Edição 291 • 2007

Petróleo: ciclo de altos preços e volatilidade
Sem fundamentos que justifiquem uma queda nos preços, o barril do petróleo passará por um ciclo de altos preços e volatilidade. A avaliação – feita pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, durante palestra na Rio Oil & Gas – está fundamentada não apenas nas condições diretamente ligadas à indústria do petróleo, mas também à depreciação do dólar e ao crescimento da economia mundial – características relativamente inéditas ao longo dos diversos ciclos da expansão do petróleo.

Uma prova disso é o descolamento dos preços do barril do nível de estoques de petróleo nos EUA. “Essas duas situações provocam a entrada de novos atores no mercado futuro de petróleo, e uma maior volatilidade decorrente de interesses que não estão diretamente ligados às condições fundamentais da indústria do petróleo”, avalia Gabrielli.

Diretamente atrelados ao mercado de petróleo, agravam a situação o forte crescimento da demanda e as limitações para aumento na oferta, além da maior rigidez na especificação de derivados e do esgotamento da infra-estrutura existente. Não bastasse isso, a oferta incremental mais provável de aparecer no mercado é o de óleo do tipo pesado, com perfil diferente do conjunto de derivados demandados.

O crescimento da demanda terá como base o segmento de transporte – que por falta de um substituto estrutural, tem uma elasticidade menor do que outros setores.

As perspectivas de aumento na produção aponta cada vez mais para áreas não-convencionais. Segundo levantamento feito pela Cambridge Energy Research Associates, entre 2000 e 2015 taxas médias de crescimento são de 11,96% para os petróleos extra-pesados e areias betuminosas e 11,33% para a produção em águas profundas. Os condensados (5,43%) e LGN (4,01%) – petróleos com maior custo de extração – apresentam menores taxas de crescimento. Somado a isso, o custo médio de exploração e desenvolvimento é relativamente maior em relação à década de 90.

“As reservas que já produzem apresentam custo marginal de expansão em torno de US$ 20 por barril adicional. Mas, à medida que vamos para áreas cada vez mais difíceis, os custos se elevam”, ressalta o presidente da Petrobras.

Poucos analistas se arriscam a prever uma banda para os próximos anos – as estimativas variam de um chão em US$ 30 até um teto próximo dos US$ 100. Os contratos futuros de petróleo em Nova York alcançaram o recorde de US$ 78,40 em 14 de julho devido ao conflito entre Israel e a milícia libanesa do Hizbolah – que poderia se estender pela região do Oriente Médio, onde estão localizadas mais de 62% das reservas mundiais.

Há dois anos os contratos futuros têm excedido os preços à vista – o que cria um incentivo para as empresas estocarem mais petróleo, criando um risco de gerar uma enorme bolha especulativa, que pode “estourar” quando os estoques estiverem cheios, com oferta maior do que a demanda.

Segmento fornecedor aquecido por mais duas décadas

Nada disso significa apenas tormentos à economia: o aumento dos investimentos em prospecção aquece toda a cadeia produtiva, e reflete numa perspectiva de futuro crescimento da produção e da capacidade do refino.

Os planos de investimento anunciados pelas companhias petroleiras têm crescido em relação à média apresentada nos últimos cinco anos. A Petrobras é um exemplo disso: em virtude principalmente de novos projetos e de aumento de custos, revisou para US$ 87,1 bilhões seu plano qüinqüenal de investimentos. Gabrielli lembra que as metas da Petrobras são ambiciosas: atingir, em 2011, 3,4 milhões de boe/dia, e 4,5 milhões de boe diários dia em 2015.

Pelos cálculos do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás, o Brasil – que viu a participação do petróleo no Produto Interno Bruto aumentar de 2,8% em 1996 para 8,1% em 2004 – deverá receber US$ 100 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos. A produção de petróleo nos campos nacionais rendeu aos cofres públicos uma arrecadação recorde de R$ 17.758 milhões em 2006.

