo 3,5 milhões de barris por dia em 2011, e 4,5 milhões de barris por dia em 2015. E o objetivo da companhia é processar o máximo desse petróleo no Brasil”.

A questão do biocombustíveis leva os players do setor a repensarem seus investimentos?
Isso é relativo. Hoje, no mundo, os biocombustíveis participam em torno de 3% da matriz energética. A previsão é de que, em 2020, essa participação suba para 9%. Em termos de quantidade, vai triplicar. Mesmo assim, em termos de volume global, ainda vai ser muito pequena. Obviamente que os refinadores estão observando isso, mas não é isso que vai segurar a necessidade de novas refinarias.

De que forma o biodiesel ou o H-bio podem reduzir as emissões?
Tanto o biodiesel quanto o H-bio, tem percentual de enxofre zero porque têm origem vegetal. Então a perspectiva de redução de emissões é bastante significativa – e de acordo com o percentual que vamos usar. Aqui no Brasil, ainda nesse ano o processo é autorizativo, de 2%, mas a partir de 1º de janeiro de 2008 vai ser obrigatório – e o Governo está avaliando a possibilidade de antecipar de 2013 para 2010 a obrigatoriedade para 5%. A adição de 5% no diesel reduz 5% das emissões.
Mas não é só isso: também estamos com um programa de investimentos extremamente pesado de melhoria da qualidade do diesel. Hoje temos dois tipos de diesel no Brasil: o diesel metropolitano, com 500 ppm de enxofre, e o diesel interior, com 2000 ppm. Em 2010 vamos ter um upgrade da qualidade: o metropolitano vai passar a ter 50 ppm de enxofre, e o interior 500 ppm – no diesel metropolitano uma redução de dez vezes o teor de enxofre, e no diesel interior uma redução de quatro vezes. Com uma redução substancial da quantidade de enxofre no diesel mineral, e 5% de adição de biodiesel, teremos uma redução fabulosa nas emissões.

No mundo, pelo menos há 30 anos não vemos investimentos em refino. Por que isso aconteceu?
Nas décadas de 80 e 90, antes de ocorrer o crescimento de demanda na Índia e na China, as refinarias existentes ficaram com uma sobra de capacidade – e nesse período os investimentos foram muito raros. Também nesse período algumas refinarias ficaram obsoletas. Nos próximos anos, devamos ter um aumento na capacidade mundial – e um refino mais atualizado em termos de tecnologia, e principalmente em termos do petróleo que vai ser processado nessas refinarias.

O diesel é o produto que vai gerar riquezas para a Petrobras?
O diesel é o produto mais consumido no Brasil e no mundo todo – porque em torno de 52% da demanda de derivados de petróleo é para transportes, o que tem um peso grande do diesel e da gasolina.

Qual a projeção da Petrobras, de crescimento da demanda?
Fazemos uma projeção de demanda baseado no crescimento do PIB: considerando o PIB crescendo 4% ao ano, a demanda de derivados cresce, em média, 3%.

O grupo de estudos formado pelos novos donos da Refinaria Ipiranga já definiu o futuro da refinaria?
Só vamos ter o estudo concluído daqui a 45 dias. A refinaria continua processando a nafta e esse grupo vai verificar a possibilidade de outras alternativas que agregue valor na refinaria.

Um dos pontos que você tem citado é a antecipação da operação da Refinaria Abreu Lima. Mas um dos pontos que está atrasado no Plano de Aceleração do Crescimento é a construção de uma nova unidade na Reduc. Enquanto uma construção está atrasada é possível adiantar outra?
São coisas diferentes: o que está sofrendo atraso na Reduc, devido a uma greve do empregados do sindicato das empreiteiras, é a unidade de Coque. Em Pernambuco, estamos falando da entrada da unidade de destilação da refinaria.

Qual a situação atual da Refinaria Abreu Lima?
Devemos estar recebendo licenças por parte do Estado e a doação de 1/3 do terreno possivelmente até o dia 15 do próximo mês. A licitação da terraplanagem já está na rua. Já estamos fazendo as Requisições de Material para as compras dos equipamentos críticos.

E a Refinaria Premium?
Estamos concluindo a fase FEL 1, que é o projeto conceitual. Depois da definição do projeto conceitual, tem as várias fases de FEL 2 e FEL 3 – projeto básico e projeto de detalhamento. Mas isso está dentro do cronograma – vamos colocar essa refinaria em operação em 2014.

