Edição 291 • 2007

Indústria química registra crescimento modesto
Indústria química: a maior parte dos investimentos em expansão refere-se a projetos ainda em estudo, dependentes do comportamento da economia brasileira e da disponibilidade de matérias-primas
O desempenho da indústria química brasileira foi um reflexo da baixa atividade econômica do país em 2006. O setor – que é o segundo maior em contribuição na formação do PIB industrial do país – deverá alcançar um faturamento líquido de R$ 174,3 bilhões – 1,7% maior do que o faturamento registrado no ano anterior. Se contabilizadas em dólar, as vendas do setor, o faturamento estimado em US$ 80 bilhões deverá crescer 11,7%.

Apesar da dimensão do setor, as importações brasileiras de produtos químicos têm crescido em ritmo acelerado. As projeções da Abiquim indicam que o Brasil deverá chegar ao final de 2006 contabilizando US$ 17,1 bilhões em produtos químicos importados – valor 12% maior do que o registrado em 2005. As exportações deverão alcançar US$ 8,7 bilhões este ano, gerando um déficit na balança comercial brasileira de produtos químicos de US$ 8,4 bilhões – para a Abiquim, esse déficit poderia ser menor caso o Brasil oferecesse melhores condições de investimento.

Em documento entregue ao ministro Luiz Fernando Furlan, a Associação Brasileira da Indústria Química cita que há diversos problemas a serem enfrentados – que vão desde as elevadas taxas de juros e a complexa carga tributária até limitações de infra-estrutura.

“Há oportunidades no Brasil – o valor dos investimentos em curso é um número importante, e a quantidade de projetos em andamento anima. Somos também um grande setor exportador, com quase US$ 9 bilhões por ano. Para que essas oportunidades sejam aproveitadas, dependerão a sensação de segurança, o custo de capital e a estrutura tributária, que é anti-investimento”, explica o presidente do Conselho Diretor da Abiquim, Carlos Mariani.

No segmento de produtos químicos de uso industrial, o faturamento vai somar R$ 98 bilhões, 2,9% a mais em relação a 2005. “É ilusório analisarmos a indústria por esse faturamento. Por trás disso está o preço do petróleo, empurrando o faturamento para cima. E as margens estão extremamente baixas, porque não há crescimento e não há possibilidade de transferir esses custos”, argumenta o vice-presidente da Abiquim, José de Freitas Mascarenhas.

Apesar do pequeno crescimento de 3% na produção previsto para este ano, a utilização da capacidade instalada no segmento está próxima do limite: em torno de 87% – em alguns grupos de produtos, como o de petroquímicos básicos e solventes industriais, o uso da capacidade instalada passa dos 93%.

Levantamento realizado pela Abiquim aponta que a indústria química brasileira planeja investir US$ 14,1 bilhões para ampliar a capacidade instalada – valor que sobe para US$ 15,5 bilhões quando contabilizadas também melhorias de processo, manutenção, segurança, meio ambiente e troca de equipamentos.

A maior parte dos investimentos em expansão – aproximadamente US$ 11,6 bilhões – refere-se, no entanto, a projetos ainda em estudo, dependentes do comportamento da economia brasileira e da disponibilidade de matérias-primas. “Crescimento de 2,3% não justifica muitos movimentos de investimento. O Governo precisa resolver a questão fiscal, que hoje é o maior empecilho para o crescimento do Brasil”, ressalta Mascarenhas.

Produtores de resinas apostam em ano melhor

Os números apresentados pelas indústrias produtoras de resinas termoplásticas parecem expressivos: crescimento de 9,85% na demanda interna e de 17% nas exportações. Só que os altos custos das matérias-primas e a valorização cambial têm reduzido a competitividade com produtores de outros países.

“Hoje as resinas que são comercializadas no mundo vêm do Oriente Médio, onde a matéria prima é muito mais barata do que a nossa, que é referenciada na Europa e nos EUA – mercados já não tão competitivos”, argumenta o presidente do Sindicato da Indústria de Resinas Termoplásticas, José Ricardo Roriz Coelho.

A indústria produtora de resinas aposta em um ano de crescimento – nas vendas e na produção – acima de dois dígitos em 2007. “Entramos em 2007 com condições bem melhores do que tínhamos no inicio de 2006”, lembra José Ricardo Roriz.

O aumento no custo das matérias-primas e as alterações nos padrões de crescimento mundial estão impactando a indústria petroquímica no Brasil e no mundo. Os padrões de comércio já não são mais os mesmos: os centros de oferta e demanda de petroquímicos estão se deslocando para o hemisfério oriental. “A América do Norte está perdendo para o Oriente Médio a posição de principal área exportadora. E os centros de demanda estão se deslocando da América do Norte e do Oeste Europeu para a Ásia. Vamos ver uma mudança substancial nos próximos dez anos: a América do Norte reduzindo sua exportação a zero, e o Oriente Médio negociando com a Ásia quase 10 milhões de toneladas somente em polietilenos”, explica o consultor da SRI, George Intille, na última reunião da Associação Petroquímica Latinoamericana.

45% dos novos empreendimentos estão localizados Oriente Médio – onde os insumos são comercializados a menores custos – o que significa que, até 2015, a região irá adicionar 23 milhões de toneladas anuais na capacidade.

O preço do gás na região está muito abaixo dos preços praticados nos EUA: entre US$ 0,70 e US$ 1,70 o milhão de BTU. “Mesmo que os preços não se mantenham nos níveis de hoje, quando olhamos o custo da produção de todas as olefinas – com base no etano ou nafta – existe uma outra vantagem quando comparamos os craqueadores de etano no Oriente Médio com a maioria dos craqueadores de nafta no resto do mundo: o craquer de etano tem um investimento de capital significativamente menor, e obviamente um custo de capital menor”, pontua o consultor.

A expansão de margens via matéria-prima tradicional – nafta ou etano – tenderá a ser mais difícil. O futuro nos reserva novas tecnologias para transformar matérias-primas alternativas.
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