| Edição 230 – Setembro de 2001 | 
| Do óleo cru ao produto no posto | 
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| Sinergia, no Aurélio: do grego 
        synergía, ‘cooperação’; substantivo feminino; ato ou esforço coordenado 
        de vários órgãos na realização de uma função; associação simultânea de 
        vários fatores que contribuem para uma ação coordenada; ação simultânea, 
        em comum. Na prática, o maior projeto de transformação organizacional 
        da América Latina.  | |
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| Nessa fase do Projeto, a equipe identificou 
        as oportunidades, quantificou os benefícios, os investimentos e os impactos 
        na organização. Finalizados os estudos, o Projeto Sinergia pôde, então, 
        ser a base para as grandes mudanças propostas no Planejamento Estratégico 
        da companhia e, portanto, ser alçado a projeto prioritário. O Planejamento 
        Estratégico agendava melhorias na avaliação de desempenho empresarial, 
        na integração de subsidiárias e melhor relacionamento com acionistas, 
        investidores e clientes, aspectos que mais de mil sistemas de informação. 
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| O alto nível de comprometimento de todos é 
      visível, por exemplo, no ritmo de trabalho acelerado em pleno “fim de expediente”. 
      A flexibilidade para fazer shiatsu ou participar de grupos de oração deve 
      se irradiar, ainda mais, pela Petrobras quando a grande maioria voltar para 
      seu órgão de origem, depois que o go-live do sistema for feito com êxito. 
      “Apenas uma parte da equipe vai ficar, formando o Centro de Competência 
      - Sinergia, responsável pela manutenção do sistema, upgrades, implantação 
      de novas versões e em novas empresas, etc”. Será uma grande mudança para os órgãos que os receberem de volta e a Companhia terá que investir para mantê-los já que, como profissionais, estarão mais valorizados por tudo o que estão desenvolvendo aqui”, afirma o gerente do Sinergia. De fato, cada um dos profissionais envolvidos neste projeto ganhou uma estrela: não fosse pela própria dificuldade de se implantar um SAP, que seja pelo tempo recorde, 22 meses, para o go-live. Uma façanha quando se sabe que muitas empresas têm levado mais de quatro anos. A equipe do Sinergia – que já envolve cerca de 645 profissionais, entre consultores e empregados do Sistema Petrobras – comprometeu-se não apenas a fazer mais rápido, mas também a fazer de uma vez: os demais players da indústria de petróleo implantaram o SAP em suas unidades, de forma gradual. Mas nem sempre eles se “falam”. Uma outra grande empresa do setor fez quatro implantações bem sucedidas do SAP em períodos diferentes, com consultorias diferentes e versões do SAP diferentes. Hoje, está gastando 60 milhões de dólares para unificar e integrar o sistema. Pouca coisa fica de fora do go-live de 2002. Em fevereiro, a BR Distribuidora estará rodando o sistema, o que já será uma espécie de teste e ajuste para que, em julho, a Petrobras esteja integrada. Vão ser abrangidos 86 bases e terminais, 6 fábricas BR, 14 refinarias, 9 unidades de E&P e 37 mil pessoas — 34 mil da Petrobras e 3 mil da BR. Estão incluídas também as paper companies (Pifco, Brasoil, Catleia, Alliance, BOC e Bear) mais as unidades da Bolívia e da Colômbia. Estas últimas, pioneiras de certa forma: a Colômbia implantou o SAP em 1998 e foi base para a implantação do sistema na Bolívia, em 2000, em tempo recorde (4 meses). A Transpetro e a Gaspetro já utilizam o SAP e poderão ser integradas ao projeto a partir de 2003, junto com as unidades do exterior (inclusive a Petrobras América), e a Petroquisa. Outra façanha foi o comprometimento da direção em não demitir empregados em virtude da implantação do sistema integrado, o que ocorreu em várias empresas em todo o mundo. Até porque, antes mesmo da implantação do sistema a queda do número de funcionários da Petrobras, nos últimos anos, foi brutal: dos 60 mil empregados (no final da década de 80) restam apenas 34 mil. Mas para ficar, 10 mil serão treinados no sistema e outros 5 mil serão qualificados para desempenhar atividades de melhor nível, ou seja, adquirirão novas competências. Uma possibilidade será a ocupação por esses empregados de alguns postos terceirizados. As coisas parecem estar correndo a contento e o relacionamento com os sindicatos é feito com total transparência. O Projeto Sinergia está implantando um modelo comum de processos para que todos façam as coisas da mesma forma, com um banco de dados e procedimentos unificados. A implantação do sistema é, também, primordial para as atividades de e-Procurement na empresa, através da implantação do módulo EBP – Enterprise Buyers Professionals que trabalha em cima do módulo de Materiais e Serviços (MM). O Projeto Sinergia não esqueceu, também, a questão da segurança, sempre presente em sistemas de informação. No sistema integrado, o número de alternativas de delegação de competência será drasticamente reduzido e com a garantia de rastreabilidade, uma das principais funcionalidades do sistema. A equipe do Projeto Sinergia está imbuída do objetivo de garantir que o novo sistema R/3 que será utilizado pelo Sistema Petrobras não apresente problemas quando da sua disponibilização para os usuários. Nesse sentido, será um exaustivo conjunto de testes individuais (“testes unitários”) de cada parte do sistema, além de testes onde todas as partes do sistema são testadas simultaneamente por vários usuários em paralelo (“testes integrados”). Adicionalmente, como uma forma extrema de garantia que nenhum problema acontecerá na operação do Sistema Petrobras no dia da entrada no novo sistema, estão sendo desenvolvidos procedimentos temporários de contingência que permitirão que a BR e a Petrobras continuem operando normalmente, mesmo na eventualidade da ocorrência dos problemas mais improváveis. A implantação do Projeto Sinergia deve gerar, até 2007, benefícios da ordem de 700 milhões de dólares, em primeira análise, com investimento total de 164 milhões. Mas Jorge Mattos acredita que, mais que na redução de custos, a Petrobras vai ganhar no aumento de receita que virá pela agilidade nas decisões baseadas em informações confiáveis e vai melhorar seu relacionamento institucional. “Para falar em linguagem de investidores, o pay back é inferior a 4 anos e a taxa de retorno superior a 50%a.a”. “Este é um projeto de todos, não pertence a um grupo, departamento ou pessoa em especial. E continuar assim é a melhor forma de fazer com que continue a dar certo”, comentou Jorge Mattos. |