Os governos já têm procurado a Petrobras para oferecer incentivos?
Ainda não. E nem está na hora, porque primeiro precisamos avançar esse estudo para depois discutir e ver os locais mais adequados.

E qual a situação do Comperj?
O Comperj já está na fase de FEL 3 – projeto de detalhamento. O comperj é um pouco mais complexo: ainda não começamos as Requisições de Material. Estamos trabalhando nos relatórios de meio ambiente – EIA/Rima. Nossa intenção era concluir esses relatórios na metade do ano, mas as instruções técnicas que recebemos da Feema foram mais complexas, então devemos concluir esses relatórios em setembro ou outubro, e entregamos para a Feema analisar, e devemos ter essas licenças possivelmente em fevereiro do próximo ano. Antes disso vamos fazer as licitações, e começar a terraplanagem no primeiro semestre de 2008.
Em paralelo, estamos qualificando aproximadamente três mil pessoas na área de construção civil – carpinteiros, pedreiros e eletricistas – para a primeira fase – um convenio que assinamos com o Senai e a Firjan.
A Unidade Petroquímica Básica, que é a unidade de refino com o FCC petroquímico, tem previsão de entrada no final de 2012, e as sete ou oito plantas da segunda geração – estamos definindo ainda o número – entram no segundo semestre de 2013.
A Petrobras quer colocar o Comperj como ativo no Complexo do Sudeste?
Estamos trabalhando junto com os principais players, de modo que, como foi feito no Sul com a aquisição da Ipiranga, tenhamos também uma reorganização da parte petroquímica do Sudeste – e obviamente que o Comperj, como uma grande unidade que vai entrar em operação, não pode ficar de fora.

Mas isso é só vontade da Petrobras?
Entra em questão de escala. Ou fazemos o rearranjo societário no Sudeste, ou o Sudeste perde competitividade dentro do país e também para exportação.

O que falta?
Reunir com as empresas e procurar um acordo de fechamento é mais complexo do que o Comperj. A Suzano e a Unipar estão trabalhando entre eles, e a Petrobras está vendo esse conjunto todo e incluindo o Comperj. Imagine o Comperj separado: não tem sentido econômico nem financeiro. Isso tem que ser olhado de forma global.
É possível a Braskem estar presente nessa Petroquímica do Sudeste?
Não discutimos isso ainda. Estamos discutindo ainda como fechamos a parte societária do Sudeste como um todo.

No exterior, além do investimento em Pasadena, existe alguma verba destinada à compra de uma outra unidade?
Não trabalhamos com verba destinada a compra, trabalhamos com oportunidades de negócios. Estamos avaliando a oportunidade de novas refinarias, quer sejam nos EUA, na Europa, quer seja na Ásia. Hoje, já fornecemos petróleo para a Europa e também para a Ásia. O objetivo é refinar e vender nesses países, onde já vendemos petróleo bruto.

Já que a Petrobras acabou de se desfazer de duas refinarias na Bolívia, e dentro dessa estratégia de ser uma empresa integrada na América Latina, é possível ter novos investimentos na região?
Às vezes não tenho o negócio hoje, mas amanhã aparece um negócio novo. Estamos avaliando constantemente a oportunidade de negócios, mas o foco principal é EUA, Europa e Ásia – o que não quer dizer que não podemos ter negócios na América Latina.

Qual é o plano de exportação de derivados?
Hoje, já exportamos gasolina, óleo combustível, e importamos GLP, diesel e nafta – dentro das nossas ampliações, estamos colocando refinarias para otimizar diesel. Quando entrarem essas novas refinarias, a projeção é que vamos ter auto-suficiencia em diesel. Com a implantação do Plangás, ainda vamos ter, por volta de 2010 ou 2011, também a auto-suficiencia em GLP.
Temos dificuldade em fazer o mesmo com a nafta porque a característica do nosso petróleo não é a produção de nafta com grau de parafinicidade necessária para a industria petroquímica.

LEIA MATÉRIA NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO IMPRESSA

Assine já!

Na Edição impressa

Retrospectiva: Brasil Offshore

EPE prevê queda nos preços do petróleo e da nafta
Braskem lança polietileno ‘verde’
BS 25999 especifica Sistema de Gestão da Continuidade do Negócio
Abimaq fecha o cerco às máquinas e equipamentos chineses
Indústria nacional entrega P-52 com 76% de conteúdo nacional
 

Todos os direitos reservados a Valete Editora Técnica Comercial Ltda. Tel.: (11) 6292-1838