Segundo um estudo apresentado pelo professor Adilson de Oliveira, do Instituto de Economia da UFRJ, durante o 4º Wokshop do Programa Nacional de Mobilização da Industria do Petróleo e Gás, a indústria do petróleo e gás deverá movimentar de US$ 8,3 bilhões a US$ 13,2 bilhões por ano até 2025 – dependendo do crescimento médio da economia. O estudo leva em conta três cenários de crescimento da economia, com índices de 5%, 3,6% e 2,4% e também considera o preço médio do barril de petróleo entre U$ 40 e US$ 60.

A perspectiva é que haja uma forte expansão da demanda de gás natural – e da estrutura associada – particularmente a partir de 2015, pelo esgotamento do potencial hidrelétrico.

O Departamento de Energia dos EUA prevê que em 2025 a produção de petróleo no Brasil deve se situar em cerca de 4 milhões de barris por dia.

Na área do refino, se a economia crescer pouco, algo como 2,4%, o aumento na capacidade de refino programada pela Petrobras – de chegar em 2011 processando 1.877 mil barris e colocando em operação mais duas refinarias a partir de 2012 – permitiria chegar até 2016 ou 2017 sem maiores problemas. Mas caso o país cresça num nível pouco maior (3,6%), já em 2013 haveria a necessidade de expansão no refino.

Por conta dos investimentos previstos, os fornecedores de equipamentos e serviços para a indústria de petróleo vivem um momento de otimismo. A demanda por equipamentos e serviços continuará aquecida pelos próximos 20 anos.

A perspectiva é que haja uma forte expansão da demanda de gás natural – e da estrutura associada – particularmente a partir de 2015, pelo esgotamento do potencial hidrelétrico. Isso significa uma demanda mínima de 7,5 mil km de dutos até 2015, ou 14 mil km de dutos entre 2016 e 2025. Em exploração e produção, o estudo prevê algo em torno de 10 plataformas de 150 mil barris por dia no Brasil e outras três internacionais para o período 2012 / 2015.
Assine já!

Na Edição impressa
Abegás transfere sede para o RJ
Órgãos reguladores aprovam FPSO no Golfo do México
Engenheiro da Petrobras receberá OTC Distinguished Achievement
Petrobras anuncia comercialidade de 19 campos
Shell declara comercialidade no BS-4
Petrobras cancela licitação da P-57
PGT sai da Incubadora da Coppe 
ANP autoriza a construção de gasoduto Meio Norte
Fusão entre Statoil e Norsk Hydro
Schulz inaugura fábrica de conexões tubulares
P-34 reúne inovações tecnológicas
Senado aprova lei do gás natural
Braskem novamente é selecionada para integrar o ISE
Mercado de tratamento de resíduos industriais cresce 15% no Brasil
Rio terá primeira unidade produtora de biodiesel vegetal em escala industrial
BNDES aprova financiamento para nova fábrica de polipropileno em Paulínia
BNDES financia fábrica de PET da M&G
Gavea Sensors aposta em sensores de temperatura e pressão
Du-o-lap incrementa produção
Copesul estuda aumentos de produção
Ipiranga Petroquímica busca propeno da Refap para ampliar produção
Oxiteno pesquisa matéria-prima vegetal para produção de químicos
PQU quer aprimorar estratégia global
Estado do Rio inaugura mais uma fábrica de transformação
Abiplast homenageia líderes do setor plástico de 2006
Bolívia e Venezuela viram sócias
Petrobras e Ecopetrol anunciam novas parcerias
Petrobras e PDVSA assinam acordos em Brasília
PDVSA estuda projeto na Argentina
PDVSA firma acordo com Eisa e Mauá para construir petroleiros
Aker lança navio da Norskan
Weg Tintas e Univille firmam acordo de cooperação
Inaugurado Pólo industrial náutico de Angra dos Reis
 

Todos os direitos reservados a Valete Editora Técnica Comercial Ltda. Tel.: (11) 6292-1838