A Copesul já começou a traçar as estratégias para sua próxima parada geral de manutenção. Sabe que, caso não seja bem planejada, não será bem executada. 30 dias pode ser pouco para a quantidade de tarefas a serem executadas serão inspeções programadas, revamps e introdução de novas tecnologias. Mas ficar parado um dia a mais pode representar um aumento no lucro cessante. Sabe também que não há mágica para que tudo ocorra como combinado.
Aqui reside o fator humano. “Vamos promover modificações de engenharia e no sistema de controle uma relação grande de trabalhos. E por mais que a companhia organize e planeje, precisa de cada uma das pessoas que vão participar”, disse o diretor da Copesul, Henrique Leopoldo Schulz, no último encontro que teve com fornecedores.
Essa idéia de que o fator humano é o item mais importante para a eficiência da manutenção tem ganhado força entre os engenheiros e executivos das indústrias nacionais. “O fator humano é considerado o item mais importante pois somente através de pessoas qualificadas e motivadas podemos implantar o modelo de gestão na sua plenitude e alcançar metas de qualidade (partida vertical), produtividade e saúde, segurança e meio ambiente”, explica o gerente de Produção de Aromáticos da Braskem, Luis Mario Chavez.
O engenheiro sabe bem do que está falando. Antes de ocupar a Gerência de Aromáticos, Luis Mario liderou a área de Manutenção e confiabilidade da empresa no Polo de Camaçari que possui um complexo de plantas de primeira e segunda geração.
Agora mesmo, as unidades de Paraxileno e Butadieno passam por uma parada com um contingente de 1.000 pessoas terceirizadas circulando pela planta. “Por isso há toda preocupação em qualificar, preparar e motivar as pessoas incluindo um processo de ambientação das pessoas que vão trabalhar nos eventos”, afirma o corrdenador do grupo de paradas da Braskem em Camaçari, Carlos Macedo.
Mas as indústrias precisam parar e não apenas porque a legislação NR-13 determina, mas principalmente por questões de confiabilidade, já que a probabilidade de falha aumenta ao longo da campanha. Só que isso custa dinheiro, e não apenas o investido em manutenção e inspeções de equipamentos, mas também o lucro cessante aquele que a empresa deixa de ganhar sem produzir.
“Na visão estratégica de confiabilidade, temos que pensar nos próximos seis anos. Então o pessoal de engenharia, tecnologia e manutenção sempre vê que essa é a oportunidade de introduzir melhorias tecnológicas para a planta suportar uma campanha de, no mínimo, seis anos”, conta o executivo da Unidade de Manutenção da Copesul, Jader Weber Brun.
A Parada Geral da Copesul, marcada para 31 de março de 2008, deve aumentar o contingente em 3,5 mil pessoas circulando pela planta. E para que tudo corra conforme o planejado, já começou a mobilizar seus fornecedores quanto a importância da gestão de pessoas.
“Às vezes estamos focados na parte técnica, e quem está fazendo acontecer são os anseios e os valores que movem as pessoas a superarem os desafios”, comenta Jader, lembrando da excelente experiência ocorrida na Parada Geral ocorrida há dois anos, quando o número de acidentes com afastamento caiu para três em 2001 foram 25 e a taxa de freqüência de acidentes caiu dez vezes.
Nessa próxima parada a Copesul vai investir US$ 40 milhões sem contar os projetos de atualização tecnológica de meio ambiente e segurança operacional, aumento da confiabilidade e ampliação da capacidade produtiva, que consumirão mais US$ 51 milhões, além da atualização tecnológica do sistema de controle e intertravamento, com mais US$ 17 milhões.
Pessoas fazem a diferença
Já que a manutenção é feita por seres humanos, o sistema informatizado e a sistemática de planejamento podem ser excelentes, mas o segredo para sua eficácia está na sua formação e gestão do fator humano.
A Associação Brasileira de Manutenção Abraman reconhece: muita gente ligada às atividades de manutenção precisa ser melhor qualificada. A saída é firmar parcerias entre as instituições de ensino e as empresas. A Braskem, por exemplo, possui o programa Braskem+ Parceiros, conduzido de forma integrada com as empresas parceiras visando o alinhamento de objetivos e a melhoria do desempenho nos aspectos de saúde, segurança e meio ambiente, qualidade e produtividade. “A empresa possui parceria com o Sesi para melhoria da escolaridade de pessoal terceirizado, e com Senai para qualificação de pessoal, além de metas de escolarização, qualificação e certificação com os parceiros até 2009”, conta Luis Mario.
O engenheiro ressalta que as paradas de manutenção na Braskem são gerenciadas através de três vertentes: modelo de gestão, pessoas e tecnologia. “O modelo de gestão diz respeito à sistemática e o procedimentos utilizados nas diversas fases de uma parada, desde a definição do escopo até a avaliação do evento, após a sua realização”.
Para definição do escopo é utilizada metodologia específica, baseada em análise de risco, de forma a garantir que todos os serviços necessários sejam incluídos e evitar a realização de serviços desnecessários ou que possam ser efetuados com a planta em operação. “A avaliação de risco na definição do escopo proporcionou, em alguns casos, redução de mais de 20% do número de atividades previstas”.
A utilização de padrões técnicos e gerenciais é essencial na Braskem. São 22 procedimentos gerenciais e centenas de procedimentos técnicos. Carlos Macedo destaca que a Braskem vem se preparando para ser uma referência internacional em paradas programadas em 2008. “Estamos evoluindo de forma consistente. Em 2006 atingimos a marca de 2 milhões de H/H trabalhados sem acidentes com afastamento e sem afastamento.
A empresa tem focado na implantação de melhores práticas, inovações tecnológicas e parcerias com empresas nacionais e internacionais. Como recompensa, tem incorporado metodologias para liberação das plantas com menor impacto ambiental, menor prazo e melhor condição de limpeza dos equipamentos. A implantação de novas tecnologias também impacta diretamente na redução dos prazos e custos das paradas em função do aumento da produtividade dos serviços..
A Copesul também colhe os frutos da opção. Um ano e meio após a parada na planta 2, a operação apresenta excelente performance, com recordes de produção de eteno e sem registro de desperessurização. “É o resultado do que planejamos antes e se planejarmos mal o escopo, e não tivemos uma boa estratégia de contratação de recursos, vamos colher um mal resultado”, finaliza Jader.
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